Agência Fiocruz de Notícias

Saúde, meio ambiente e cultura na Amazônia são as temáticas abordadas pelos artigos do recém-lançado suplemento da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, editada pela Casa Oswaldo Cruz (COC) da Fiocruz. Segundo a editora convidada, Stella Oswaldo Cruz Penido, a idéia desta edição surgiu durante um seminário, realizado em 2005 na Fiocruz Amazonas, que abordava os 100 anos da visita de Oswaldo Cruz à região.

E é justamente esse o assunto que abre os trabalhos apresentados no suplemento. Os pesquisadores Júlio Schweickardt e Nísia Lima realizaram uma análise dos relatórios das duas viagens científicas do Instituto Oswaldo Cruz à Amazônia, em 1910 e 1913, sob o comando do próprio Oswaldo Cruz e do cientista Carlos Chagas. No texto, Schweickardt e Nísia esclarecem como esses documentos colaboraram para construção de representações e imagens sobre a região e possibilitaram o levantamento de questões para o estudo e controle de doenças tropicais, em especial a malária.

A revista também traz um artigo de autoria do historiador Fernando Dumas dos Santos, que descreve em um contexto histórico o povo que vive ao longo do rio Negro, afluente brasileiro da bacia do Amazonas. De acordo com o pesquisador, na região, o contato entre a sociedade brasileira e os diversos grupos indígenas, autóctones e catequizados, foi determinante para a constituição da identidade cabocla do território.

Um outro destaque do volume é um estudo escrito pelos pesquisadores Rodrigo César Magalhães e Marcos Chor Maio, que avaliaram as relações entre ciência e desenvolvimento no pós-Segunda Guerra Mundial a partir do debate em torno do projeto de criação do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (ILHA). A proposta do ILHA, criada em 1946 durante uma conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), surgiu a partir da controversa discussão sobre a internacionalização da Amazônia. Caberia ao ILHA realizar na região pesquisas em botânica, química, zoologia, geologia, meteorologia, antropologia e saúde. Os cientistas apontam no artigo que o debate no Brasil motivado pelo projeto do ILHA e seu desfecho consolidaram um modelo de desenvolvimento para a Amazônia que permanece até hoje nas iniciativas pautadas para a área.         

Na seção Depoimento, as pesquisadoras Stella Penido e Ruth Martins apresentam entrevista com o médico Marcos Barros, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Barros fala sobre meio ambiente e doenças tropicais na Amazônia e diz ser fundamental adotar a homeopatia, a acupuntura e os conhecimentos e práticas indígenas na cura de enfermidades. A revista ainda oferece o chamado Dossiê Baniwa, que traz para os leitores uma cópia em DVD do documentário Baniwa, uma história de plantas e curas, de Stella Penido. O filme trata das práticas tradicionais de cura da cultura do povo indígena do alto rio Negro.

Além do DVD, pode-se conferir três artigos sobre o tema. O primeiro é um relato da própria Stella sobre a experiência de realização do documentário. O segundo, uma resenha do filme por Marco Antonio Gonçalves, pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O último é um depoimento de André Fernando, diretor da Federação das Organizações Indígenas do rio Negro, que comenta, por exemplo, o ponto de vista do povo Baniwa sobre o “mundo sustentável” e como esse povo participa de seminários para discutir o acesso a seus conhecimentos tradicionais. Estes e outros artigos são encontrados no site da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos.

A versão impressa da revista custa R$ 25 e tem 336 páginas.

Assinaturas de História, Ciências, Saúde – Manguinhos:

Individual: R$ 55 (Brasil) ou US$ 60 (exterior)

Institucional: R$ 80 (Brasil) ou US$ 90 (exterior)