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14/03/2016

Vice-presidente da Fiocruz celebra um ano do Portal de Periódicos

Fórum dos Editores Científicos da Fiocruz


Celebrando um ano do Portal de Periódicos Fiocruz, a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, faz uma avaliação da iniciativa, a partir de questões formuladas pelos editores científicos. Um debate que vai da diversidade das publicações editadas na instituição, passando pela criação do portal e seus resultados, aos desafios atuais da difusão num cenário cada vez mais dinâmico para a Ciência.

Fórum dos Editores Científicos: Que valor a publicação de diferentes revistas científicas agrega à Fiocruz?

Nísia Trindade Lima: A Fiocruz tem uma tradição na divulgação científica: temos sete importantes revistas científicas sobre temas estratégicos em saúde. Essa diversidade retrata as diferentes áreas do conhecimento e atuação a que se dedica a instituição. Nós dialogamos ao mesmo tempo com o Sistema Único de Saúde e com o Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do país, debatendo e aprofundando temas importantes para a sociedade. O papel de destaque da Fiocruz é reconhecido tanto na produção quanto na divulgação da Ciência. Essa pluralidade das revistas fortalece esse papel da instituição, que vai da pesquisa à comunicação científica no campo da saúde.

Fórum dos Editores Científicos: O que motivou a criação do Portal de Periódicos Fiocruz e qual a expectativa da instituição com esta iniciativa?

Nísia Trindade Lima: No processo de produção e divulgação científica, temos nos deparado com um cenário desafiador, como avaliação de periódicos, internacionalização da produção, acesso aberto, plágio, entre outros. Diante deste contexto, a Fiocruz entendeu que seria importante a criação de um Fórum de Editores Científicos em 2014, com o objetivo de pronover uma maior integração das revistas e de suas iniciativas. O Fórum que constituímos se reúne sistematicamente, e propôs o desenvolvimento do Portal de Periódicos, para ampliar a visibilidade das revistas científicas e o acesso ao conhecimento produzido, estimulando a interlocução e o compartilhamento de experiências entre os editores.

Fórum dos Editores Científicos: Ao integrar as revistas num mesmo ambiente, em que medida o portal tem contribuído para a articulação entre os editores e a formulação de estratégias conjuntas para apoiar a publicação científica na Fiocruz?

Nísia Trindade Lima: É justamente este ponto a que me referia. O Portal de Periódicos tem trazido uma enorme contribuição nesse processo coletivo. Para se ter uma ideia, o corpo editorial de cada revista define a escolha dos artigos. Mas, com a criação do Fórum e do portal, passamos a discutir pautas de uma forma coletiva e prática. Trabalhamos com uma rede de colaboração, que envolve os editores, a coordenação do portal e as equipes de comunicação, para colaborar na definição das estratégias de divulgação. Isso é uma novidade e tem funcionado de uma forma muito interessante. Por exemplo, no Dia Internacional da Mulher fizemos uma seleção de livros da Editora Fiocruz que aprofundam questões de gênero e saúde, associando-a a uma entrevista que traz um tema muito atual envolvendo diversas perspectivas (vírus zika, aborto, medicina, história e questões sociais). Ou seja, esta articulação acontece na prática. É importante frisar que mais do que integrar pautas, estamos compartilhando processos de trabalho, discutindo questões editoriais e estratégias comuns que envolvem nossa comunicação com públicos e atores importantes dentro e fora da Fiocruz.

Fórum dos Editores Científicos: A comunicação científica está passando por grandes transformações no cenário mundial. Quais são os principais desafios dos periódicos científicos da Fiocruz neste contexto?

Nísia Trindade Lima: Os temas da avaliação, da internacionalização e das assimetrias nas condições de produção científica e de sua comunicação em veículos especializados têm sido pauta constante em nossa atuação na Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC) e no Fórum dos Editores. O portal foi lançado junto com uma conferência da antropóloga Hebe Vessuri, que criticava o conceito vigente de excelência científica e chamava atenção para estratégias necessárias para a pesquisa e a publicação científica latino-americana. Neste mesmo momento, o Fórum publicou um documento político com críticas aos movimentos impositivos dos publishers internacionais, do uso distorcido de fatores de avaliação, a exemplo do fator de impacto das publicações, além da defesa do acesso aberto. Em todos os periódicos da Fiocruz vêm sendo publicados editoriais e artigos com este enfoque e temos também divulgado esta posição em diferentes fóruns acadêmicos e políticos, além da publicação de artigos em veículos de comunicação de grande circulação.

