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30/10/2023

Sorbonne e Fiocruz discutem perspectivas de colaboração

Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)


Durante uma semana, o francês foi a segunda língua mais falada na Fiocruz. Uma delegação da Universidade de Sorbonne visitou a Fundação de 23 a 27 deste mês para discutir perspectivas de colaboração. Além das reuniões entre dirigentes, um seminário de cinco dias promoveu sessões científicas, que aproximaram pesquisadores de ambos os lados. Cobrindo assuntos que foram de doenças neuromusculares à imunoterapia com células CAR-T, elas resultaram num ponto de partida para a construção de um plano de cooperação em torno de quatro temas principais: doenças raras, água residual, popularização da ciência e saúde digital.

Delegação se reuniu na Residência Oficial da Fioruz com as vice-presidentes de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Machado, e de Pesquisa e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Oliveira (foto: Peter Ilicciev)

 

Liderada pelo vice-presidente de Relações Internacionais, Parcerias Territoriais e Socioeconômicas, Guillaume Fiquet, a delegação de seis pessoas chegou acompanhada pelo adido para Ciência e Tecnologia da Embaixada da França no Brasil, Nacer Boubenna. Após visitarem o Castelo Mourisco, eles se reuniram na Residência Oficial com as vice-presidentes de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado, e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), Maria de Lourdes Oliveira, além do assessor especial da Presidência para a Cooperação com Instituições Francesas, Wilson Savino, entre outros participantes.

“Esta é uma oportunidade para que nossos pesquisadores de diferentes unidades se encontrem e conversem para que nossa conexão seja ainda mais forte nos próximos anos”, disse Cristiani Machado. Ao seu lado, Maria de Lourdes Oliveira destacou a importância da cooperação entre as duas instituições, “não só no campo da educação, mas também da pesquisa”. “É uma oportunidade preciosa de troca de experiências”, acrescentou, ressaltando a necessidade de unir conhecimento para enfrentar os desafios em saúde. 

Fiquet, por sua vez, considerou “este um momento chave para a parceria”. Ele destacou os interesses em saúde e meio ambiente. “Temos a responsabilidade de fazer algo, temos que conectar as pessoas, e estou muito entusiasmado.” “Não somos uma concha. Temos tudo para sermos bem-sucedidos nesta parceria”, acrescentou Christopher Cripps, conselheiro da presidência da Sorbonne para Engajamento Global e Relações Diplomáticas. Boubenna, por sua vez, destacou que a Fiocruz está entre as prioridades de colaboração e que a embaixada francesa deseja ajudar a aumentá-la. 

Liderada pelo vice-presidente de Relações Internacionais, Parcerias Territoriais e Socioeconômicas, Guillaume Fiquet, a delegação de seis pessoas chegou acompanhada pelo adido para Ciência e Tecnologia da Embaixada da França no Brasil, Nacer Boubenna (foto: Peter Ilicciev)

 

Mesas científicas

Se o encontro na Residência Oficial foi em inglês, o seminário foi em português e francês, com tradução simultânea, para que cada um pudesse se expressar mais à vontade. O primeiro dia foi transmitido a partir do Auditório Maria Deane, do Instituto Oswaldo Cruz, e teve como tema Universidade de Sorbonne: Perspectivas de Cooperação com a Fiocruz.
Coube a Fiquet apresentar como a Sorbonne funciona e suas parcerias com instituições de ensino e pesquisa no exterior. Fundada em 1257, a Sorbonne é considerada uma das melhores universidades do mundo e tem mais de 52 mil estudantes, em 53 cursos de bacharelado e 33 de mestrado. Já Cristiani explicou os vários papéis que a Fiocruz desempenha, incluindo as semelhanças com as universidades e os programas de mobilidade de estudantes, como o Capes-Print, que fazem da França o quarto destino dos pesquisadores da Fundação. Outra possibilidade bastante enfatizada pela delegação da Sorbonne seria utilizar o programa Capes/Cofecube (Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil) para elaborar propostas envolvendo a Fiocruz e a universidade francesa. 

Cotutela

Na terça, quarta, quinta e sexta de manhã, as discussões nas sessões científicas foram mais específicas, com cada lado mostrando os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos nas áreas de doenças infecciosas, águas residuais; doenças raras; doenças neuromusculares; possibilidades de financiamento; saúde digital, modelagem molecular e machine learning; PhD e projetos de inovação; e saúde pública e saúde global. Vincent Marechal, diretor do Observatório Epidemiológico sobre Águas Residuais (Obepine), por exemplo, pôde finalmente conhecer pessoalmente o pesquisador Sérgio Luz, da Fiocruz Amazônia, e discutir interesses comuns. 

A popularização da ciência foi um assunto que atraiu bastante a atenção da Sorbonne, assim como o combate às fake news e saúde digital, campos que avançaram muito durante a pandemia. Da reunião de trabalho que fechou a semana de conversas ficaram as propostas de que um grupo de cada instituição atue conjuntamente para avançar na construção de um plano de cooperação, inicialmente envolvendo doenças raras, águas residuais, popularização da ciência e saúde digital. Com o tempo, outros temas deverão ser incorporados. Uma proposta de pós-graduação em cotutela deverá ganhar forma até o final do ano.

“Essa semana representou uma primeira etapa e agora precisamos nos preparar para a próxima”, disse Savino.

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