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08/03/2016

Artigo relaciona gênero e produção científica na Fiocruz

André Bezerra (Icict/Fiocruz)


Apesar dos diversos avanços e conquistas das mulheres nas últimas décadas, especialmente em relação ao mundo do trabalho, no campo da ciência e tecnologia a participação feminina ainda tem um caminho a percorrer na promoção da visibilidade. No caso da Fundação Oswaldo Cruz, a relação entre questões de gênero e a produção científica foram investigados pelas pesquisadoras do Jeorgina Gentil Rodrigues e Cristina Guimarães, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

Artigo buscou delinear a participação feminina no esforço de pesquisa realizado pela Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

 

No artigo A Fundação Oswaldo Cruz e a ciência no feminino: a participação feminina na prática e na gestão da pesquisa em uma instituição de ensino e pesquisa, as autoras buscam delinear a participação feminina no esforço de pesquisa realizado pela instituição, analisando dados de 1996 a 2013. O trabalho foi publicado na última edição do periódico Cadernos Pagu, uma das mais importantes publicações de estudos de gênero do Brasil, editada pela Universidade de Campinas (Unicamp).

O estudo começou a partir do levantamento de dados da Diretoria de Recursos Humanos (Direh) da Fiocruz, visando identificar o contingente de servidores e servidoras com titulação de doutorado. Em seguida, no Portal Transparência, identificaram a proporção de servidores e servidoras que ingressaram na instituição por concurso público com título de doutorado. As mulheres representam 51,6% da força de trabalho, totalizando 6.359 servidoras e terceirizadas.

Em seguida, informações sobre currículos acadêmicos foram analisados a partir da ferramenta ScriptLattes. De acordo com o artigo, “ainda que a produção das mulheres em números absolutos seja maior que a dos homens, a média de artigos publicados pelos homens (19,2 artigos/homem) é 51,8% maior que a produção pelas mulheres (12,6 artigos/mulher), segundo o comparativo da produção global”. Tarefas sociais como a tripla jornada entre trabalho doméstico, estudos e empregos podem ser obstáculos que afetam esse indicador de produtividade.

Outro aspecto investigado foi a participação feminina em postos de tomada de decisão na gestão institucional. “Os dados sugerem, no geral, segregação hierárquica (ou vertical), fenômeno conhecido na literatura como “teto de vidro”, que se caracteriza pela menor velocidade das mulheres na ascensão da carreira, em comparação com a progressão profissional masculina, o que resulta na sub-representação das mulheres nos postos de tomada de decisão e, consequentemente, limita o alcance de posições de maior prestígio na instituição”.

A investigação agora divulgada em artigo fez parte da pesquisa de doutorado de Jeorgina Gentil no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), sob orientação de Cristina Guimarães. Para as autoras, análises como essa ajudam a questionar a desigualdade de gênero na ciência, “a partir de explicações que postulam que formas sutis de discriminação persistem no local de trabalho e evitam o avanço das mulheres na carreira científica”.

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