Início do conteúdo

16/04/2007

Artigo aponta os motivos que levam o homem a ir pouco ao médico

Roberta Monteiro


Entre as principais prioridades apresentadas pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante a cerimônia de posse no cargo, em março, está a instituição da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, que visa combater o câncer de próstata, alcoolismo, tabagismo e obesidade. A preocupação com a saúde do homem é um tema que acompanha a carreira do pesquisador Romeu Gomes, do Instituto Fernandes Figueira (IFF), uma unidade da Fiocruz, em vários de seus estudos. Em artigo publicado nos Cadernos de Saúde Pública, Gomes propõe uma reflexão sobre a saúde do homem, ressaltando os principais motivos que os levam a procurarem pouco os serviços de saúde. O título do artigo é Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior.


 <EM>O pensador</EM> (1881), de Auguste Rodin (Acervo do Museu Rodin)

O pensador (1881), de Auguste Rodin (Acervo do Museu Rodin)


Segundo o pesquisador, mesmo os homens sendo as principais vítimas de doenças crônicas e de problemas de saúde que podem levar à morte, a procura pelos serviços de atenção primária à saúde por homens ainda é muito baixa, comparada a de mulheres. Para analisar os principais motivos que levam à falta de atenção com a própria saúde e verificar se há relação com o grau de instrução, o pesquisador entrevistou 28 homens, sendo dez com baixa escolaridade, oito com ensino superior completo e dez médicos urologistas, que auxiliaram no estudo. Em comum, todos os entrevistados residiam ou trabalhavam na cidade do Rio de Janeiro e tinham idade acima de 40 anos, já que o foco da pesquisa é a falta de prevenção do câncer de próstata.


Para os entrevistados de baixa escolaridade, os horários de funcionamento dos serviços públicos de saúde, que coincidem com o horário do expediente, e a falta de serviços especializados dificultam a procura por consultas médicas e exames preventivos. Já os homens com maior nível de escolaridade, talvez pelo fato de terem maior renda e possibilidade de acesso aos planos de saúde, não apresentaram estes motivos. Entretanto, mesmo considerando que deveriam cuidar de sua saúde, afirmaram que nem sempre agem de acordo com essa idéia.


Gomes explica que a maioria dos entrevistados, independente do grau de escolaridade, defende a influência dos aspectos morais, éticos e culturais, que rejeitam comportamentos tidos como femininos. “Muitos homens têm dificuldade de expor os sentimentos, pois falar de seus problemas de saúde pode significar uma demonstração de fraqueza perante os outros”, diz.


Outros motivos relatados por ambos os grupos se relaciona ao medo de descobrir uma doença grave e a vergonha de expor o corpo perante o profissional de saúde, o que não acontece tanto com as mulheres, que são estimuladas a freqüentar o ginecologista desde cedo. “Os serviços de saúde não estão voltados para a saúde do homem e a nossa cultura vê o homem como ser invulnerável, o que acaba contribuindo para que ele se cuide menos e mais se exponha a situações de risco”, ressalta o pesquisador.

Voltar ao topo Voltar