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23/12/2011

Agentes de vigilância em saúde vão desenvolver projetos de intervenção no Rio de Janeiro

Cátia Guimarães


Dezenove comunidades do Rio de Janeiro deverão passar por projetos de intervenção relacionados à vigilância em saúde no próximo ano. Essas ações foram definidas a partir de uma metodologia de planejamento situacional, que prevê, entre outros passos, uma pesquisa sobre a história do território, um diagnóstico dos principais problemas e das potencialidades e o mapeamento das instituições (estatais e da sociedade civil) atuantes na localidade. E esse ‘caminho’ para a intervenção os trabalhadores envolvidos nesses projetos conheceram no Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde (Proformar-Rio), desenvolvido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de janeiro (SMSDC-RJ). As iniciativas que serão implementadas foram selecionadas na 1° Mostra de Projetos de Intervenção do Proformar-Rio. Desenvolvidos a partir do trabalho de campo dos alunos, realizado nos locais de atuação dos agentes, eles serão financiados com recursos da Secretaria.


 Dezenove comunidades do Rio de Janeiro deverão passar por projetos de intervenção relacionados à vigilância em saúde no próximo ano. 

Dezenove comunidades do Rio de Janeiro deverão passar por projetos de intervenção relacionados à vigilância em saúde no próximo ano. 


Os projetos passaram por três etapas de seleção. A primeira se deu no âmbito das próprias turmas do curso; em seguida, concorreram entre si os trabalhos selecionados que compunham uma mesma Área de Planejamento (AP) — divisão administrativa do sistema de saúde do município; por fim, a seleção final analisou trabalhos de toda a cidade do Rio de Janeiro. Nesta última etapa, que acaba de ser concluída, os alunos fizeram uma apresentação oral dos projetos. A avaliação da banca — constituída por representantes da SMSDC e da EPSJV — levou em conta seis critérios como a relevância do problema identificado para a comunidade; a qualidade do diagnóstico; a factibilidade da intervenção proposta; a articulação entre a vigilância em saúde e a atenção básica; a identificação de parceiros potenciais; e a abrangência e o impacto potencial da intervenção. Embora 19 trabalhos tenham sido selecionados para financiamento, todos os 47 classificados para a etapa municipal serão publicados na revista Saúde em Foco, como resumo expandido. Além disso, o projeto Comunidade do Guacha recebeu menção honrosa.


Selecionado como o melhor da Mostra, o projeto do território Casa Branca, desenvolvido pelos alunos Marcelo Moreira, Milton de Jesus e Roberto Teixeira, tem como objetivo contribuir para uma melhor interação entre os moradores do Complexo do Borel, que engloba as favelas do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu. A falta de interação, de acordo com o diagnóstico feito pelos agentes, se deve ao fato de essas comunidades terem sido ‘dominadas’ por facções diferentes do tráfico de drogas até um passado recente — antes da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Para isso, os autores apostam na criação do Dia da Interação, marcado por eventos e ações sociais que envolvam a população de todo o complexo. A parte do projeto que deverá ser financiada pela secretaria de saúde chama-se ‘Esporte é saúde’ e consiste na realização de um campeonato de futebol entre as três comunidades.


Formação dos agentes


Essa Mostra acontece após o encerramento do curso, que formou quase mil agentes de vigilância em saúde do município do Rio de Janeiro de agosto de 2010 até o fim de 2011. O objetivo principal, que se reflete nos trabalhos de campo, foi garantir que esses trabalhadores possam identificar problemas do território que tenham relação com as questões de saúde para, a partir daí, elaborar e participar de propostas de intervenção. As três unidades de aprendizagem, que totalizaram 400 horas, trataram dos temas ‘Vigilância em Saúde e novas práticas locais’, ‘Trabalho, condições de vida e situação de saúde’ e ‘Promoção e proteção da saúde’. “O diferencial do Proformar-Rio é o trabalho de articulação que será feito entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica. No município, cada equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) terá um agente de vigilância em saúde, como preconiza o Ministério da Saúde”, observa o coordenador geral do Proformar-Rio pela EPSJV, Mauro Gomes.


Embora fosse de mais curta duração, esse curso foi pensado já na perspectiva de itinerário formativo, prevendo a possibilidade de ampliação da formação desses trabalhadores. E deu certo: a partir de 2012, a EPSJV, por meio da mesma parceria com a secretaria de saúde do Rio de Janeiro, vai oferecer o curso técnico de vigilância em saúde para dez turmas de trabalhadores do município. A ideia é que façam a formação técnica, neste momento, 300 agentes que atuam no município: 270 egressos do Proformar-Rio e 30 egressos do Proformar Nacional , que foi uma experiência anterior. O curso técnico completo terá 1600 horas, incluindo o aproveitamento das 400 que já foram cumpridas durante o Proformar-Rio.


Publicado em 21/12/2011.

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