29/08/2022
A revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) publicou um número temático contendo resultados de pesquisa sobre financeirização do setor saúde no Brasil. Em editorial, os pesquisadores Ligia Bahia e Mário Scheffer explicam que a investigação foi inspirada pela acelerada expansão de empresas e grupos empresariais na saúde no Brasil, implicitamente justificada pelos limites fiscais e pelo “desenvolvimento” advindo do potencial transformador dos empreendimentos privados.
O estudo percorre antecedentes, instituições, agentes, mecanismos e estratégias que facilitaram a penetração do capital privado no sistema de saúde brasileiro, bem como o surgimento de novas práticas e ativos que o distinguem na atualidade. O esforço de pesquisa dialoga com produção empírica estrangeira que argumenta sobre o aprofundamento da financeirização, representativo de ameaças concretas aos princípios organizadores de sistemas universais.
Os artigos do suplemento contemplam a história mais recente da formação de capital na saúde no Brasil, robustecendo mercados já arraigados, mas também diversifica negócios e oportunidades de acumulação, em nome da suposta modernização do sistema de saúde.
O exame da interação entre saúde e financeirização no país contribui para distinguir a transformação da saúde em ativos vendáveis e negociáveis. Uma das mudanças coadjuvantes é o uso mais ostensivo de fundos públicos por empresas da saúde, por meio de subsídios e empréstimos, segundo os autores.
Para a análise, foram acionados documentos, legislações, formulações de políticas, relatórios de empresas, bancos de dados secundários, fontes de mídia e pesquisas qualitativas.