15/05/2018
O diagnóstico precoce da leptospirose é fundamental para início oportuno do tratamento dos pacientes, bem como para guiar a implementação de ações de prevenção e controle capazes de mitigar surtos e epidemias. Nesse contexto, uma equipe liderada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Guilherme Ribeiro, avaliou a acurácia de diferentes exames diagnósticos da leptospirose, incluindo o teste rápido DPP (Dual Path Plataform, Plataforma de Caminho Duplo), que é capaz de dar resultado em apenas 20 minutos, desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e produzido conjuntamente pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e a Chembio Diagnostics (EUA). Os resultados do estudo foram publicados na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases, no artigo Prospective evaluation of accuracy and clinical utility of the Dual Path Platform (DPP) assay for the point-of-care diagnosis of leptospirosis in hospitalized patients.
Composto por pesquisadores da Fiocruz Bahia, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Escola Médica de Harvard (EUA) e da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale (EUA), o grupo examinou pacientes internados no Hospital Couto Maia, centro de referência em doenças infecciosas em Salvador, que atende cerca de 90% dos casos de leptospirose na capital e região metropolitana.
O estudo incluiu 98 participantes com manifestações clínicas compatíveis com a leptospirose, como febre de início agudo, falha renal, icterícia, hepatite aguda, hemorragia espontânea e síndrome da diarreia ou constipação associada a febre e dor abdominal. Além destes, alguns pacientes apresentaram meningite asséptica, síndrome que pode eventualmente ser causada pela Leptospira, a bactéria causadora da leptospirose e que é transmitida pela urina de animais infectados, principalmente ratos de esgoto.
Os pacientes incluídos na pesquisa tiveram o diagnóstico definitivo de leptospirose confirmado ou afastado por meio de testes de referência (hemocultura para isolamento da bactéria no sangue dos participantes e microaglutinação, um teste sorológico em que se evidencia a presença de anticorpos aglutinantes no soro de pessoas infectadas pela bactéria). Além disso, os participantes foram testados pelo DPP e pelo método de detecção de anticorpos IgM contra leptospirose por meio do Elisa. Os resultados obtidos nesses testes foram comparados àqueles obtidos com os testes de referência a fim de determinar o desempenho de cada um desses testes avaliados.
O estudo concluiu que o teste DPP apresentou um desempenho em diagnosticar corretamente casos de leptospirose equivalente àquele observado no Elisa-IgM, com a vantagem de ser uma opção portátil, mais simples e rápida que o Elisa-IgM. Também, o teste DPP foi capaz de identificar corretamente 4 dos 5 pacientes que tinham meningite asséptica definitivamente causada por leptospirose. Os achados são importantes, pois expandem as opções para o diagnóstico rápido da leptospirose.