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22/11/2013

Artigo de pesquisadoras da Ensp avalia educação em saúde na cooperação tripartite

Informe Ensp


A cooperação internacional em saúde entre Brasil, Haiti e Cuba foi tema de artigo produzido pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Luisa Regina Pessôa, Joyce Andrade e Érica Kastrup, em parceria com Alcindo Antônio Ferla e Stela Meneghel, ambos da UFRGS, e Carlos Alberto Linger (Cris/Fiocruz), para a revista Saúde para Debate nº 49, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). O assunto foi explorado por meio da experiência desenvolvida entre a Escola, a Brigada Médica Cubana e a Direção Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde Pública e População do Haiti (MSPP), com foco no fortalecimento da Rede Haitiana de Vigilância, Pesquisa e Educação em Saúde.

De acordo com o trabalho, o formato Tripartite envolvendo três países do hemisfério sul, unidos sob preceitos de solidariedade, horizontalidade e não ingerência, tem inspiração nos princípios da Cooperação Sul-Sul, articulados sob a forma da cooperação triangular. Ele nasce apoiado nas experiências exitosas do Sistema Único de Saúde do Brasil e do Sistema de Saúde de Cuba e no reconhecimento da importante contribuição de profissionais de saúde cubanos para a Saúde Pública do Haiti nos últimos 14 anos.

Conforme exposto pelos autores, a participação da Fiocruz no projeto está orientada pela "Concepção Brasileira de Cooperação Sul-Sul Estruturante" que se centra na ideia do fortalecimento institucional dos sistemas de saúde dos países receptores da cooperação. Este paradigma integra formação de trabalhadores, fortalecimento organizacional, desenvolvimento institucional e rompe com a tradicional transferência passiva de conhecimentos e tecnologias.

Segundo o artigo, como uma das iniciativas do Ministério da Saúde do Brasil para o fortalecimento da capacidade institucional do Ministério da Saúde Pública e da População do Haiti e no âmbito dos projetos de responsabilidade da Fiocruz, surge a necessidade de se aprimorar o uso da informação e comunicação para a vigilância em saúde, educação e pesquisa, expresso pela proposta de criação da Rede Haitiana de Vigilância, Pesquisa e Educação na Saúde.

Para dar conta desse objetivo, foram traçados os seguintes componentes: apoiar a criação e implementação dos Espaços de Educação e Informação em Saúde (EEIS); fortalecer a formação de pessoal do sistema de saúde haitiano em vigilância em saúde e a implantação de sistemas de informação em saúde do MSPP do Haiti para apoiar a vigilância em saúde. No caso específico da vigilância em saúde, o desafio colocado propõe o desenvolvimento de capacidades institucionais para uma aprendizagem pela inteligência individual e institucional.

A publicação evidencia que os EEIS, primeira etapa do projeto, coordenam o processo de análise da situação de saúde, que inclui a observação dos indicadores territoriais, a construção de mapas explicativos, as investigações epidemiológicas e operacionais, o estudo das políticas nacionais de saúde e das iniciativas do Ministério da Saúde e planejamento para a qualificação do sistema de saúde no seu território.

O artigo explica que a formação de quadros de pessoal em vigilância em saúde, segundo componente do projeto, contempla a construção permanente, ao longo do processo formativo, assumindo compromisso educativo com a observação dos problemas compreendidos no dia a dia do trabalho e da cultura local. Neste sentido, está vinculada diretamente às práticas de trabalho cotidiano como norteadoras da aprendizagem, constituindo a articulação das abordagens didático-pedagógicas com problemas e vivências reais.

De acordo com o texto, o projeto pretende o desenvolvimento de tecnologias de apoio à aprendizagem, de tal forma que inclua a operação do sistema de vigilância em saúde, fortalecendo esse sistema. Ou seja, a estratégia de ensino também é uma estratégia para construir e operar a Rede Haitiana, constituindo uma aliança entre a formação e o serviço em que a aprendizagem se articula ética e operacionalmente com a qualificação do serviço.

A terceira proposta explicitada no artigo são os sistemas de informação para apoio à vigilância em saúde, que consiste na reorganização do sistema de vigilância epidemiológica, revendo seus processos e buscando agilizar os fluxos de informação. Neste componente, a primeira operação descrita é a reorganização dos sistemas de registro e notificação. As etapas básicas desse processo são: a definição de formulários de registro, a identificação de usuários/profissionais/serviços, a modelagem de fluxos e o desenvolvimento de tecnologias de comunicação.

O projeto Tripartite entre Brasil, Haiti e Cuba encontra-se em desenvolvimento. Segundo a publicação, os primeiros Espaços de Educação e Informação em Saúde deverão estar concluídos até o final de 2013.

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