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26/03/2007

Brasil, Bolívia e Paraguai se unem em favor da educação profissional em saúde

Fernanda Marques


Fortalecer a formação de técnicos e auxiliares para a melhoria da atenção à saúde e ampliar as possibilidades de colaboração dentro da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (Rets) são os objetivos do termo de cooperação assinado por Brasil, Bolívia e Paraguai, no âmbito da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). As atividades já começaram e, em abril, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz – Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a educação de técnicos em saúde – será palco de um encontro de avaliação, durante o qual serão definidos os próximos passos dessa parceria.


 Primeira reunião de trabalho na Bolívia (Foto: Anakeila Stauffer)

Primeira reunião de trabalho na Bolívia (Foto: Anakeila Stauffer)


Ao lado da ESPSJV, conduzem a iniciativa a Escola Técnica de Saúde Boliviana Japonesa de Cooperação Andina e o Instituto Nacional de Saúde do Paraguai, além das representações da Opas dos três países. Não se trata de um país ensinar aos outros como se faz educação profissional em saúde, mas sim de possibilitar a troca de experiências entre as instituições envolvidas. As metas são consolidar as relações entre os países participantes e contribuir para a elevação do nível da atenção nos respectivos sistemas de saúde. Com esses propósitos, no final do ano passado houve duas reuniões: em novembro, em Cochabamba (Bolívia); e em dezembro, em Assunção (Paraguai).


Visita à Bolívia


A reunião realizada na Bolívia teve duração de duas semanas. No encontro, foram debatidos temas como metodologia educativa, avaliação da aprendizagem e planificação curricular. De forma mais específica, foram discutidos assuntos pertinentes aos cursos de informações e registros em saúde e manutenção de equipamentos de saúde.


A elaboração de materiais didáticos foi outro ponto importante na pauta da reunião. A EPSJV apresentou sua experiência na produção desses materiais, tendo como referencial teórico-metodológico a construção compartilhada do conhecimento. Os centros de formação bolivianos também mostraram seus trabalhos nessa área. “São materiais que chamam a atenção pelo cuidado com a imagem. São quase artesanais, pois se destinam a uma população com pouco acesso à leitura e à escrita”, descreveu a pedagoga Anakeila Stauffer, da vice-direção de Ensino e Informação da EPSJV.


A equipe da Fiocruz também teve contato com o trabalho sobre interculturalidade que é feito na Bolívia, devido às várias etnias que compõem a população daquele país. Na Escola Técnica de Saúde do Chaco Boliviano Tekove Katu, por exemplo, convivem alunos de 15 etnias diferentes. “A religião e a espiritualidade e suas relações com as práticas médicas são muito mais fortes na Bolívia. E os professores que atuam na formação dos profissionais de saúde naquele país estão atentos a essas questões”, disse Anakeila.


Mas um dos principais resultados do encontro foi a constatação de que Bolívia e Brasil têm significados diferentes para o termo público. “Para ser atendido em um hospital público boliviano é preciso pagar uma taxa. A concepção de público que eles trazem é bastante distinta da nossa, visto que exigimos assistência médica gratuita e temos consciência de que pagamos por ela, por meio dos impostos. Isso tem a ver com a forma como o neoliberalismo se implantou em cada sociedade e tem que ser levado em consideração nas discussões sobre a saúde nos países”, concluiu Anakeila.

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