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01/04/2008

Acervos de cientistas consagrados testemunham a história da ciência no Brasil

Edna Padrão


Para especialistas da área médica, falar sobre a história da saúde pública e da epidemiologia no Brasil é falar de Frederico Simões Barbosa. Diante dessa importância histórica, o acervo do médico sanitarista foi inventariado e acaba de ser publicado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC). O trabalho de organização do acervo é fruto de uma parceria dos departamentos de Arquivo e Documentação e de Pesquisa da COC, uma unidade da Fiocruz, e integra o projeto dedicado à história dos 25 anos da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), da qual Barbosa foi membro fundador e primeiro presidente eleito.



Epidemiologista reconhecido internacionalmente, seu trabalho sobre endemias rurais no Brasil foi decisivo, principalmente no que diz respeito ao conhecimento dos moluscos vetores da esquistossomose, a dinâmica de transmissão e  epidemiologia da doença. Constituído por documentos de natureza diversa, o Fundo Frederico Simões Barbosa contém documentos sobre as atividades do médico que muito contribuíram para a construção do campo da saúde coletiva e para a incorporação de questões sociais nas análises de saúde pública. Além dos documentos textuais, o Fundo Frederico Simões Barbosa conta com um acervo fotográfico, em que se destacam imagens de sua atuação como perito no Programa de Controle da Esquistossomose da Organização Mundial de Saúde e diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) de 1985 a 1989.


Baseados na premissa de que o legado científico de Barbosa constitui um conjunto de grande interesse para se compreender o processo de profissionalização da ciência no Brasil, profissionais da COC organizaram o Fundo em seis eixos: vida pessoal, formação e administração da carreira, docência, pesquisa, gestão de instituições de ciência e tecnologia em saúde, relações interinstitucionais e intergrupos.


Publicações anteriores


Na trajetória do Departamento de Arquivo e Documentação da COC, outros acervos significativos relacionados à história da ciência no Brasil foram organizados e disponibilizados ao público. Um deles foi o Fundo Leônidas Deane, publicado em 1999 e que se constitui de duas partes. A primeira composta por depoimentos de pesquisadores, discípulos e amigos sobre a carreira científica e a trajetória pessoal do cientista. A segunda parte é o Inventário Analítico, contendo a descrição do conteúdo do acervo. Os 60 anos de atividades profissionais presentes nos registros de Deane permitem o conhecimento de aspectos cruciais para o entendimento da história da pesquisa biomédica e da saúde pública no Brasil.


Em 2001 foi publicado o Fundo Instituto Oswaldo Cruz: inventário dos documentos das coleções científicas. A organização deste acervo decorreu do projeto A construção das tradições científicas, os acervos de biodiversidade e a produção do conhecimento: as coleções científicas da Fundação Oswaldo Cruz, uma parceria da COC e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Teve como principais objetivos a identificação, organização e disponibilização de arquivos gerados pelas atividades de constituição deste acervo científico, acumulado no âmbito das coleções de febre amarela, entomológica e helmintológica.



O Arquivo Oswaldo Cruz: inventário analítico, publicado em 2003, reúne documentos textuais e iconográficos. A documentação textual tem cerca de 3 mil itens divididos entre correspondência, documentos pessoais, textos científicos, plantas, mapas, folhetos, periódicos e recortes de jornais. No que se refere aos documentos iconográficos, apresenta imagens relacionadas à vida privada do patrono da Fundação, assim como numerosos registros de sua atuação no cenário institucional e público. Em 2007, o Arquivo Oswaldo Cruz passou a integrar o registro do Programa Memória do Mundo da Unesco. O certificado, emitido em 8 de novembro de 2007, “confirma o valor excepcional e o interesse nacional de um acervo documental que deve ser protegido para benefício da Humanidade”.


Em 2005 foi a vez do Arquivo Victor Tavares Moura: inventário analítico. O tratamento do acervo e a elaboração deste instrumento de consulta contaram com o apoio da Faperj. Além de contribuir com o esforço empreendido pelo Urbandata/Iuperj na constituição de bases de dados e na difusão de trabalhos publicados e teses inéditas, é um convite para que se revisite a história das políticas de habitação popular, com ênfase no papel dos médicos como reformadores sociais.     


Para o vice-diretor de Informação e Patrimônio Cultural da COC, Paulo Elian, “os arquivos pessoais, a cada dia, e de maneira distinta, despertam maior interesse aos historiadores e à prática arquivística. Os arquivos pessoais de cientistas constituem matéria privilegiada para que se possa compreender não apenas aspectos das relações afetivas e sociais dos indivíduos, mas sobretudo os processos de conhecimento, criação e decisão no ambiente da atividade científica. Nesse sentido, a captação, preservação, organização e disponibilização desses acervos se reveste de um significado singular como produção de bens de valor social e cultural”.


Consulta ao Acervo da COC


Local e horário de atendimento: Avenida Brasil 4.036, salas 415 (Biblioteca) e 416 (consulta do arquivo), 4º andar, no horário de 9h às 16h30, de segunda a sexta-feira.

Atendimento remoto: o Departamento de Arquivo e Documentação também promove o atendimento aos usuários de seu acervo por correspondência, telefone, fax ou e-mail.

Endereço: Avenida Brasil 4.036, 4º e 6º andares, Manguinhos, Rio de Janeiro - RJ - Brasil

CEP: 21040-361

Tel/fax: (21) 2590-3690 ou 3882-9124

E-mail: consulta@coc.fiocruz.br

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