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08/07/2010

Artigo de pesquisador da Fiocruz sobre a doença de Chagas é publicado na 'Nature'


Em sua mais recente edição, a revista inglesa Nature publicou artigo do pesquisador José Rodrigues Coura, do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Parte de um especial sobre a doença, o artigo de Coura, escrito em parceria com o pesquisador Pedro Albajar Viñas, aborda aspectos históricos, traça um panorama da situação atual da doença e analisa as perspectivas para os próximos anos, alertando para a possibilidade do agravo se tornar uma importante questão de saúde pública em diversas regiões do mundo onde não esteve presente até então.


 <EM>T. cruzi</EM> em amostra de sangue de paciente com caso agudo

T. cruzi em amostra de sangue de paciente com caso agudo


Com o título Chagas disease: a new worldwide challege, o artigo destaca a ameaça representada pela recente disseminação do Tripanossoma cruzi para diversas regiões do mundo, como América do Norte, Europa e oeste do Oceano Pacífico. Possibilitada pelos fluxos de migração populacional, essa disseminação representa, segundo os autores, um risco para a saúde pública mundial e revela a urgência da intensificação dos esforços no sentido de ampliar a informação e a vigilância sobre a doença de Chagas.


Os pesquisadores também destacam a importância da implementação de práticas de controle da transmissão vertical dos recém-nascidos e a adoção de testes para a presença do parasito em doações de sangue e transplante de órgãos, tanto nos países que recebem estas populações quanto nos países latino-americanos de origem que ainda não executam estas medidas de forma efetiva. Segundo o artigo, hoje já existem 300 mil indivíduos infectados pelo T. cruzi nos Estados Unidos, 5,5 mil no Canadá, 80 mil na Europa, 3 mil no Japão e 1,5 mil na Austrália.


Os movimentos migratórios ajudaram a disseminar o T. cruzi para regiões da América do Norte, Europa, Ásia e Oceania onde o parasito não ocorria, o que obriga a aplicação de medidas mais rígidas de controle e vigilância da doença de Chagas nos países de origem e de destino, segundo Coura.


O texto publicado no periódico inglês também narra a história da doença de Chagas, abordando a descoberta do T. cruzi em múmias chilenas com cerca de 9 mil anos e o estabelecimento do ciclo de transmissão humano da doença há poucos séculos, possibilitado pela expansão da ocupação humana para áreas florestais habitadas pelo barbeiro. Os pesquisadores abordam, ainda, as variações regionais das manifestações do agravo, que apresenta diferenças, por exemplo, em sua morbidade, ciclos de transmissão e prevalência.


"A Nature é uma das mais importantes publicações do mundo em termos de prestígio científico. Portanto, o artigo dá uma grande visibilidade à Fiocruz”, afirma Coura. O pesquisador aposta que, nos próximos anos, a pesquisa em doença de Chagas deve ser focada no desenvolvimento de novas drogas e novas estratégias de tratamento.


Publicado em 6/7/2010.

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