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15/04/2009

Artigo aponta que moradores de Pelotas podem estar se alimentando mal

Renata Moehlecke


Entre as principais causas da obesidade, do sobrepeso e de doenças crônicas não transmissíveis está a alimentação inadequada. Com o objetivo de promover hábitos alimentares saudáveis e combater essas doenças, no Brasil, o Ministério da Saúde elaborou, em 2004, uma estratégia chamada Dez Passos para a Alimentação Saudável. Pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, resolveram medir a frequência com que a população adulta da cidade segue esses passos. O estudo, publicado na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, é o primeiro de base populacional que verifica a frequência de adesão a estratégia e incluiu 3.136 participantes, dos quais apenas 1,1% afirmou adotar todos os passos recomendados.


 Crianças têm aula sobre alimentação saudável em colégio

Crianças têm aula sobre alimentação saudável em colégio


Segundo os pesquisadores, 56,1% dos entrevistados eram mulheres, 43,3% encontravam-se entre os 20 e 39 anos, 51,4% apresentava excesso de peso e 15,4% eram obesos. “O número médio de passos foi seis e o mais frequente foi o de número 4 (reduza o consumo de sal), sendo que, aproximadamente 90% dos indivíduos informaram não adicionar sal aos alimentos já prontos”, comentam os estudiosos. “A prática de atividade física (número 10) foi o passo que menor frequência apresentou: menos de 30% da população faziam atividade física regular”.


Em quase todos os passos, de acordo com os pesquisadores, as mulheres mostraram percentuais mais adequados, com exceção dos passos 2 (consumo de feijão uma vez por dia, pelo menos quatro vezes na semana), 6 (consumo de doces, bolos, biscoitos no máximo duas vezes por semana) e 10 (prática de 30 minutos de atividades físicas diariamente), o qual os homens apresentaram maior adesão. Além disso, o aumento da idade esteve associado diretamente com a adesão dos passos, com exceção dos passos 2, 9 (manutenção do IMC entre 18,5 e 24,9kg/m) e 10.


“Apenas o passo 3 (consumo de alimentos gordurosos no máximo uma vez por semana) não mostrou relação com escolaridade, sendo a maioria dos passos mais freqüentes entre os indivíduos de menor escolaridade”, destacam os pesquisadores. “Os passos 1 (consumo diário de frutas, verduras e legumes), 9 e 10 foram maiores entre os escolarizados”. Os resultados ainda apontaram que o passo 5 (recomendação de três refeições diárias e um lanche) é seguido por metade (57,1%) dos participantes. No que diz respeito ao passo 7 (evite consumo diário de álcool e refrigerantes), 20,3% dos indivíduos relataram ingerir diariamente essas bebidas. Quanto ao passo 8 (coma devagar), 52,9% dos participantes afirmaram que realizam a recomendação.


“A frequência de hábitos saudáveis de alimentação encontrada na população adulta de Pelotas foi baixa”, destacam os pesquisadores. “Considerando que hábitos saudáveis de alimentação estão inseridos em estruturas culturais, econômicas e políticas, é necessária maior ênfase na promoção de políticas dirigidas aos determinantes desses hábitos. Isso pode incluir ações que subsidiem a produção de alimentos saudáveis, controle de propagandas que incentivem o consumo de alimentos densamente energéticos e ações concretas que incentivem a prática de atividade física”.


Publicado em 15/4/2009.

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