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18/12/2020

Boletim InfoGripe indica queda mas com número de casos de SRAG ainda muito altos

Regina Castro (CCS/Fiocruz)


O Boletim Infogripe, publicado pela Fiocruz, indica nova queda de casos e de óbitos por Sindrome Respiratória Aguda (SRAG), porém mantendo valores acima do mínimo observado ao final de outubro. O estudo alerta que a ocorrência de casos e óbitos semanais continua muito alta e na zona de risco até o término da semana 50, de 6 a 12 de dezembro. A análise tem com base dados inseridos no Sivep-gripe até 14 de dezembro. Entre os resultados positivos para os vírus respiratórios, cerca e 97,7% são em consequência do novo coronavirus. O Boletim pode ser acessado aqui.

 

“Todas as regiões também se encontram na zona de risco, com ocorrências de casos e óbitos muito altas. É importante ressaltar que os dados aqui apresentados devem ser utilizados em combinação com demais indicadores relevantes, como a taxa de ocupação das respectivas regionais de saúde, por exemplo,”, ressaltou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Nas capitais e região de saúde central do Distrito Federal, o estudo mostra que Goiânia, Maceió e Salvador apresentaram sinal forte (prob. > 95%) de crescimento na tendência de longo prazo. Boa Vista, Campo Grande, Manaus e Região de Saúde Central do Distrito Federal (Plano Piloto de Brasília e arredores) apresentaram sinal moderado (prob. > 75%) de crescimento na tendência de longo prazo. Destas capitais, Campo Grande e Maceió e a Região Central de Saúde do Distrito Federal indicam cerca de seis semanas consecutivas com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Salvador nas últimas cinco e Manaus nas últimas seis semanas consecutivas.

Aracaju, Belo Horizonte, Cuiabá, João Pessoa, Palmas, Porto Velho, São Luís e São Paulo apresentam sinal de estabilidade após período de crescimento, sem registrar ainda sinal claro de redução no número de novos casos semanais. Já Rio de Janeiro e Curitiba apresentam tendência de possível reversão da tendência de crescimento observada ao longo do mês de novembro, registrando sinal moderado de queda nas tendências de longo e curto prazo na última semana.

Porto Alegre e Recife seguem apresentando sinais de subnotificação ou aumento significativo no atraso de digitação de casos no Sivep-Gripe há algumas semanas. Portanto, segundo a análise, os indicadores associados a essas capitais até o momento não são confiáveis para tomada de decisão.

Diante deste cenário, Marcelo Gomes destaca que - com exceção da capital fluminense e Curitiba - ainda não há indícios de reversão da tendência de crescimento apresentada nas últimas semanas. O pesquisador explica que foi observado apenas um sinal de possível interrupção desse crescimento.

”Os dados da presente atualização sugerem que parte das capitais, que apresentaram claro sinal de crescimento ao longo do mês de novembro, estão apresentando uma interrupção dessa tendência, embora sem sinais claros ainda de uma reversão para queda. Além disso, os dados das macrorregiões de saúde ainda apresentam uma situação de crescimento em boa parte do território”, informou.

Unidades

Em relação ao aumento de número de casos nos estados, o pesquisador afirma que, embora diversas capitais tenham apresentado interrupção da tendência de crescimento, a evolução no interior dos estados indica ainda um conjunto significativo de locais com manutenção da tendência de crescimento. O Boletim mostra que em apenas seis das 27 unidades federativas observa-se tendência de longo e curto prazo com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Nos demais 21 estados, há pelo menos uma macrorregião estadual com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado (probabilidade > 75%) ou forte (probabilidade > 95%) de crescimento. É o caso de Amazonas, Pará, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Notificações

A análise de notificações por grupo jurídico das unidades notificadoras ainda indica que em Manaus observa-se aumento nos casos semanais - tanto a partir das notificações de unidades de administração pública quanto entidades sem fins lucrativos. No entanto, segundo o Boletim, esse sinal não é observado a partir das notificações por entidades empresariais (que pode incluir empresas públicas). 

Em São Paulo foi verificado fenômeno similar. As notificações a partir da administração pública mantêm sinal de crescimento. Já as notificações a partir de unidade dos demais grupos jurídicos apontam reversão para sinal moderado de queda na tendência de longo prazo.

Nas capitais Aracaju, Cuiabá, João Pessoa, Natal e Palmas observa-se situação inversa. Um aumento significativo a partir de notificações de entidades empresariais (que podem incluir empresas públicas), não acompanhada nas notificações a partir de unidades de administração pública,

Porto Alegre apresenta sinais de aumento nas notificações a partir da administração pública e entidades empresariais (ainda que com aparentemente maior atraso nesta). O que não foi verificado nas notificações de entidades sem fins lucrativos, que respondem por parcela importante dos registros na capital gaúcha. 

Alerta para Pernambuco e Rio Grande do Sul 

Os registros de SRAG no Sivep-Gripe a partir das capitais Recife e Porto Alegre encontram-se subnotificados, ou seja, com aumento significativo no atraso de digitação, ou seja, a inserção no sistema. “Isso impacta significativamente as análises da capital, da macrorregião de saúde correspondente, e o agregado estadual. Portanto, as análises relativas a esses locais não devem ser utilizadas para tomada de decisão até que a situação seja normalizada”, ressaltou Gomes.

Alerta para Mato Grosso

Como já relatado em boletins anteriores, foi identificada diferença significativa entre as notificações de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no estado do Mato Grosso registradas no sistema nacional Sivep-gripe e os registros apresentados no sistema próprio do estado. Tal diferença se manteve até a presente atualização.

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