Site da Rede Genômica implementa recurso de acessibilidade

Publicado em - Atualizado em
Bruno Moares (Rede Genômica Fiocruz)
Compartilhar:
X

A Rede Genômica Fiocruz anunciou a implementação de um recurso de acessibilidade, o chamado texto alternativo, que torna o material de divulgação científica produzido para o seu site mais acessível a pessoas com deficiência visual. Esta ação visa melhorar a acessibilidade e a inclusão de pessoas com baixa visão ou cegueira. Os textos explicativos do site da Rede costumam vir acompanhados de imagens esquemáticas e infográficos, que ilustram processos como a entrada do vírus nas células, o efeito de mutações na possibilidade de reinfecção e alguns dos métodos de laboratório utilizados pelos grupos de pesquisa para estudar o genoma do Sars-CoV-2. 

O problema de acessibilidade que estas informações trazem é que, ao contrário do conteúdo em texto, estes esquemas em formato de imagem não são compatíveis com os chamados “leitores de tela”, aplicativos utilizados para auxiliar pessoas com deficiência visual a navegar em computadores. Mesmo leitores de tela que conseguem interpretar texto embutido em imagens não têm a capacidade de interpretar e descrever os elementos pictográficos destes esquemas, o que resulta em exclusão, uma vez que esta informação não estaria disponível a quem usa leitores de tela. 

Para contornar este problema e permitir o acesso, a Rede Genômica utilizou-se do recurso de texto alternativo, que vem sendo popularizado em postagens de redes sociais. O texto alternativo consiste em uma descrição em texto que não aparece na página para pessoas que enxergam, mas que é reconhecido por leitores de tela e lido na íntegra. O Ministério da Educação tem uma portaria com instruções para elaboração de descrições acessíveis que discorre sobre quais elementos devem ser descritos e como melhor representá-los na forma de texto, de maneira a permitir uma compreensão extensiva dos elementos pictográficos e escritos de uma determinada imagem. 

“A Fiocruz tem um compromisso de servir a toda a sociedade brasileira, e isto não se resume aos resultados de pesquisas e políticas de saúde pública”, comenta o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz (VPPCB), Rodrigo de Oliveira-Corrêa. “A comunicação e a educação são partes integrais da atividade da Fiocruz e, para serem efetivas, devem ser acessíveis a toda a população”, complementa Corrêa, que coordena a Vice-Presidência à qual a Rede Genômica está vinculada.

Acima, um dos infográficos do site. O texto alternativo, normalmente acrescentado como um elemento invisível, está descrito abaixo:

“Infográfico representando os passos iniciais da infecção de uma célula humana pelo novo coronavírus Sars-CoV-2. O infográfico tem um fundo branco acima, e apresenta os seguintes elementos: na parte superior, temos uma partícula do novo coronavírus, representado como um círculo em tom azul claro representando o capsídeo, que engloba uma molécula de RNA representada na cor grafite sobre fundo branco. Em torno do vírus, ancoradas no capsídeo estão doze representações da proteína Spike, também chamada de proteína S, importante para a invasão das células hospedeiras. No esquema, a proteína Spike consiste em um círculo no topo de uma haste fina, parecida com um alfinete de cabeça, na cor roxa. O vírus aparece no esquema mais quatro vezes, em uma representação das etapas da infecção, conforme explicado a seguir. Abaixo da partícula viral, temos uma linha curva de tom azul claro, que simboliza a membrana plasmática de uma célula humana. Abaixo desta linha, uma porção em tom mais claro de azul simboliza o interior da célula, e preenche toda a porção inferior do gráfico. Ancoradas na membrana da célula, temos sete cópias do receptor hACE2, no qual a Spike se conecta. O hACE2 está representado como uma forquilha em tom verde-azulado, de bifurcação arredondada de forma a permitir o encaixe dos círculos da proteína Spike do capsídeo viral. O Sars-CoV-2 está identificado por seu nome na cor preta, enquanto o hACE2 e a Glicoproteína Spike (S) têm uma das cópias destacada por um quadro em linha pontilhada e o respectivo nome escrito, ambos no tom de cor correspondente à molécula em questão. A terceira representação do Sars-CoV-2 na imagem encontra-se ancorada à penúltima molécula da hACE2 do esquema, representando a ligação entre o vírus e seu receptor. Em seguida a esta ligação, ocorre a internalização do vírus pela célula, junto à molécula de hACE2 que se ligou à partícula viral. Isto está representado pela formação de uma reentrância na porção da membrana em torno da última molécula de hACE2 do esquema, que encontra-se mais para dentro da célula do que as demais. Próxima a esta molécula mais internalizada, temos uma seta no mesmo tom de azul da membrana da célula apontando para um vacúolo à esquerda, dentro do qual encontra-se o vírus. O vacúolo, por se tratar de uma bolha de membrana, tem bordas no tom de azul da membrana, e seu interior no mesmo tom de branco do fundo do esquema, de forma a representar o fato de que ele não é composto de material celular. Sob a seta, estão dispostas as palavras ‘Entrada na célula humana’ e, entre parênteses ‘formação de vacúolo’. À esquerda do vacúolo, temos outra seta no mesmo tom de azul, acompanhada pelos dizeres ‘Fusão do vacúolo e liberação do RNA viral’ e, entre parênteses ‘início da infecção’. A seta aponta para a molécula de RNA do Sars-Cov2, solta no citoplasma da célula, já com o vacúolo desfeito”. 

A implementação de descrições acessíveis é um primeiro passo da Rede Genômica Fiocruz para atingir o objetivo fixado por diretrizes da Fiocruz, que publicou em 2019 um documento instituindo a política institucional de acessibilidade e inclusão. Com isto, a Rede trabalha para a construção de um conteúdo com menos barreiras de acesso para a população, uma vez que a promoção de acessibilidade e inclusão são compromissos universais para a construção de uma sociedade mais igualitária. 

Fruto da colaboração de grupos de pesquisa de dez unidades da Fiocruz, trabalhando em parceria entre si e com laboratórios centrais de vigilância e grupos de pesquisa de outras instituições, a Rede Genômica Fiocruz foi criada em resposta à pandemia do novo coronavírus. Por meio da elaboração de relatórios e informes, a Rede tem dado respostas rápidas à sociedade e a tomadores de decisão sobre a circulação do vírus e o surgimento e dinâmica epidemiológica de suas variantes, além de pesquisas a respeito dos efeitos de mutações acumuladas por algumas destas variantes no processo de infecção, reinfecção e escape parcial da resposta imunológica induzida por vacinas.