26/12/2016
Coordenadores dos 28 Centros de Referências Estaduais de Bancos de Leite Humano (BLH) estiveram reunidos no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de dezembro. Além de planejar as ações do próximo ano e discutir iniciativas estratégicas para a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-Br), tais como o programa de certificação, os indicadores do ano e a nova ferramenta disponível para webconferência, o encontro evidenciou o protagonismo da Rede na articulação de ações envolvendo três unidades da Fiocruz: Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) e Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).
“Este é o momento em que nos debruçamos sobre os resultados de 2016 e revisitamos o planejamento plurianual. Este ano, em especial, também temos a oportunidade de reafirmar o quanto a Fiocruz, sede da Rede, vem trabalhando na perspectiva de unir esforços. O trabalho assistencial que começou na década de 80 com o desenvolvimento de tecnologia moderada no IFF vem ganhando o reforço importante do Icict, no que diz respeito à comunicação e à organização do sistema de informação. Mais recentemente, o INCQS também se incorporou à nossa causa, garantindo o controle externo da qualidade através dos ensaios de proficiência”, pontuou o coordenador da rBLH, João Aprígio de Almeida.
A solenidade de encerramento da reunião anual das referências foi marcada pela entrega de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentais tanto na busca contínua pela qualidade, quanto na utilização da tecnologia para informar, encurtar distâncias e ajustar processos internos. Além dos representantes dos centros de referências, a cerimônia contou com a presença dos diretores das unidades IFF, Icict e INCQS, Carlos Maciel, Umberto Trigueiros e Eduardo Leal, respectivamente, do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação, Valcler Rangel, do coordenador da Rede Universitária de Telemedicina (Rute), Luiz Ary Messina, do diretor do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Manoel Moreira, e das representantes da Secretaria Municipal de Saúde e da Comissão Nacional de BLHs, Abilene Gouvêa e Mirian Santos.
Representando a Presidência da Fiocruz, Valcer Rangel destacou a importância desta parceria entre as unidades. “O resultado deste trabalho reflete a posição estratégica que a Fiocruz, enquanto instituição de Estado, ocupa hoje. Em nome da Presidência, eu parabenizo a rBLH pelo protagonismo desta iniciativa. Essa atuação só é possível graças a dedicação e o profissionalismo de cada membro desta Rede. Todos vocês são Fiocruz“, destacou o vice-presidente da Fundação.
No campo da inovação, os jovens Carlos Eduardo Farias, Lucas Gomes, João Ricardo Lages e Matheus de Barros, do Colégio Estadual José Leite Lopes, que venceram o Hackathon - primeira edição da maratona tecnológica promovida pelo Icict/Fiocruz – na temática BLH tiveram a oportunidade de apresentar o aplicativo Leite sobre Rodas. Desenvolvido com o objetivo de otimizar as rotas de transportes dos frascos de leite doados, o aplicativo pretende minimizar riscos e facilitar a comunicação entre o BLH e as doadoras.
Ainda no que diz respeito a utilização da tecnologia como ferramenta estratégica, a coordenadora do Laboratório de Telessaúde do IFF/Fiocruz, Angélica Baptista, e o coordenador da Rute, Luiz Ary Messina, compartilharam a premiada pesquisa de mestrado intitulada Análise da Colaboração nos SIGs da Rute, de Thiago Lima. O estudo concluiu que, dos 45 grupos de interesse especial (SIGs) existentes, o da rBLH foi apontado como o que mais contribuiu em comunicação, cooperação e coordenação. Messina aproveitou a oportunidade para destacar também a implantação da nova plataforma Mconf, para aprimoramento das atividades da Telessaúde. A ferramenta, desenvolvida em software livre e código aberto, já havia sido apresentada para as referências durante uma oficina de treinamento. Entre as principais vantagens do sistema destacam-se o acesso gratuito e a possibilidade de utilização em outros dispositivos eletrônicos móveis.
Fechando o pacote dos produtos tecnológicos, a pesquisadora do Laboratório de Telessaúde da rBLH, Roberta Raupp promoveu o lançamento oficial do novo Portal da Rede. Desenvolvido em três idiomas (português, inglês e espanhol) pelas equipes do Icict e IFF, o site foi pensado a partir da necessidade de tornar a ferramenta mais dinâmica e funcional, acompanhando, assim, a evolução da Rede. Além de integrar os demais sistemas de informação já existentes, o novo Portal permite a navegação por perfis específicos, disponibiliza um campo para busca otimizado e facilita o acesso a links de interesse. Nesta versão, todos os BLHs, assim como os Postos de Coleta, terão sua própria página para divulgação.
No âmbito da busca pela excelência dos serviços prestados, foram entregues aos centros de referência os certificados dos ensaios de proficiência. Nesta edição, aproximadamente 90% dos BLHs receberam o selo de proficiência. Fruto de uma parceria assinada em 2014 com o INCQS/Fiocruz, a iniciativa representa um importante método de controle externo da qualidade do leite humano, do ponto de vista físico-químico e microbiológico. Duas rodadas de avaliação já estão previstas para o próximo ano.
Indicador global da Fiocruz, o credenciamento da Rede completou a gama de produtos entregues durante o encontro. O coordenador do Núcleo de Informação e Gestão da rBLH-Br, Paulo Ricardo Maia, destacou a evolução da iniciativa ao longo dos últimos anos. Dos BLHs em funcionamento no país, 198 participaram do processo de credenciamento em 2016. 93% deles atingiram padrão ouro, considerado o maior grau de conformidade que uma unidade pode alcançar na operação do Sistema de Informação da rBLH-Br. Além dos certificados, as referências receberam o relatório completo, com as informações que poderão auxiliar o processo de tomada de decisão gerencial de cada BLH.
Convidada a encerrar a cerimônia, a decana da rBLH-Br, Anália Heck, emocionou os presentes: “Nesses momentos difíceis em que vivemos, nós precisamos lembrar sempre que foi a Fiocruz que possibilitou que os nossos bebês prematuros, que na década de 80 morriam, hoje tenham cerca de 90% de chance de sobreviver. Isso foi possível, em especial, porque nós temos batalhado para disponibilizar e respeitar o direto constitucional da garantia do melhor alimento. É o que nós temos feito com dedicação nesta Rede. Pensem na grande quantidade de crianças beneficiadas. Algumas localidades já são autossuficientes. Em Ribeirão Preto, assim como em Brasília, por exemplo, nenhum pedido de leite humano é recusado. Não precisamos avaliar qual bebê precisa mais, todos que precisam, recebem o leite humano. Desejamos que esta seja a realidade de todos! O trabalho da Rede precisa continuar, pois essas crianças não têm voz. Nós, junto com outras pessoas, damos voz a elas. A Rede ouve as mulheres; a Rede apoia essas mulheres, a Rede faz com que elas acreditem que são capazes. Este é o trabalho que nós temos feito, trabalho do qual eu muito me orgulho e que foi ancorado pela Fiocruz”.