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16/05/2012

Aumento do volume de chuvas em Manaus pode trazer agravos de doenças

Graça Portela


As cheias que estão ocorrendo em Manaus e que devem ter seu ápice nos meses de junho e julho, devido ao aumento do volume de chuvas na região, conforme dados do Alerta de Cheias em Manaus 2012, produzido pela Superintendência Regional da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), podem trazer agravos de doenças como as hepatites virais, a leptospirose e a malária, dentre outras. Quem afirma isso é o coordenador do Observatório Clima e Saúde e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Christovam Barcellos. Para ele, as cheias “favorecerem o surgimento de surtos de doenças relacionadas à água, principalmente aquelas transmitidas por vetores, como a malária e dengue, bem como as doenças de veiculação hídrica, como a leptospirose, as hepatites virais e as diarreicas”.


 A elevação do nível do rio acima da cota de lançamento dos esgotos provoca a paralisação do fluxo de esgotos, tanto no sistema geral de coleta, quanto nos pequenos sistemas comunitários ou individuais

A elevação do nível do rio acima da cota de lançamento dos esgotos provoca a paralisação do fluxo de esgotos, tanto no sistema geral de coleta, quanto nos pequenos sistemas comunitários ou individuais


Dados da CPRM mostram que, no ano passado, a cheia atingiu 28,63 metros. Mas, até o dia 10 de maio, a cheia chegou a 29,61 metros, 16 centímetros a menos que a de 2009, que foi de 29,77 metros. Até o momento, dos 62 municípios do Amazonas, 45 estão em situação de emergência. Em Manaus, bairros às margens do Rio Negro estão alagados e as previsões apontam chuvas intensas durante os próximos dias em todo o estado. Segundo Christovam Barcellos, o aumento de volume nas águas do rio pode trazer a contaminação da água consumida pela população: “a elevação do nível do rio acima da cota de lançamento dos esgotos provoca a paralisação do fluxo de esgotos, tanto no sistema geral de coleta, quanto nos pequenos sistemas de esgotamento comunitários ou individuais. O retorno da carga de esgotos, nesse caso, pode provocar a contaminação da água usada para abastecimento na cidade. Ambos extremos de variação foram sentidos pela cidade em 2009, durante o qual foram registrados períodos prolongados de seca e cheia”, afirma. No site do observatório (http://www.climasaude.icict.fiocruz.br/manaus/) é possível obter as informações sobre a situação da cidade e acessar o relatório feito por pesquisadores, que estão acompanhando as cheias em Manaus. Além disso, estão disponíveis os dados sobre os agravos de dengue, lepstopirose e malária na região.


O pesquisador alerta que deve haver “nas próximas semanas, um aumento de casos de leptospirose e de diarreias em Manaus, principalmente nos bairros ao longo do Rio Negro”. Ele também chama a atenção para o aumento dos casos de malária, depois de julho, quando as águas começam a baixar, principalmente ao longo de igarapés, no interior do município”. Outro problema para a população, segundo Barcellos, é a invasão de cobras e outros animais peçonhentos, o que pode ser muito perigoso, principalmente para as crianças. “Isso ocorre todos os anos, mas neste ano existem condições mais severas do clima que estão aumentando os riscos de transmissão de doenças”.


Publicado em 15/5/2012.

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