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27/07/2007

Ônibus leva informação científica e promoção da saúde a escolas

Antonio Brotas


Elas ainda não entendem o que realmente faz um microscópio, aparelho que apenas tinham visto nos livros didáticos. Também não sabem os nomes científicos dos patógenos, bem como os mecanismos que utilizam para provocar doenças em nosso corpo. Em vez de receio, as crianças apresentam curiosidade em apreender, vivenciar e experimentar o que o conhecimento pode proporcionar aos indivíduos na prevenção a doenças. Seguindo esta lógica e buscando aperfeiçoar os meios de adesão de meninos e meninas do Ensino Fundamental ao projeto, que pesquisadores da Fiocruz na Bahia executam o Ciência na Estrada: Educação e Cidadania, que reúne atividades de divulgação científica, promoção da saúde e diagnóstico parasitológico.


 A equipe do projeto no dia da apresentação do ônibus (Fotos: Fiocruz Bahia)

A equipe do projeto no dia da apresentação do ônibus (Fotos: Fiocruz Bahia)


Num período de pouco mais de um ano de trabalho, a equipe do Ciência na Estrada, liderada pelo pesquisador Marcos Vannier, já levou para mais de quatro mil pessoas, em 17 localidades de Salvador, informações sobre as formas de vida dos patógenos causadores de doenças que atingem a população, despertando o gosto pela ciência, especificamente em jovens e crianças de escolas públicas. As visitas foram impulsionadas, em abril, pelo lançamento do ônibus do projeto, devidamente decorado com ilustrações alusivas ao poder transformador da informação no âmbito da saúde. “Não fazemos apenas popularização da ciência, buscamos promover a saúde para que a sociedade reconheça que atividades simples do tipo lavar as mãos pode evitar doenças”, avalia Vannier. No mês de setembro o ônibus fará a sua primeira viagem ao interior da Bahia. O destino será a cidade de Iguaí, município do sudoeste baiano a 120 quilômetros de Vitória da Conquista. O local tem um grande manancial de água.


 Vídeos mostram leucócitos perseguindo bactérias e fungos, numa ação que ganha conotação de batalha

Vídeos mostram leucócitos perseguindo bactérias e fungos, numa ação que ganha conotação de batalha


Para despertar o interesse das crianças são utilizadas diversas estratégias. Pôsteres,  microscópios, cartazes, réplicas de parasitas, vídeos, atividades artísticas, jogos eletrônicos e o próprio ônibus compõem  o arsenal  que a equipe, formada por 16 pessoas, usa nas diversas feiras de ciência e saúde. “O ônibus potencializa nossa atividade na medida que vamos às escolas, levando informações que podem ser dirigidas para benefícios diretos na qualidade de vida da população. Os brinquedos, as cores, o microscópio estimulam o aprendizado e fazem as crianças perceberem a ciência de forma diferente, próximo do seu cotidiano”, defende a antropóloga Eline Deccache Maia, que integra o projeto.


 As réplicas coloridas de protozoários, bactérias e helmintos facilitam o manuseio e a visualização

As réplicas coloridas de protozoários, bactérias e helmintos facilitam o manuseio e a visualização


Os instrumentos de divulgação são utilizados a partir das demandas apresentadas pelas escolas e pelos dados disponíveis nas secretarias de Educação e de Saúde do estado e dos municípios. Os pôsteres, com ênfase nas imagens, por exemplo, trazem informações sobre o ciclo de vida dos patógenos, as conseqüências das doenças e os modos de prevenção. Vídeos explicitando leucócitos perseguindo e fagocitando bactérias e fungos ganham conotações especiais de histórias de batalha.  “Além de estimular a discussão e o interesse, o vídeo traz o mundo invisível a olho nu à tona, fazendo com que eles acessem um universo pouco explorado. Também demonstramos que nossas defesas são eficientes, mas não infalíveis, o ressalta a necessidade de medidas de higiene”, explica Vannier.


Como projeto multidisciplinar, o Ciência na Estrada traz ainda réplicas bastante coloridas de protozoários, bactérias, helmintos, além de células, facilitando o manuseio e a visualização. Interativos e dinâmicos, os jogos eletrônicos e animações produzidos pela equipe e cedidos pela pesquisadora Helena Castro, da Universidade Federal Fluminense, também chamam atenção das crianças, transformando-se em grandes atrações das feiras.


Três atividades completam o leque de ações: a pesquisa nas revistas Ciência Hoje, a produção de desenhos representativos sobre os temas, que expressam o modo como meninos e meninas apreenderam as informações passadas, e a experiência Por Hora Doutor (PhD). Simulando um diagnóstico, o PhD constitui-se na identificação, pelos estudantes, de um parasito, após observação de uma lâmina colocada em microscópio óptico. Quem participa ganha um certificado de PhD. “Os meninos exibem os certificados com orgulho porque se sentem inseridos no processo do conhecimento”, destaca Eline.

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