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20/05/2016

Artigo associa exantemas por zika a Guillain-Barré e microcefalia

Fiocruz Bahia


Em artigo publicado na revista Emerging Infectious Diseases, vinculada ao Centers for Disease Control and Prevention (CDC), um grupo de pesquisadores da Fiocruz Bahia analisou a relação entre surtos de doença exantemática aguda (AEI, sigla em inglês) atribuída ao vírus zika e as ocorrências de síndrome de Guillain-Barré e de microcefalia. As doenças exantemáticas são enfermidades infecciosas nas quais os chamados exantemas (ou manifestações cutâneas) são considerados essenciais para o seu diagnóstico; nos casos avaliados na pesquisa, os exantemas podem ter sido essenciais para o diagnóstico de zika.

No estudo, intitulado Time Lags between Exanthematous Illnes Attributed to Zika Virus, Guillain-Barré Syndrome and Microcephaly, Salvador, Brazil, os pesquisadores analisaram as curvas epidemiológicas e as séries temporais das ocorrências das enfermidades na cidade de Salvador em 2015. Os resultados apontaram uma maior correlação entre o surto de AEI e de Guillain-Barré após um intervalo de cinco a nove semanas.

No que se refere à microcefalia em recém-nascidos, a correlação com os surtos de AIE e a mal-formação congênita se deu após o intervalo de 30 a 33 semanas. Esse último achado sugere que, se as mães de crianças nascidas com microcefalia foram realmente infectadas pelo vírus zika, o mais provável é que esta infecção tenha ocorrido no primeiro trimestre de gravidez. Contribui com esta perspectiva a substancial diminuição da incidência de manifestações congênitas após o seu pico em dezembro de 2015 (31,4 casos por 1.000 nascidos vivos neste mês). O artigo destaca o fato que essa redução, em particular, ocorreu 7-8 meses após o pico do surto de AIE, em maio do mesmo ano.

Assinam o trabalho o pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador da pesquisa, Guilherme Ribeiro; os pesquisadores Mitermayer Reis e Monaise Silva, ambos da Fiocruz Bahia; Igor Paploski e Mariana Kikuti, da Universidade Federal da Bahia; Uriel Kitron e Lance Waller, da Universidade de Emory (EUA); e Cristiane Cardoso e Ana Paula Prates, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.  

De acordo com Ribeiro, apesar do trabalho não permitir definir uma relação causal entre os eventos, as associações temporais identificadas fornecem importantes informações sobre o período gestacional em que uma infecção pelo vírus zika possivelmente confere maior risco para uma gestante desenvolver malformações congênitas. Este achado pode auxiliar as autoridades de saúde pública e de controle de vetores no direcionamento de esforços de controle e proteção mais eficazes. "Com as doenças infecciosas emergentes crescentes em todo o mundo, o investimento em vigilância em saúde pública na cidade, estado, país e no mundo é uma das forma mais rentável para ajudar a enfrentar esses desafios contínuos e crescentes", destaca o artigo.

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