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26/01/2007

Aprovados projetos para a segunda fase da vacina terapêutica contra a Aids

Paula Lourenço


O Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade técnico-científica da Fiocruz em Pernambuco, conseguiu aprovar, junto ao Ministério da Saúde (MS), recursos para iniciar a segunda fase da vacina terapêutica contra a Aids. A primeira etapa reduziu em até 80% a presença do HIV em brasileiros infectados pelo vírus, em 2004. A nova fase, coordenada pelos pesquisadores – responsável pelo início dos estudos – e da Fiocruz, terá cerca de R$ 2 milhões para as atividades.


 Ernesto Marques Júnior, coordenador do Lavite (Foto: Bruna Cruz)

Ernesto Marques Júnior, coordenador do Lavite (Foto: Bruna Cruz)


A verba será garantida pelo processo licitatório nº 769/2006, voltado a projetos de pesquisas em vacina anti-HIV. Os recursos são do Programa Nacional de DST/Aids, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS e também tem verba da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que liberou mais de US$ 100 mil para 19 projetos nessa área no Brasil. Do CPqAM foram aprovados os seguintes projetos voltados à segunda fase da vacina: Estudo da fase 2 da vacina terapêutica para HIV com células dendríticas autólogas primadas com vírus autólogos inativados, coordenado por Luiz Cláudio Arraes; e Direcionamento de seqüências de aminoácido de HIV – 1 conservadas imunogeneticamente ao compartimento do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) classe 2 com sinal de tráfego celular da proteína da membrana do lisossomo (LAMP-1), coordenado por Ernesto Marques Júnior.


 O pesquisador Luiz Cláudio Arraes (Foto: Bruna Cruz)

O pesquisador Luiz Cláudio Arraes (Foto: Bruna Cruz)


De acordo Arraes, a segunda fase, que deverá ser iniciada em breve, terá o objetivo de aumentar a potência do tratamento e será aplicado não só em brasileiros, mas também em voluntários da França, da Bélgica e dos Estados Unidos. Eles virão ao Brasil se submeter aos testes. Na primeira etapa, 18 pacientes soropositivos se submeteram aos testes com a vacina no Recife durante três anos. Após o tratamento, o vírus sequer foi detectado em oito deles, por quase 24 meses. Os resultados foram publicados, em dezembro de 2004, na revista Nature Medicine. À época, o documento foi assinado por Jean Marie Andrieu, Luiz Cláudio Arraes, Wei Lu e Wylla Tatiana Ferreira. Agora, serão 40 pacientes que receberão o tratamento com a dosagem mais concentrada.


A vacina é obtida a partir do sangue e do vírus retirados das próprias pessoas infectadas pelo HIV e submetidas ao tratamento. Dessa porção, os pesquisadores isolam o vírus, fazendo sua desativação e junção com as células responsáveis pela defesa do organismo, chamadas células dendríticas. Por ser terapêutica, a vacina não tem caráter preventivo e é testada em pacientes soropositivos que ainda não se submeteram às drogas do coquetel anti-Aids. Se ela realmente surtir efeito e for produzida em escala comercial – o que só poderá ser dito em dez anos – os soropositivos poderão tomar somente a vacina, em vez de vários remédios.


A segunda fase da pesquisa terá o apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A nova etapa também contará com projetos parceiros com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), aprovados pela seleção do MS com base na primeira fase da pesquisa da vacina terapêutica. São eles: Estudo sobre imunômica funcional de células dendríticas derivadas de monócitos pulsadas com vírus autólogo ou antígenos de HIV, coordenado por Alberto José da Silva Duarte; e Indução de imunidade de mucosa pela vacina de DNA quimérica LAMP/p55-gag do HIV associada à oligodeoxinucleotídeos CpG em neonatos murinos: influência das células dendríticas na ativação de células T CD4+ e TDCD8+, de Maria Notomi Sato.

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