14/02/2023
Entre as plenárias da 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic 2023), a sessão especial Desafios na construção de sistemas de monitoramento e vigilância em saúde reuniu especialistas em gestão estratégica de dados e informações sanitárias. O objetivo foi a troca de experiências em busca de sistemas mais eficazes de vigilância sanitária.
Mesa reuniu especialistas em gestão estratégica de dados e informações sanitárias (foto: Cristina Azevedo / Fiocruz)
Moderada por Manoel Barral, pesquisador sênior do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidcas/Fiocruz Bahia), a mesa foi composta por Oliver Morgan, diretor do Departamento de Informação de Emergência em Saúde e Avaliação de Risco da Organização Mundial da Saúde (OMS); Ana Bento, diretora científica do Pandemic Prevention Institute da Rockefeller Foundation; Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS); Juliette Morgan, diretora do Escritório Nacional da América do Sul do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos; e John Haynes, gerente de programas da Nasa para Aplicações em Saúde e Qualidade do Ar.
Barral destacou que a estrutura, escala e expertise em tratamento de dados desenvolvida no Brasil pelo Cidacs/Fiocruz Bahia já é hoje uma referência de nível global. “O que temos discutido mais intensamente aqui é o nível de cooperação e de troca de conhecimento entre instituições de referência. De um modo geral, os desafios se assemelham no que se refere ao tratamento dos dados, mas países continentais como o Brasil produzem volumes extraordinariamente ricos. O que se discute no âmbito do Cidacs, e aqui mesmo nesse painel do G-Stic, é o desafio de aprimorar técnicas de linkage de dados, que são mais complexos quanto maior a escala dos dados tratados. Mas é muito positivo que as instituições estejam demandando cada vez mais, em especial com dados de saúde e clima. Por isso o nosso painel é tão valioso”, explica o pesquisador.
Mais do que evidenciar a emergente necessidade de aprimorar os sistemas atuais, em especial depois da pandemia de Covid-19, o painel também expôs as similaridades no mundo todo, onde a maioria dos sistemas de vigilância opera apenas local ou nacionalmente. "No Brasil, os dados de Atenção Primária, assim como os de clima e tempo, e das unidades de pronto-atendimento e urgências ainda não são usados em sua plenitude em função da dificuldade de integração das bases de informação. A integração dessas bases poderá agregar importante potencial para responder melhor aos anseios da sociedade e à tomada de decisão do gestor público", sinaliza Ethel Maciel, do MS.
"A integração de bases poderá agregar importante potencial para responder melhor aos anseios da sociedade e à tomada de decisão do gestor público", sinaliza Ethel Maciel, do Ministério da Saúde (foto: Cristina Azevedo / Fiocruz)
Representante da OMS, Oliver Morgan acredita que sistemas de vigilância mais integrados e multidisciplinares, com maior compartilhamento entre países e redes globais de inteligência, serão cada vez mais necessários para que a humanidade tenha melhores condições de responder a novos surtos. "Temos nos empenhado em organizar comunidades que possam trocar experiências práticas com o objetivo de estimular a colaboração pois a colaboração é a chave para aumentar a especialização e o conhecimento. Esse é o primeiro passo para que possamos desenvolver parcerias, compreender os desafios de cada unidade, formar multiplicadores e definir uma agenda comum", afirma Morgan.
Representante da OMS, Oliver Morgan acredita que sistemas de vigilância mais integrados e multidisciplinares serão cada vez mais necessários para que a humanidade tenha melhores condições de responder a novos surtos (foto: Cristina Azevedo / Fiocruz)
Diretora no CDC dos Estados Unidos, Juliette Morgan também encontra similaridades nos esforços empenhados por todos os painelistas no intuito de aperfeiçoar processos. ,"No CDC também estamos focados em maximizar o uso de insights de dados para tomar melhores decisões, a fim de detectar novas doenças, sua reincidência e monitoramento. Temos em comum o desafio de aperfeiçoar a interlocução entre as diferentes instâncias de governança visando aprimorar processos", reconhece.
Os participantes foram unânimes em reconhecer que o aperfeiçoamento dos sistemas de vigilância passa por estabelecer orientação técnica cada vez mais eficiente, treinamento contínuo entre os países, assim como padronizar e interpretar a coleta de dados de diferentes fontes.