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03/07/2007

A importância da toxicologia na saúde pública


A toxicologia é uma ciência que cada vez mais ganha importância no cenário da saúde pública brasileira e mundial. No caso da Fiocruz, faz parte do Programa de Saúde Pública desde 1992, quando foi incorporada como uma das linhas de atuação do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp). Uma das pesquisadoras que trabalha com a temática é Ana Maria Cheble Braga, sócia da Sociedade Brasileira de Toxicologia e presidente do 15º Congresso Brasileiro de Toxicologia, que ocorrerá em Búzios (RJ), de 18 e 21 de novembro. O encontro é promovido a cada dois anos. A pesquisadora antecipou ao Informe Ensp os destaques do congresso e a expectativa da organização com o evento, que retorna ao Rio de Janeiro após 16 anos. As inscrições de trabalhos vão até 31 de julho.


 Ana Maria: o mote do Congresso chama a atenção para os agentes tóxicos encontrados nos oceanos e na água doce disponível no planeta (Foto: Virginia Damas)

Ana Maria: o mote do Congresso chama a atenção para os agentes tóxicos encontrados nos oceanos e na água doce disponível no planeta (Foto: Virginia Damas)


O que é a toxicologia?

Ana Maria C. Braga:
Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos das substâncias sobre os organismos vivos, além de avaliar os riscos dessas substâncias para a saúde humana. É uma ciência multiprofissional e interdisciplinar. Dessa forma, a toxicologia agrega profissionais de diferentes áreas como da saúde, das ciências exatas, das ciências sociais.


Como o trabalho da toxicologia vem se desenvolvendo na Fiocruz?

Ana Maria:
No caso da Ensp, ele se destaca na estrutura do Cesteh, com um amplo laboratório de toxicologia em suas dependências, o que propiciou a criação de uma área de concentração em toxicologia no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública desde 1992, tendo como foco a toxicologia ocupacional e a toxicologia ambiental. Esse laboratório trabalha com diferentes áreas de aplicação da toxicologia, desde a ecotoxicologia até estudos envolvendo experimentação animal. Eu coordeno a área de poluentes orgânicos persistentes. A toxicologia na Ensp também se insere no Laboratório de Toxicologia Ambiental e no novo Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente.


Quais as temáticas abordadas pela toxicologia?

Ana Maria:
Existem algumas. Na área de toxicologia ambiental temos uma abordagem específica do meio ambiente. Já a ocupacional lida com os aspectos toxicológicos envolvidos no processo de trabalho e, em especial, do trabalhador em seu ambiente profissional. Mas são várias as áreas da toxicologia, como a forense, na abordagem da elucidação de questões que ocorrem em processos judiciais; a clínica, numa abordagem de diagnóstico e tratamento das intoxicações; a social, no estudo dos efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de drogas ou fármacos, entre outras. Mas todas guardam interface, comprovando a multidisciplinaridade.


O Congresso Brasileiro de Toxicologia está na 15ª edição. Quando tudo começou?

Ana Maria:
Foi por meio da fundação da Sociedade Brasileira de Toxicologia, em 1972. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos que tem como missão promover reuniões científicas de profissionais vinculados às ciências toxicológicas, produção de periódicos, a promoção de cursos de capacitação na área. O grande marco da Sociedade Brasileira de Toxicologia tem sido a realização do Congresso Brasileiro, que vem se constituindo em grande acontecimento nacional e internacional, buscando uma maior integração das atividades desenvolvidas por seus profissionais, distribuídos pelas cinco regiões do país. O último congresso no Rio de Janeiro ocorreu em 1991. Assim, o Rio aceita o desafio da organização do 15º Congresso Brasileiro de Toxicologia, tarefa nada fácil para um evento dessa magnitude. Felizmente, podemos contar com todo o apoio e interlocução institucional (de unidades como INCQS, Farmanguinhos e Biomanguinhos) e principalmente da Ensp.


O tema desta edição é Água e toxicologia – uma parceria de vida. O que motivou essa escolha? É a atual preocupação com o meio ambiente, a racionalização da água que vem sendo amplamente debatida pelo mundo?

Ana Maria:
Por todos esses motivos. O mote do Congresso chama a atenção para o comportamento de agentes tóxicos nos oceanos e na água doce disponível no planeta, além dos aspectos toxicológicos envolvidos na questão. Na verdade foram promovidas algumas reuniões onde o tema "água" foi apontado pela comissão científica como de grande relevância, tanto pela importância de discussão dos aspectos toxicológicos relacionados à preservação e à conservação da água como um bem maior imprescindível à preservação da vida, bem como a abordagem de questões que constatam essa degradação e mecanismos de controle.


Então, a questão da água será abordada a partir de diferentes pontos de vista.

Ana Maria:
Exatamente. Principalmente a contaminação por produtos químicos e também pelos biológicos. A discussão da captação das águas utilizadas nos processos produtivos e a qualidade do líquido para consumo humano, considerando-se a contaminação por produtos químicos, estará em pauta A água usada por vários e múltiplos processos de produção e outras atividades antrópicas já apresenta formas significativas de degradação. Um grande alerta para preservação e recuperação será feito no Congresso.


Como será o Congresso? Qual a expectativa da organização?

Ana Maria:
As inscrições de trabalhos vão até 31 de julho. O congresso ocorrerá entre 18 e 21 de novembro, em Búzios (RJ). A programação está quase 90% fechada. O que temos de novo nesse Congresso é que ele não começará às 8h ou 9h da manhã, como a grande maioria dos eventos. Nós optamos por iniciar o Congresso sempre às 14h, deixando o período da manhã para que os congressistas tenham um tempo livre de interlocução. Nós vamos manter nossos congressistas em atividade até 21h. A parte da manhã servirá para os encontros temáticos, como o de professores de toxicologia, toxicologistas forense, da Rede Ibero-Americana de Toxicologia e Seguridade Química ou da Rede Nacional dos Centros de Formação e Assistência Toxicológica. Outro ponto relevante deste evento é que os congressos são organizados em grandes conferências ou uma conferencia magna acompanhada de diversas mesas-redondas. Nós estruturamos de forma diferente. Ocorrerão, ao mesmo tempo, três conferências abordando diferentes áreas da toxicologia, com a proposta de atrair público variado, e serão seguidas por mesas-redondas com o enfoque da conferência e serão integradas pelos conferencistas, como forma de dar suporte aos debates. Além disso, teremos cursos, painéis e as apresentações de trabalhos científicos. Esperamos em torno de 1.200 participantes. Nosso último encontro, em 2005, foi em Recife, e tivemos quase mil participantes.


Mais algum evento ocorrerá durante o Congresso?

Ana Maria:
Sim, outros dois. Teremos o 2º Simpósio Brasileiro sobre Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, organizado pela Anvisa, nos dias 22 e 23 de novembro, e o 2º Seminário Internacional do Benzeno, organizado pela Comissão Nacional do Benzeno.


Fonte: Informe Ensp

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