Início do conteúdo

26/07/2017

Atenção integral à saúde da criança é tema de simpósio

Aline Câmera (IFF/Fiocruz)


No dia em que o Estatuto da Criança e do Adolescente completou 27 anos de existência, a Academia Nacional de Medicina (ANM) reservou sua sessão nobre para discutir a importância da atenção integral à saúde na primeira infância. O evento, realizado no último dia 13, abordou a atuação da Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis (EBBS), do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), em iniciativa conjunta com o Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde (CGSCAM/MS).

Como já se tornou tradição, semanalmente os acadêmicos se reúnem com o intuito de contribuir para o desenvolvimento e o progresso não apenas da medicina, mas também de suas ciências correlatas. “Desde a fundação da ANM, em 1829, nos dedicamos a pensar os grandes temas da saúde pública. Na minha percepção, pensar a saúde das crianças significa pensar a saúde do Brasil. Elas são o futuro deste país e merecem toda a nossa atenção. Foi por isso que escolhi que este fosse o tema da sessão que encerra a minha gestão nesta Casa. Faço votos que a Academia continue abraçando a causa que é tão nobre”, ressaltou o presidente da Academia, Francisco Sampaio.

À frente da organização do Simpósio, o acadêmico José Gomes Temporão, que foi ministro da Saúde de 2007 a 2010, relembrou o surgimento da EBBS: “Esse trabalho começou a partir do acúmulo de experiências e do aprimoramento de novas abordagens e formas de enxergar o desenvolvimento infantil, vinculado ao desenvolvimento sustentável da nossa sociedade.  Quando eu comecei a pensar o Programa Mais Saúde, durante a minha gestão no MS, eu já apontava para a necessidade de um novo olhar para a questão da atenção integral à saúde da criança na perspectiva da promoção da saúde da nossa população. Foi muito importante levar para o meu plano a proposta inovadora do grupo da Liliane [Penello] de juntar a visão da saúde pública com a visão das neurociências e de várias outras disciplinas, não apenas a partir das contribuições conceituais, mas também de experiências robustas, incluindo o trabalho realizado em outros países”, declarou Temporão.

Convidada a dar início às apresentações do dia, a coordenadora da EBBS e também organizadora do evento, Liliane Penello, contextualizou os pilares da estratégia que, há uma década, vem trabalhando aliada às políticas públicas com uma proposta que considera a visão ampliada do cuidado articulada aos determinantes sociais e aos fatores psicológicos, afetivos e emocionais na produção de saúde e cidadania. Penello descreveu o processo de formulação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde  da Criança (PNAISC), coordenada pela  CGSCAM/MS e que contou com o apoio da EBBS desde sua fase inicial, por meio de um projeto piloto envolvendo seis municípios de diferentes regiões brasileiras: “Desde o início, nosso propósito foi pensar essa política levando em consideração a diversidade de realidades que temos no nosso país. Temos muitas infâncias. As especificidades dos territórios deveriam ser consideradas, caso contrário não teríamos uma política efetiva, com os retornos desejados”.

Outro enfoque apresentado por Liliane envolveu a ética do cuidado, os determinantes sociais e o ambiente facilitador à vida como aspectos orientadores do cuidado. “O bebê não existe sozinho. É impossível pensarmos o bebê sem o ambiente que o cerca, sem analisar a sua rede de cuidados e o contexto social em que ele está inserido. As condições de vida, saúde e bem-estar do cuidador impactam sobre o cuidado que transmite e na maneira com que se relaciona com sua criança. Isto será determinante para a constituição de um vínculo confiável, ampliando as chances de  desenvolvimento pleno. Desta forma, entendemos que a política deve considerar não apenas a criança, mas também o seu cuidador”, destacou ela.

Sob o contexto da Emergência Sanitária causada pela epidemia do vírus zika e os sérios acometimentos nas crianças, uma parceria entre a EBBS e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ) foi relevante para capacitar os profissionais da atenção básica envolvidos no atendimento a essas crianças e suas famílias. A experiência, apresentada pela coordenadora da EBBS, Liliana Lugarinho, e pela representante da SES, Thais Severino, reforçou a importância da integração entre as redes de atenção e as políticas públicas.  Dada a relevância da temática da Síndrome da Zika Congênita, o evento contou ainda com um painel dedicado às contribuições do estado do Maranhão no acompanhamento dos casos, além de uma apresentação da diretora do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes), do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare, sobre a estratégia de ação rápida adotada pelo MS e o plano que segue em curso para garantir a atenção integral à saúde das crianças e o apoio às famílias envolvidas.

Leia mais: Encontro debate atenção integral à criança em tempos de zika

Voltar ao topo Voltar