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11/11/2010

‘BombasÂ’ inteligentes para tratamento de câncer e outras aplicações, dentro e fora da medicina

Fernanda Marques


A nanotecnologia pode ser uma alternativa para o tratamento da pbmicose, uma doença dos países tropicais. Pode, ainda, ser útil na limpeza da água após um derramamento de petróleo. Resultados interessantes também têm sido observados no tratamento do câncer. Essas aplicações foram apresentadas pela pesquisadora Zulmira Lacava, professora da Universidade de Brasília (UnB), durante o 7º Seminário Internacional de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, organizado pela Fiocruz, que ocorre até sexta-feira (12/11), no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio.


O medicamento hoje disponível para o tratamento – a anfotericina-B – é muito tóxico e as grandes indústrias farmacêuticas não têm interesse em desenvolver novas alternativas (a doença afeta as populações mais pobres). Entretanto, pesquisadores verificaram que a associação do medicamento a nanocápsulas produz bons resultados, em testes com animais. Segundo Zulmira, a nanotecnologia tem sido utilizada para o desenvolvimento de sistemas de entrega de medicamentos dentro do organismo, o que permite direcionar a droga para as partes doentes do corpo, sem prejuízos para os tecidos saudáveis.


“São como ‘bombas’ inteligentes, que localizam as células doentes, atingem apenas essas e deixam as demais, as sadias, intactas”, disse a palestrante. Entre essas ‘bombas’ destacam-se nanopartículas magnéticas. Dentro do organismo, com a aplicação de campos magnéticos controlados, elas podem ser direcionadas até o câncer e causar o aumento de temperatura no local, matando as células tumorais. “Nanopartículas magnéticas podem, ainda, ter aplicação ambiental, sendo usadas na separação de petróleo e água”, disse a pesquisadora.


Zulmira destacou que o desenvolvimento desses nanoprodutos inclui estudos de nanotoxicologia, isto é, ensaios que comprovem sua segurança para o homem e o meio ambiente. No caso das aplicações em nanomedicina, são fundamentais os testes de biocompatibilidade, que verificam, por exemplo, a segurança das doses e das formas de administração contra células tumorais, bem como a ausência de efeitos tóxicos para as células normais. “Em relação à biocompatibilidade e à nanotoxicologia, devemos investir na adaptação de metodologias e instrumentos, no desenvolvimento de plataformas de testes e no debate sobre regulamentação”, afirmou. “Quando o assunto é nanotecnologia, é preciso incluir nas discussões os impactos sociais e econômicos, bem como a análise de riscos. Contudo, acredito que os benefícios sejam muito maiores, desde que trabalhemos com ética”, concluiu.


Publicado em 11/11/2010.

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