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23/08/2018

25° Fiocruz Pra Você teve forte participação de atores sociais

Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)


Celebrando suas bodas de prata com a sociedade brasileira, o Fiocruz Pra Você mostrou mais uma vez que saúde se faz com vacinação, e também informação, cultura, criatividade e consciência cidadã. Desde a criação do evento em 1994, o Dia D da campanha de imunização na Fundação Oswaldo Cruz é palco de apresentações de coletivos culturais e artistas de Manguinhos e bairros vizinhos, às ações de divulgação científica e popularização da ciência.  

Fiocruz foi palco de apresentações de coletivos culturais e artistas de Manguinhos e bairros vizinhos (foto: Cooperação Social da Fiocruz)

 

Seja com teatro, dança, música, pintura ou contação de histórias esses grupos tematizam a saúde a partir de suas experiências e condições de vida, moradia e trabalho. O grupo Música na Calçada iniciou sua trajetória tocando nas ruas de Manguinhos e é participação garantida todos os anos. Nessa edição não foi diferente. No entanto, trouxe uma novidade: dividiu o palco com as Filhas de Maria, banda carioca que compõe e interpreta canções que tratam da opressão vivida pela mulher negra no Brasil. Juntos, trouxeram para o repertório músicas que também problematizaram a desigualdade social e a exploração do trabalho na levada de chorinho, samba e ritmos africanos. A adaptação do “samba da Márcia” foi um dos pontos altos da apresentação.

A Escola de Música de Manguinhos (EMM), projeto que frutificou no Música na Calçada e em outros talentos, também é histórica no evento e seus alunos se apresentaram neste sábado (18/8). A Escola de Música é apoiada pela Fiocruz desde a gestão do ex-presidente da instituição Paulo Buss (2000-2008). Fruto da parceria entre a RedeCCAP, a Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz e a Escola de Música da UFRJ, a Escola é um exemplo de educação musical cujos pilares estão fincados em uma pedagogia crítica e territorializada.  

Elizabeth Campos, coordenadora da EMM e fã do Música na Calçada desde sua formação, em 2004, destaca a importância do intercâmbio entre a instituição e o território. “É fundamental que os jovens daqui possam vir na Fiocruz, pelo seu protagonismo, ocupar esses e outros espaços de relevância institucional e falar as nossas verdades, dar o recado de que é preciso olhar para o território de favela como lugar de potencialidades, de avanço, e cidadania crítica”, disse. 

A temática da reciclagem e do uso racional dos recursos naturais foi tema da esquete teatral Praticando os 3R aqui e acolá, apresentada pelas crianças e adolescentes do projeto Crescendo com Manguinhos, apoiado pela Responsabilidade Socioambiental de Bio-Manguinhos (Somar). O projeto Ballet Manguinhos e o Coral Flor do Mangue também se apresentaram. 

Diversas atividades do dia tiveram cobertura ao vivo pela página no Facebook do Jornal Fala Manguinhos!. O jornal é o principal produto da Agência de Comunicação Comunitária, assessorada pela Coordenação de Cooperação Social por meio de seu programa de Promoção de Territórios Urbanos Saudáveis. 

Os jovens do RAP da Saúde apresentaram paródias e esquetes com temas ligados à estratégia de promoção de saúde. O projeto qualifica lideranças e moradores de favelas e bairros populares para ações informativas nos bairros onde eles residem com as plataformas, temas de interesse e linguagens nativas das juventudes locais. A iniciativa é da Coordenação de Políticas e Ações Intersetoriais da Superintendência de Promoção da Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. 
 
Encontro de Adolescentes e Jovens: saúde, cultura e cidadania 

Organizado pelo setor de eventos em parceria com o Museu da Vida e a Coordenação de Cooperação Social, o encontro reuniu cerca de 60 pessoas em uma tarde de atividades no auditório do museu. Com apresentação de esquetes teatrais, exibição de vídeos, dinâmicas de grupo e rodas de conversa, o encontro visava aproximar juventude e especialistas para debater cenários, projeções, e questões relacionadas aos temas que deram nome à atividade.

Luciane Ferrareto, da Coordenação de Cooperação Social, falou sobre o panorama de políticas públicas, legislações e condições de vida das juventudes hoje no Brasil. Como uma de suas articuladoras, Luciane também apresentou a Agenda Jovem Fiocruz, iniciativa formada por coordenadores de projetos, pesquisadores e trabalhadores da Fundação, vigente desde 2015, que trabalha para propiciar alinhamento institucional entre ações Fiocruz e o marco da Política Nacional da Juventude. 

David Marcos, fotógrafo do Complexo da Maré, narrou os desvios e desafios de seu trajeto como jovem morador de periferia para seguir seu ofício. Atores da ONG Cepia realizaram uma série de esquetes teatrais tratando de situações, fatos e comportamentos que se tornam obstáculos à preservação da saúde sexual entre os jovens. Também foi feita uma apresentação do Aplicativo Partiu Papo Reto, desenvolvido pela ONG com objetivo informar os adolescentes sobre seus direitos sexuais e reprodutivos, cuidados com saúde, bem como os serviços disponíveis no SUS.

Em uma outra fase do encontro, os facilitadores formaram grande roda de apresentação e depois dividiram os presentes em grupos. Cada grupo recebeu um cartão com temas, tais como gravidez indesejada, violência doméstica contra a mulher, homofobia, e outros, sendo instigados a pensar o que fariam em cada situação. Ao final da dinâmica, um porta-voz de cada grupo apresentou as conclusões. 

Uma roda de conversa deu o desfecho do encontro e contou com a participação de especialistas em saúde, jovens do Complexo do Alemão e Maré, de Mariene Lino – autora infanto-juvenil, entre outros. Isabel Mendes, facilitadora do encontro, frisou o papel do Museu da Vida em tornar a instituição e o campus mais acessível à população que mora nos arredores. “Antigamente as pessoas só entravam na Fundação para acessar o serviço de saúde. Nos últimos anos, as pessoas vêm tirar foto de formatura, noiva, 15 anos, é muito interessante. É a apropriação do espaço que é público. Acreditamos que a missão da Fiocruz também é ser palco de debates, de construção de cidadania”, ponderou. 

Na roda, foram pautados temas como a volta de doenças como sarampo e febre amarela; o fenômeno da ampla circulação de notícias falsas (fake news) em saúde e sua possível influência na baixa cobertura vacinal dos últimos anos no Brasil; os desafios colocados para instituições de saúde para se comunicarem com as juventudes nos territórios vulnerabilizados; a política de drogas e de segurança pública e seu efeito sobre a saúde mental dos moradores, entre outros temas.

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