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07/07/2008

Brasil e Portugal discutem a saúde pública em simpósio

Ricardo Valverde


Organizado pela Fiocruz, o Simpósio sobre Saúde Brasil – Portugal 200 anos começou nesta segunda-feira (7/7) trazendo na programação discussões sobre as políticas nacionais de saúde no Brasil e em Portugal; aspectos históricos sobre a medicina na metrópole portuguesa e no Brasil Colônia; características sobre as academias nacionais de Medicina do Brasil e Portugal; e cooperação em saúde entre os dois países. A abertura do evento contou com as presenças dos ministros da Saúde dos dois países, dos presidentes das academias de Medicina, do presidente da Fiocruz e de diversos dirigentes do setor. Nos discursos foram lembrados os laços históricos entre Brasil e Portugal, que no momento encontram no ministro da Saúde brasileiro, o médico José Gomes Temporão, um exemplo dessa união intercontinental.


 

 O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, a ministra da Saúde de Portugal, Ana Jorge, o ministro José Gomes Temporão e o presidente da Academia Nacional de Medicina, Marcos Moraes (Foto: Peter Ilicciev)

O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, a ministra da Saúde de Portugal, Ana Jorge, o ministro José Gomes Temporão e o presidente da Academia Nacional de Medicina, Marcos Moraes (Foto: Peter Ilicciev)


Temporão, que nasceu em Portugal e chegou ao Brasil com 1 ano de idade, recordou a vinda com a família para o país no navio Norte King, que fez em 20 dias a viagem de Lisboa ao Rio de Janeiro. O ministro comentou ainda suas visitas a Portugal e lembrou que como pesquisador da Fiocruz participou da feitura de outros acordos de cooperação luso-brasileira. Ao assumir o cargo, quis fortalecer as relações bilaterais na saúde, intensificar o intercâmbio entre pesquisadores dos dois lados do Atlântico e promover o conhecimento de experiências exitosas. "Para nós é de extrema importância conhecer, por exemplo, a gestão dos serviços públicos de saúde em Portugal, num momento em que estamos discutindo este tema aqui", afirmou Temporão, que agradeceu ao presidente da Fiocruz, Paulo Buss, pelo empenho na organização do evento.


A ministra da Saúde de Portugal, Ana Jorge, fez uma breve análise histórica de como estava a medicina na época em que Dom João VI chegou à colônia - ainda bastante rudimentar. Com mais de 80% de sua população composta por analfabetos, Portugal apresentava índices sanitários constrangedores e que demoraram muito para serem modificados. Ela ainda traçou um panorama da evolução política e social de seu país, que saiu de uma monarquia centralizadora para uma república frágil - anos em que um rei e um primeiro-ministro foram assassinados por militantes políticos - e em seguida enfrentou décadas de ditadura salazarista. Ana Jorge argumentou sobre o bem que a democracia - instalada a partir da Revolução dos Cravos, em 1974 - fez a Portugal, o que inclui, evidentemente, a situação da saúde. Com a liberdade e a entrada na União Européia, o país evoluiu socialmente. "Se nos anos 70 a mortalidade infantil estava em cerca de 53 por mil, hoje caiu para 4 por mil", destacou Ana.


Nesta terça-feira (8/7) o auditório térreo da Ensp, em Manguinhos, abrigará o Simpósio das Escolas Nacionais de Saúde Pública Brasil-Portugal, um dos quatro eventos da programação do Simpósio sobre Saúde Brasil-Portugal 200 anos.


O evento pretende rememorar a chegada de Dom João VI e da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, o que abriu uma série de oportunidades para a então colônia: abertura dos portos, criação de duas escolas médicas no Rio de Janeiro e Bahia , do Jardim Botânico e do Banco do Brasil, entre outras iniciativas, das quais muitas tiveram a ver com saúde e ambiente.


 Pintura de Geoff Hunt mostra a nau Príncipe Real em primeiro plano, enquanto a embarcação inglesa Marlborough dispara uma salva, na chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, em 7 de março de 1808 (Foto: <EM>site </EM>Casa Imperial do Brasil, a partir de coleção particular de Kenneth H. Light) 

 Pintura de Geoff Hunt mostra a nau Príncipe Real em primeiro plano, enquanto a embarcação inglesa Marlborough dispara uma salva, na chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, em 7 de março de 1808 (Foto: site Casa Imperial do Brasil, a partir de coleção particular de Kenneth H. Light) 


Durante o evento, que prosseguirá até 9 de julho, haverá simpósios simultaneos sobre diferentes temáticas na área da saúde pública. A abertura contará com os ministros da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão, e de Portugal, Ana Jorge. Segundo os coordenadores, o simpósio iniciará um programa de cooperação em saúde entre Brasil e Portugal para os próximos cinco anos (2008-2013), reunindo os ministérios, os institutos nacionais de saúde, as escolas de saúde pública e as academias nacionais de medicina dos dois países.


Nesta segunda-feira também será inaugurada, no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, a exposição Saúde e medicina no Brasil e Portugal – 200 anos. A exposição faz parte das comemorações da chegada da Corte portuguesa ao Brasil. Dentro das comemorações haverá também um simpósio internacional que reunirá as academias nacionais de Saúde do Brasil e de Portugal. A exposição tem curadoria-geral de Helena Severo e apoio da Faperj, do Ministério da Saúde e da Fiocruz, entre outros patrocinadores. A programação completa pode ser acessada aqui.

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