Início do conteúdo

20/02/2008

A serviço da saúde pública desde a época do mimeógrafo

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Inicialmente editada pelos professores Frederico Simões Barbosa e Luiz Fernando Ferreira, os Cadernos de Saúde Pública, já em seus primeiros anos, foram um espaço privilegiado para a disseminação das bases científicas da Reforma Sanitária, o que incluía temas como vigilância sanitária, sistemas de informação em saúde e criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a pós-graduação na Ensp foi se consolidando, surgiu a necessidade de modernizar o periódico e ampliar seus horizontes. “Os primeiros trabalhos publicados eram muito regionais, de modo que se fazia necessário tornar a revista de abrangência nacional, para que o Brasil se visse retratado em suas páginas”, conta o pesquisador Carlos Coimbra Jr, editor-chefe dos Cadernos desde 1991.



Mudanças no layout, internacionalização do conselho editorial, menor intervalo entre a aprovação do artigo e sua publicação, aumento do número de artigos publicados em inglês: estas foram algumas das transformações pelas quais os Cadernos passaram, processo que culminou com sua indexação na base de dados Medline, da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, em 1998.


Se, antes da indexação, a revista já era bastante procurada por autores de fora da Fiocruz, depois os Cadernos ganharam ainda mais visibilidade, chamando a atenção, inclusive, de pesquisadores estrangeiros. O número de artigos submetidos ao periódico é um reflexo do prestígio conquistado. São mais de mil por ano atualmente, contra apenas 40 em meados da década de 80. Para acompanhar esse ritmo, a periodicidade também mudou: começou trimestral e, desde 2006, é mensal. No total, os Cadernos estão presentes hoje em quase 20 bases de dados internacionais.


Na Biblioteca Científico-Eletrônica Online (Scielo, na sigla em inglês), que reúne 185 títulos, os Cadernos são o periódico mais visitado. Desde 1999, foram realizados mais de sete milhões de downloads de seus artigos. Uma demonstração da importância da revista no cenário científico nacional é sua presença, em 28 áreas do conhecimento, no Qualis, classificação de periódicos elaborada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação para avaliar onde docentes e alunos de pós-graduação publicam sua produção intelectual.


As edições especiais temáticas, publicadas, em geral, duas vezes ao ano, também têm tido ótima aceitação de autores e leitores. O primeiro suplemento temático, em 1986, abordou a 8ª Conferência Nacional de Saúde, a primeira que envolveu a população no debate e cujos resultados contribuíram para o texto da saúde na Constituição de 1988. Já nas edições especiais mais recentes, os assuntos discutidos foram globalização, desigualdade e doenças infecciosas na América Latina e integração regional e políticas de saúde.


“Os Cadernos pretendem ser um instrumento de ajuda para o trabalho dos profissionais e instituições do setor saúde, visando contribuir para a melhoria das condições de saúde e de vida de nossas populações”, escreveu o então diretor da Ensp, Arlindo Fábio Gómez de Sousa, no editorial de lançamento do periódico. As palavras de Arlindo, atual chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz, vêm se confirmando. Com grande diversidade de autores e leitores, que misturam profissionais das ciências humanas e biomédicas, a publicação funciona como ponte entre o meio acadêmico e os serviços de saúde – o conhecimento científico veiculado nas páginas do periódico fornece subsídios para melhorias na assistência oferecida à população.


Prova de que os Cadernos são um importante elo entre a ciência e a sociedade foi o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, concedido pelo Ministério da Saúde pela primeira vez em 2003. Naquele ano, dos cinco contemplados na categoria artigos, três haviam estampado as páginas da revista da Ensp.  “Os Cadernos são um projeto coletivo, transcendendo limites institucionais específicos, sendo produto do dinamismo da comunidade científica em saúde pública brasileira como um todo”, conclui o livro Uma escola para a saúde, comemorativo dos 50 anos da Ensp, em 2004.

Voltar ao topo Voltar