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10/08/2006

Acordo facilitará desenvolvimento de medicamentos e vacinas

Adriana Melo


O brasileiro Bruno Sobral é diretor do Instituto de Bioinformática da Virginia (VBI), instituição dos Estados Unidos, que acaba de firmar com a Fiocruz um acordo de cooperação que facilitará o desenvolvimento de medicamento, vacinas, testes de diagnóstico e outros produtos que ajudem a promover a redução da carga global de doenças infecciosas. Nesta entrevista à Agência Fiocruz de Notícias (AFN), Sobral fala sobre o convênio e sobre os benefícios que esse intercâmbio bilateral entre os institutos poderá trazer.


Agência Fiocruz de Notícias: Qual é a importância desse acordo? Quais serão as atribuições da Fiocruz e do VBI no cumprimento desse acordo?


Bruno Sobral: O principal objetivo é explorar a complementaridade dos dois institutos no que tange ao desenvolvimento de tecnologia para a criação de produtos diagnósticos, vacinas e drogas. No VBI trabalhamos principalmente com pesquisas em escala genômica e com as áreas computacionais relacionadas. Já a Fiocruz tem reconhecida experiência na pesquisa fundamental das principais doenças tropicais e na produção de medicamentos, testes de diagnóstico e vacinas. São conhecimentos complementares e estamos entusiasmados com a possibilidade de um intercâmbio bilateral. Os dois institutos têm muito a aprender um com o outro.




AFN:
Que produtos espera-se conseguir com esse convênio?


Sobral: Vamos aplicar as capacidades computacionais de análise do VBI para descobrir, nos parasitas, estruturas que possam servir como alvos na criação de medicamentos e vacinas. Os possíveis alvos serão validados pela Fiocruz e os mais promissores serão usados no desenvolvimento de produtos imunobiológicos.


AFN: Está prevista no acordo a criação de um projeto de simulação de impacto de um possível surto de gripe aviária na América do Sul. Como é feita essa simulação?


Sobral: Os agentes patogênicos não respeitam fronteiras, por isso é importante saber o que aconteceria no caso de uma epidemia de gripe aviária em diferentes lugares do mundo. A partir de projeções, cria-se um programa logístico para a disponibilização dos recursos necessários para conter um surto em caso de emergência. As projeções são baseadas em dados científicos, epidemias prévias, modelos matemáticos. A coleta de novos dados empíricos permite fazer suposições cada vez mais próximas da realidade. No caso de um surto, essas simulações são muito importantes para a definição das estratégias de combate à doença, como transporte e estocagem de medicamentos e vacinas, por exemplo. Elas ajudam a entender qual seria o impacto de diferentes situações na evolução da epidemia - se a doença chegou por via aérea ou terrestre, se começou em uma área muito ou pouco populosa, todos esses dados são importantes na hora de se criar uma estratégia de combate.


Simulações desse tipo já foram feitas para diversas cidades, mas, até hoje, trabalhamos mais em projeções para países de primeiro mundo. Por isso, com esse acordo, esperamos aprender muito sobre como se espalham as doenças infecciosas em situação diferente da encontrada no Primeiro Mundo.


Como o VBI já tem a infra-estrutura de simulação e a Fiocruz dispõe de boa parte dos dados necessários, espera-se resultados rápidos (em médio prazo) para esse projeto. Temos que juntar os dados disponíveis e a estrutura de simulação. Provavelmente, o primeiro modelo analisado será a cidade do Rio de Janeiro.

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