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19/10/2007

Centro desenvolve ações em favor da alimentação saudável


Há dez anos na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sudeste (Cecan) vem ampliando suas ações dentro e fora da instituição. No interior da Escola, o Cecan trabalha no desenvolvimento de linhas de pesquisa e, no âmbito da promoção da saúde, desenvolve ações que visam estimular hábitos de vida saudáveis. Além disso, o Centro trabalha em rede, com diversas outras instituições, para disseminar a importância de articular a alimentação e a cultura com alimentação saudável. Para explicar a interface entre a alimentação e cultura, as ações desenvolvidas pelo Centro, a composição da rede e o evento do Dia Mundial da Alimentação, a coordenadora do Cecan, Denise Cavalcante de Barros, concedeu a entrevista abaixo ao Informe Ensp.


 Denise: não se pode estabelecer uma alimentação padrão e saudável para a população como um todo, sem levar em conta e refletir sobre a diversidade cultural brasileira (Foto: Virginia Damas) 

Denise: não se pode estabelecer uma alimentação padrão e saudável para a população como um todo, sem levar em conta e refletir sobre a diversidade cultural brasileira (Foto: Virginia Damas) 


No Dia Mundial da Alimentação (16/10) a Ensp sediou um seminário cujo foco foi a alimentação e cultura. Como explicar a interface entre as duas áreas?

Denise Barros:
O campo da alimentação é bastante complexo, intermediado por várias dimensões e, entre elas, está a cultura. Nossa formação acadêmica é voltada para a nutrição. Quando falamos em nutrição, pensamos apenas no benefício interno que o alimento traz para o corpo. Trata-se de uma visão apenas do biológico. Com a alimentação, ocorre um outro aspecto, muito relacionado à cultura. Hoje temos vários fatores importantes da cultura na alimentação. O Brasil, por exemplo, é um país de diversidades regionais e temos que levar isso em consideração. Quando pensarmos na questão da alimentação saudável, temos que incorporar essa questão das diferenças regionais. A gente não pode estabelecer uma alimentação padrão e saudável para a população como um todo, sem levar em conta e refletir sobre essas questões da diversidade cultural brasileira.


Quais outros fatores podem influenciar na alimentação?

Denise:
Um outro aspecto que influencia muito nossa alimentação é a mídia. A mudança do mercado de trabalho trouxe o aumento no consumo de alimentos industrializados. Com isso, facilidades vão sendo incorporadas e muitas vezes mudamos nossos hábitos e culturas por conta disso. Aí, entramos em um impasse, pois, como falar em alimentação saudável se a mídia vende um monte de coisas, se as pessoas mudaram seus comportamentos, se hoje comem nas ruas?


Como surgiu a idéia de realizar o Simpósio Nacional de Saúde Alimentação e Cultura?

Denise:
O Dia Mundial da Alimentação é reconhecido por mais de 150 países como uma importante data para alertar e consciencializar a opinião pública quanto a questões globais relacionadas com a nutrição e alimentação. A data tem uma divulgação muito grande por parte do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Eles fazem questão que as instituições promovam e enviem os eventos que realizam. Dessa forma, no ano passado, nesta mesma data, realizamos a aula inaugural do nosso curso de antropologia, alimentação e cultura, resultado de uma parceria entre o Núcleo Federal de Ensino, da Fiocruz-Brasília, o Cecan e o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Farias (CSEGSF) da Ensp. Ao final do encontro, as instituições participantes manifestaram o desejo de dar continuidade ao debate sobre o tema alimentação e cultura. Dessa forma, nós, da Ensp, mais a equipe de nutrição da Fiocruz-Brasília, promovemos durante o último ano alguns encontros com pesquisadores/professores da área de nutrição da UFBA, da UFRGS, da UFRJ e Uerj no intuito de formar uma rede sobre o tema. Assim, para este ano, avançamos em relação ao curso, ampliando sua carga horária de 40 para 180 horas, e planejamos a realização do I Simpósio. Isto possibilitou uma discussão mais ampliada, contemplando um maior número de palestrantes experts na área, mobilizando-os para a formação da Rede Alimentação e Cultura. Um momento marcante do evento foi o lançamento da Rede Interinstitucional de Pesquisa sobre Alimentação e Cultura (Rede A&C).


Quem compõe essa rede e como será sua atuação?

Denise:
A Rede A&C congrega pesquisadores dedicados à produção e disseminação de conhecimentos e saberes no campo da alimentação e cultura. A idéia da rede é consolidar esse campo da alimentação e sua interface com a cultura no ensino e na pesquisa e são nossos objetivos produzir e disseminar conhecimentos, saberes e tecnologias no campo da alimentação e cultura, investindo na reflexão crítica conceitual acerca de implicações sobre a vida da humanidade e a dos brasileiros.


Quais serão as ações desenvolvidas por essa Rede de Alimentação e Cultura?

Denise:
Realização de eventos de fomento e estímulo a ao ensino e a pesquisa na pós-graduação, além da produção de material científico como teses, artigos entre outros.


Que balanço faz desse encontro?

Denise:
Ficamos muito satisfeitas. No ano passado, tivemos no encontro a participação de cerca de 80 pessoas. Para este ano previmos o dobro, mas contamos com mais de 200 participantes. Acho que foi um sucesso! Muitos dos participantes já estão candidatando-se para o nosso curso de Alimentação e Cultura do próximo ano.


Como o Cecan atua na Fiocruz? Quais suas principais ações?

Denise:
O Cecan Sudeste está na Fiocruz desde 1997, vinculado ao Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Além de assessorar a coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição e os estados, estamos trabalhando no desenvolvimento de linhas de pesquisa com saúde escolar – projeto desenvolvido no CSEGSF; com saúde materno infantil – projeto desenvolvido em parceria com o Departamento de Epidemiologia, o Governo do Estado e universidades; com desenvolvimento de metodologias de informação e comunicação para a promoção da alimentação saudável – projeto em parceria com o Museu da Vida e o Inca, e com antropometria – projeto desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh).


Investimos muito também no campo da formação no âmbito da Escola de Governo. Hoje estamos com os cursos de aperfeiçoamento em alimentação e cultura, de aperfeiçoamento em vigilância alimentar e nutricional (a distância), de gestão em políticas de alimentação e nutrição – em parceria com a Diretoria Regional de Brasília. E em 8 de novembro terá inicio o curso de vigilância alimentar e nutricional para saúde indígena.


Fonte: Informe Ensp

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