Início do conteúdo

10/08/2010

Artigo aponta alta prevalência de constipação intestinal em Pelotas

Renata Moehlecke


A constipação intestinal é uma queixa digestiva comum e pode ser um sintoma inicial de doenças mais graves, como o câncer colorretal, quinto mais frequente entre homens e o quarto entre mulheres no Brasil. Além disso, cronicidade dos sintomas somada à falta de orientação terapêutica adequada e ao uso abusivo de laxantes podem ter acarretar no surgimento de outros problemas como hemorróidas e fissuras anais. Ao considerar a importância da queixa e a constatação da ausência de estudos populacionais no Brasil sobre o tema, pesquisadores da Universidade Católica de Pelotas estimaram a prevalência do problema em quase 3 mil moradores, com mais de 20 anos, do município rio-grandense. A pesquisa identificou que 26,9% dos consultados sofrem com constipação intestinal e que as mulheres apresentaram 2,5 mais chances de tê-la do que os homens.


 Para ambos os sexos, os pesquisadores tomaram dois critérios que mais se destacaram nos relatos para a definição de constipação: a sensação de evacuação incompleta ou de obstrução anorretal

Para ambos os sexos, os pesquisadores tomaram dois critérios que mais se destacaram nos relatos para a definição de constipação: a sensação de evacuação incompleta ou de obstrução anorretal


“Esse é o primeiro estudo de base populacional realizado no país com o objetivo de investigar a prevalência e fatores associados a essa queixa em adultos”, afirmam os estudiosos em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “Os resultados do estudo permitem concluir que constipação intestinal é uma doença com elevada prevalência na população estudada, igualmente ao que ocorre em outros países”. Os indivíduos entrevistados apresentaram uma média de idade de 44,5 anos, sendo o problema mais frequente nas mulheres (37%), nos indivíduos de cor de pele preta ou parda (33,4%) e entre aqueles de nível socioeconômico D/E (32%).


Para ambos os sexos, os pesquisadores tomaram dois critérios que mais se destacaram nos relatos para a definição de constipação: a sensação de evacuação incompleta ou de obstrução anorretal. O número de evacuações semanais inferiores a três foi duas vezes mais frequente em mulheres do que entre homens. “Entre os homens, na análise ajustada, mostraram-se como fatores de risco idade maior que 60 anos, cor de pele preta/parda e menor nível econômico”, explicam os estudiosos. “Entre as mulheres, idade teve relação inversa com o desfecho, apresentando efeito protetor entre as idosas”.


No que se refere a medidas utilizadas para auxiliar o funcionamento intestinal, os consultados relataram a ingestão de alimentos como frutas, vegetais, iogurtes e chás, o uso de laxantes e a prática de atividade física. “Do total da amostra, 36% referiram usar alguma ajuda. O uso entre as mulheres (47%) foi duas vezes maior do que entre os homens (21,6%)”, comentam os pesquisadores. Ademais, eles apontam que, dentre esses indivíduos que referiram usar alguma ajuda, 22,4% citaram o uso de laxantes.


“Baseando-se nos resultados obtidos no estudo, recomenda-se que outras pesquisas populacionais sejam realizadas com o intuito de avaliar outros possíveis fatores associados à constipação intestinal, como por exemplo, fatores comportamentais, principalmente o hábito alimentar e o uso de medicamentos, uma vez que o entendimento da distribuição da patologia entre os subgrupos é uma importante ferramenta na prática clínica na orientação do diagnóstico e conduta terapêutica para grupos específicos”, concluem os pesquisadores.


Publicado em 9/8/2010.

Voltar ao topo Voltar