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12/05/2014

Ações da Fiocruz na África são destaque em publicação


Em consonância com a política de cooperação internacional com países africanos de língua portuguesa, a Fiocruz Pernambuco vem, nos últimos anos, intensificando a sua atuação junto a alguns países deste continente, em especial com Moçambique e  Cabo Verde. As atividades, atualmente, estão centradas na capacitação e formação de recursos humanos, com ações desenvolvidas tanto na África quanto no Recife.

 

Uma dessas ações ocorreu em Santo Antão, uma das dez ilhas localizada no arquipélago africano de Cabo Verde. Nela, as pesquisadoras do Departamento de Entomologia da Fiocruz PE, Constância Ayres e Rosângela Barbosa , em parceria com a Delegacia de Saúde de Porto Novo – órgão que atua de forma semelhante às secretarias de Saúde estaduais brasileiras - e a universidade africana Jean Piaget, promoveram uma campanha de prevenção a dengue junto aos estudantes locais. A campanha teve o propósito de orientá-los sobre prevenção, transmissão e as características e morfologia do mosquito. As abordagens foram feitas através da exibição de vídeos educativos e kits com a apresentação do ciclo de vida do Aedes aegypti nas suas diferentes fases.

“Como pesquisadora, valorizo muito essa contribuição. Principalmente aos que ainda estão carentes de colaborações para avançar nas condições de saúde. Apesar das dificuldades de recursos, Cabo Verde mostra-se muito dedicado ao estudo e investimento na saúde da população. Fico feliz que uma das formas seja através do meu estudo, em um projeto como este, que só trará benefícios a todos”, afirmou Ayres, coordenadora do projeto - aprovado no edital Capes Pró-Mobilidade Internacional de 2012 - que tem como proposta promover e facilitar a mobilidade de docentes e alunos dos países de língua portuguesa, estimulando a cooperação entre esses países, em prol da saúde. Em 2014, serão realizadas outras duas visitas ao país, com o intuito de capacitar agentes de saúde e coletar amostras para pesquisas.

Fazendo o caminho inverso

Ainda dentro do projeto Pró-Mobilidade Internacional da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), três alunas da universidade cabo-verdiana Jean Piaget estão freqüentando a Fiocruz PE por quatro meses, para adquirir conhecimentos práticos que vão ajudá-las a desenvolver estudos sobre a variabilidade genética, a infecção, a resistência a inseticida e o monitoramento do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, no país africano. Elas vieram acompanhadas da professora Lara Gomez, que já retornou ao arquipélago. Em laboratório, as estudantes estão aprendendo, por exemplo, sobre técnicas de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase - em inglês Polymerase Chain Reaction) usadas em diagnóstico molecular.

Para as alunas, essa é a oportunidade de vivenciarem na prática o que aprenderam na teoria. “Em Cabo Verde estudamos mais a teoria. Aqui vamos ver mais a prática. Com a experiência que estamos adquirindo pretendemos passar esse conhecimento para o nosso grupo de investigação”, afirma a estudante de ciências farmacêuticas Denise Camacho. As demais participantes do intercâmbio são: Celivianne Ramos e Maria Lídia Brito,  ambas estudantes de análises clínicas e saúde pública.

Pesquisadores atuam em Moçambique

A Fiocruz PE, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp) e o Ministério da Saúde de Moçambique, está participando do Programa de Mestrado em Sistemas de Saúde, realizado na capital do país africano, Maputo. O curso, iniciado em abril, contará com dez pesquisadores da unidade pernambucana atuando como docentes e orientadores. Voltado para profissionais de saúde das áreas de assistência, laboratório e comunicação, o mestrado tem como proposta instrumentalizar esses trabalhadores nas áreas de gestão e de pesquisa, abordando o sistema de saúde a partir da realidade desse país africano.

Ana Brito, pesquisadora da Fiocruz PE, que faz parte da coordenação de planejamento e acompanhamento do programa, acredita que o curso será uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos. Tanto para os profissionais africanos, “proporcionando novas possibilidades para repensar a formação do sistema de saúde de Moçambique”, quanto para os pesquisadores brasileiros, “que contribuirão para essa transformação da saúde do país e terão o aprendizado de se relacionarem com outra cultura”.  

O mestrado, que será financiado pelo Centro Internacional de Desenvolvimento de Pesquisa (IDRC), terá um papel importante e influente na reconfiguração da gestão do Sistema de Saúde de Moçambique e na definição de sua estrutura. “A experiência do curso irá refletir na formação de uma massa crítica de profissionais para redirecionar o sistema, da sua concepção à definição da política, para que assim as necessidades da população possam ser atendidas adequadamente”, explicou  a pesquisadora. A primeira turma conta com 14 alunos. Eduarda Cesse, também pesquisadora da Fiocruz PE, junto com Célia Almeida, professora da Ensp e coordenadora pelo Brasil do mestrado foram responsáveis por ministrar as primeiras disciplinas do curso.

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