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09/09/2010

Abordagem psicossociológica: caminho para pesquisa e intervenção

Informe Ensp


Explorar a abordagem clínica psicossociológica como um caminho de pesquisa e intervenção em serviços de saúde, bem como de estratégia de avaliação, é o objetivo de dois estudos desenvolvidos na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) pelas pesquisadoras Marilene de Castilho Sá e Creuza da Silva Azevedo. As pesquisas serão apresentadas no 4º  Congresso Iberoamericano de Pesquisa Qualitativa em Saúde, que está sendo realizado em Fortaleza, até 11 de setembro. Os estudos se inserem na linha de pesquisa desenvolvida por Marilene e Creuza, no grupo de pesquisa Subjetividade e Gestão em Saúde, e vêm orientando atividades de formação de alunos na pós-graduação stricto e lato sensu da Ensp, além de atividades de consultoria em serviços de saúde.


 A psicossociologia é uma vertente da psicologia que tem os grupos, as organizações e comunidades como objetos de estudo, dando ênfase aos processos cotidianos, abordando os sujeitos em situações concretas

A psicossociologia é uma vertente da psicologia que tem os grupos, as organizações e comunidades como objetos de estudo, dando ênfase aos processos cotidianos, abordando os sujeitos em situações concretas


No estudo Uma abordagem clínica psicossociológica como estratégia de avaliação qualitativa de serviço de saúde: um estudo em dois serviços de oncologia pediátrica, que tem como primeira autora a pesquisadora Creuza Azevedo, e como segunda, Marilene Castilho, os resultados apontaram que a perspectiva da psicossociologia clínica pode contribuir para potencializar os resultados de uma avaliação. Segundo Creuza, a partir de uma pesquisa avaliativa em dois hospitais, buscou-se discutir as possibilidades da abordagem clínica psicossociológica, de base psicanalítica, compreendida como modalidade de conhecimento intersubjetiva e compreensiva.


O estudo teve como centro de análise e de intervenção os processos de produção de sentido e o sofrimento experimentado pelos profissionais em suas experiências de trabalho. Como pesquisa teórica, o trabalho voltou-se para a análise do potencial das estratégias metodológicas e das categorias de análise adotadas para a avaliação dos serviços estudados, enfatizando-se a implicação do pesquisador e a natureza da pesquisa-intervenção.


As pesquisadoras explicaram que a abordagem clínica psicossociológica pressupõe que o clínico (pesquisador) se desloque não apenas fisicamente no espaço do outro, mas mentalmente, esforçando-se para escutar aquele que tenta compreender sua busca de sentido para suas condutas e para os acontecimentos que tecem sua história. O trabalho de construção de sentido é o resultado de um diálogo, através do qual o clínico (pesquisador) provoca, por sua presença e por suas palavras, os atores sociais a falarem e a discutirem a respeito de suas experiências ou daquilo que elas possam evocar ou significar para eles.


Os resultados da pesquisa apontaram que a perspectiva da psicossociologia clínica pode contribuir para potencializar os resultados da avaliação realizada. De acordo com Creuza, "o processo de investigação, por meio dos momentos de observação e também de entrevista, funcionou para a equipe como uma abertura, interrompendo um funcionamento pautado pelas pressões e urgências cotidianas e constituindo-se como espaço para reflexão e elaboração dos problemas e vivências dos profissionais".


Uma nova abordagem como caminho de pesquisa


O estudo, que será apresentado no congresso de forma oral, tem como primeira autora a pesquisadora Marilene Castilho e como segunda, Creuza Azevedo. A abordagem clínica psicossociológica como um caminho de pesquisa e intervenção nas organizações de saúde teve por objetivo explorar os limites e possibilidades da abordagem clínica psicossociológica para a pesquisa e intervenção nas organizações de saúde e se articula ao outro estudo.


Segundo Marilene, a abordagem clínica se insere nos marcos das "ciências compreensivas" (como a sociologia e a antropologia), em que a apreensão do sentido e o significado são centrais, mas apresenta algumas especificidades e diferenciações. Uma delas é a importância da participação do inconsciente - e de sua específica modalidade de percepção, a intuição - nos processos de conhecimento destacando-se a importância da analogia, das fantasias/imaginário na dinâmica das organizações e em seus processos de trabalho.


"A psicossociologia é uma vertente da psicologia social, que tem os grupos, as organizações e comunidades como objetos de estudo, dando ênfase aos processos cotidianos, abordando os sujeitos em situações concretas. A mudança é uma questão inicialmente inspiradora, e a pesquisa-ação é uma estratégia central. Nesta abordagem, há uma implicação recíproca entre pesquisa e intervenção", detalhou Marilene. A pesquisadora explicou que a abordagem clínica psicossociológica volta-se para a compreensão dos vínculos - não só materiais, mas imaginários e simbólicos - que ligam os indivíduos entre si, aos grupos e às organizações.


"A abordagem psicossociológica busca a apreensão de processos que articulam a história de grupos, organizações e dos indivíduos que a compõem. A implicação do pesquisador é elemento fundamental, entendida como capacidade de se dispor ao sentido, um posicionamento em relação ao sujeito ou sujeitos, ao seu sofrimento e ao enfrentamento de um problema ou crise", destacou Marilene.


As pesquisas Uma abordagem clínica psicossociológica como estratégia de avaliação qualitativa de serviço de saúde: um estudo em dois serviços de oncologia pediátrica e A abordagem clínica psicossociológica como um caminho de pesquisa e intervenção nas organizações de saúde serão apresentadas no 4º Congresso Iberoamericano de Pesquisa Qualitativa em Saúde em formato de pôster e de forma oral, respectivamente.


Publicado em 8/9/2010.

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