Início do conteúdo

14/12/2006

Ópera sobre cientista que virou mito tem ingressos a preços populares

Fernanda Marques


O casamento de ciência e arte tem rendido frutos de excelente qualidade. Prova disso é a ópera O cientista, que encerra a temporada lírica de 2006 do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na noite desta quarta-feira (13/12), com ingressos a preços populares, o espetáculo atraiu muita gente curiosa para descobrir como o médico e sanitarista Oswaldo Cruz conquistou o palco do Theatro. Para quem ainda não foi conferir, haverá mais duas apresentações: nesta sexta-feira (15/12), às 20h, com ingressos a preços regulares, e no domingo (17/12), às 11h, com entrada a R$ 1. Composta e dirigida por artistas do Teatro, O cientista ajuda, assim, a promover a inclusão cultural.


 Municipal tem exibido casa cheia em todas as apresentações da ópera (Foto: Ana Limp)

Municipal tem exibido casa cheia em todas as apresentações da ópera (Foto: Ana Limp)


Gestos vigorosos do maestro Silvio Barbato, autor da música do espetáculo, fazem a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal entrar no ritmo da capoeira. No palco, seis homens executam com destreza os golpes da luta herdada dos escravos de Angola. A cena inusitada, porém memorável, é uma das mais aplaudidas pelo público. Ela retrata o grupo de capoeiristas liderado por Prata Preta, considerado o último foco de resistência vencido pelas tropas do governo durante a Revolta da Vacina, em 1904. O movimento rejeitava a vacinação obrigatória contra a varíola, prática defendida por Oswaldo Cruz.


Além da Revolta da Vacina, O cientista também faz referência aos estudos de Oswaldo Cruz no Instituto Pasteur, de Paris, e toda a sua dedicação ao serviço público. Mas não é só a vida profissional desse complexo personagem histórico que inspira a ópera, com libreto de Bernardo Vilhena. A vida em família ao lado de Emília e a entrega aos prazeres mundanos do Rio de Janeiro são igualmente retratadas, revelando todas as faces do cientista que virou mito.


A figura de Oswaldo Cruz e suas campanhas de erradicação de doenças remetem às importantes transformações do Rio de Janeiro no início do século 20, implementadas pelo presidente Rodrigues Alves e pelo prefeito Pereira Passos. Nesse contexto, a ópera O cientista “cumpre uma função que vai além da simples fruição e prazer, atributos próprios das manifestações artísticas. Traz à ribalta personagens que são exemplos permanentes para todos nós, em particular para líderes e autoridades públicas do Rio de Janeiro e do Brasil”, resume a presidente da Fundação Teatro Municipal, Helena Severo.

Voltar ao topo Voltar