Em artigo redigido para integrar o número comemorativo dos 20 anos da revista Ciência e Saúde Coletiva (C&SC), as então editoras dos Cadernos de Saúde Pública, Marília Sá Carvalho, Claudia Travassos e Claudia Coeli, ressaltaram as transformações no cenário global, como internacionalização, avaliação, etc. Elas destacaram a criação do Fórum de Editores Científicos da Fiocruz e o decorrente lançamento do Portal de Periódicos como importantes ferramentas que inauguraram um espaço na instituição para, entre outros objetivos, debater a publicação científica. Nesse mesmo artigo, as autoras ressaltam o “espírito de companheirismo e partilha que queremos no nosso fórum”, em referência ao Fórum de editores da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). É esse o espírito que também queremos aqui. Acho que esse é o grande desafio: ser um espaço que agregue mais do que os artigos, mas que promova o debate e o intercâmbio de ideias.

Fórum dos Editores Científicos: Então, você considera que mais do que a democratização do acesso à produção científica, ao dar destaque e aprofundar temas atuais, podemos afirmar que o portal contribui com o diálogo entre ciência e sociedade, repensando e até mesmo reordenando a centralidade de algumas questões? Poderia comentar de que forma o portal, como instrumento de difusão e comunicação, atua nesta dinâmica?

Nísia Trindade Lima: Exatamente, este é um dos seus objetivos, estender esta contribuição para além da Fiocruz. O Portal de Periódicos tem uma importância enorme para a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, instituída pela Fiocruz em 2014, já que amplia o acesso a uma produção bastante diversa, disponibilizando-a para qualquer usuário (estudante, pesquisador, profissional, a sociedade em gera), além de integrar diferentes visões. Nesse sentido, coloca temas em perspectiva, contextualiza, oferece elementos para entender, rever, rediscutir. Um bom exemplo dessa prática foi a elaboração do infográfico Aedes em foco: arboviroses em expansão no Brasil que trata das origens dessas enfermidades, sintomas, complicações e riscos na gravidez e para recém-nascidos. A partir de um evento científico da Fiocruz e de um artigo dos Cadernos de Saúde Pública, produzimos um conteúdo original, publicado no momento das descobertas associando o vírus zika aos casos de microcefalias no Brasil e a Síndrome de Guillain Barré. Com esse infográfico, alcançamos quase 125 mil pessoas. O material foi compartilhado em várias sites e redes sociais. Ou seja: facilitamos a compreensão de um artigo científico, utilizando uma linguagem atraente para a população. Isso é uma contribuição fundamental para a democratização da Ciência. Outro exemplo atual são os debates que envolvem gênero, que conseguimos repercutir de uma forma oportuna e abrangente, articulando a produção científica ao contexto social que passa por um momento de grande ebulição.

Fórum dos Editores Científicos: Este último exemplo mostra que o Portal de Periódicos pode contribuir para uma interlocução entre os periódicos/artigos científicos e os livros acadêmicos. Como essa interlocução pode se traduzir em ganhos para o público leitor (especializado ou não)?

Nísia Trindade Lima: Sim, temos investido nesta associação de temas atuais, artigos e livros editados na Fiocruz, apostando numa dinâmica de produção, difusão e comunicação científicas. Todas estas formas de integração que mencionamos aqui, mostram como esta articulação vem sendo importante. Os temas têm sido tratados sob perspectivas diversas, em diferentes linguagens e veículos, o que só amplia o debate em torno de um mesmo conteúdo científico. Outra frente é o fortalecimento do próprio Fórum de Editores. O Carlos Machado, editor científico da Editora Fiocruz é um dos coordenadores do Fórum. Nesse sentido, estamos buscando soluções conjuntas para encarar os desafios da produção, editoração e divulgação da ciência de forma cooperativa.

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