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11/01/2010

Artigos indicam alta prevalência de sedentarismo entre estudantes de SC

Renata Moehlecke


Embora o ambiente universitário possa oferecer um amplo espectro de informações e de oportunidades para prática de atividade física, proporção significativa de acadêmicos não apresenta comportamento regularmente ativo. Isso foi o que apontou um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais do Oeste do Paraná e de Santa Catarina, que analisou a associação entre os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física e o estado nutricional de 862 universitários de Santa Catarina (SC). A pesquisa, publicada na revista Cadernos de Saúde Pública (CSP) da Fiocruz, concluiu que 68,4% dos estudantes analisados eram inativos fisicamente.


 Os resultados mostram que 32% dos universitários se encontram no estágio de contemplação (inativos)

Os resultados mostram que 32% dos universitários se encontram no estágio de contemplação (inativos)


Para o estudo, os pesquisadores buscaram agrupar os estágios de mudança de comportamento em duas categorias: ativos (ação e manutenção) e inativos (pré-contemplação, contemplação e preparação para realização de atividade física). Os resultados indicaram que em 32% dos casos os universitários se encontram no estágio de contemplação e em 29,5%, no de preparação. “Observou-se maior proporção de universitários do sexo feminino no estágio de contemplação (44%) e do masculino no de preparação (31,3%)”, comentam os pesquisadores. “A prevalência da inatividade física foi superior no sexo feminino (76,5%) quando comparada ao sexo masculino (62,7%)”. 


Além disso, a pesquisa também destacou que uma maior proporção de universitários com baixo peso e obesidade no estágio pré-contemplação e aqueles com sobrepeso, no estágio manutenção. Em relação ao sexo, a prevalência de baixo peso foi superior no feminino (15%) quando comparada ao masculino (5,6%). “Essa maior proporção pode ser atribuída à preocupação das mulheres com a aparência corporal e o ‘culto à magreza’. Ademais, mulheres universitárias desejam reduzir o tamanho da silhueta corporal, independentemente do seu estado nutricional”, afirmam os pesquisadores.


A prevalência de sobrepeso e obesidade encontrada nos estudantes analisados foi de 12,4% e 1,7%, respectivamente, taxas superiores às verificadas em pesquisas realizadas com amostras locais e inferiores às nacionais. “O status do peso corporal parece ser um indicativo que pode afetar o desejo e a motivação para participar de atividade física, uma vez que os alunos tanto com baixo peso quanto aqueles com sobrepeso possuem uma tendência para comportamentos sedentários”, explicam os pesquisadores. “Os resultados encontrados demonstram a importância da adoção de práticas regulares de atividade física e de hábitos alimentares saudáveis. A divulgação de mensagens sobre os benefícios da atividade física e as desvantagens do estilo de vida sedentário no meio acadêmico é fortemente recomendável”.    


Um outro estudo, também realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e igualmente publicado na revista CSP, avaliou as prevalências e fatores associados à atividade física insuficiente, comportamento sedentário e ausência nas aulas de educação física de 5.028 alunos de escolas públicas do estado. A prevalência adolescentes insuficientemente ativos foi de 28,5% e a proporção destes foi maior dentre aqueles que consumem menos frutas e verduras e dentre os que estudam no período noturno.


“A prevalência de ausência nas aulas de educação física foi de 48,6% e associou-se negativamente à idade e com estar trabalhando”, revelam os estudiosos. “Os resultados demonstraram que 38,5% dos estudantes referiam comportamento sedentário de risco, com elevada frequência entre os que não trabalham, participam de duas ou mais sessões semanais de educação física e se deslocavam passivamente à escola”.


Segundo os pesquisadores, a participação nas aulas de educação física contribui para o aumento da atividade física habitual, mas representa apenas uma pequena parcela para alcançar o ideal de atividade física desejada. “Os resultados sugerem intervenções com estratégias específicas para cada comportamento analisado”, dizem os estudiosos. “Os programas de intervenção somente serão efetivos se houver um entendimento e controle dos fatores que influenciam e determinam a prática de atividade física, a diminuição de comportamento sedentário e a participação na educação física escolar”.


Publicado em 8/1/2010.

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