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10/12/2014

Ciclo de debates antecipa discussões do seminário Educação para a Fiocruz do Futuro

Danielle Monteiro e Suley Amarante


Foi promovido na terça-feira (9/12) um ciclo de debates preparatórios para o seminário Educação para a Fiocruz do Futuro, previsto para maio de 2015. Durante o encontro, profissionais da Fundação e de outras instituições abordaram os novos desafios da residência na Política de Atenção Básica. Presente à mesa de abertura do evento, a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Lima, destacou que a instituição tem trabalhado em várias questões relacionadas à residência e a cursos latu sensu. “Estamos trabalhando na busca por soluções para dificuldades como a certificação e a regulação. Temos tido um trabalho árduo nesse sentido e estamos certos de que colheremos bons frutos disso”, afirmou.

O Brasil tem avançado no que diz respeito à regulamentação da residência e se aproximado de países como Suécia, Noruega e Japão, que possuem uma regulação limitada à oferta de graduação e formação de especialistas médicos
 

 

O vice-diretor de Ensino do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Fábio Russomano, reforçou que o encontro aborda um tema de extrema importância e lembrou que o IFF tem uma tradição há mais de 50 anos em residência na área médica e multiprofissional. “Encontros como esses mostram as perspectivas do que vem acontecendo, do que está sendo planejado, das novas propostas e de como podemos aperfeiçoá-las e contribuir para sua execução para atender às necessidades da população brasileira”, disse. 

O diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais de Saúde do Ministério da Saúde, Felipe Proenço, revelou que o Brasil tem avançado no que diz respeito à regulamentação da residência e se aproximado de países como Suécia, Noruega e Japão, que possuem uma regulação limitada à oferta de graduação e formação de especialistas médicos. Ele contou que, apesar de a mídia associar o Mais Médicos somente à questão do provimento emergencial, o programa atua com base em mais dois eixos: ampliação e melhoria da infraestrutura e formação para o SUS. Este último, segundo ele, é onde tem ocorrido a maior parte das mudanças. “Com a implantação do Mais Médicos, houve aumento de ofertas na residência médica. Apesar de ter crescido o número de egressos de medicina nos últimos anos, até pouco tempo atrás não havia garantia das vagas de residências médica para todos os que saíam da graduação”, contou. Entre 2010 e 2014, houve aumento de 552% na oferta de bolsas de residência médica pelo Ministério da Saúde.

O diretor de Desenvolvimento da Educação em Saúde do Ministério da Educação, Vinícius Ximenes, apresentou um panorama dos modelos de residência no mundo, suas origens e as mudanças que podem ocorrer neles a partir da implantação do Mais Médicos. Ele contou que a implantação da lei do Programa Mais Médicos vai contribuir para a universalização de vagas de residência médica, a possibilidade de regulação da formação e provimento de especialistas conforme necessidades sociais regionais, além do crescimento de medidas de sustentabilidade para a garantia de atividades de acompanhamento e orientação educacional no campo. No entanto, segundo Ximenes, ainda há desafios a serem superados na área. “As bases do modelo de residência no Brasil ainda são pré-SUS e a lei do programa Mais Médicos é uma oportunidade de concluir e consolidar este processo. Precisamos ainda pensar em formas de garantir a regulação estatal para a oferta e distribuição no campo e para a expansão e ampliação de vagas pelo país e na articulação destes processos com o desenvolvimento das redes de atenção à saúde”, concluiu.

Para a coordenadora do curso de especialização Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Alice Pessanha, é preciso ainda proporcionar o aprofundamento de bases teóricas e metodológicas voltadas ao campo da atenção básica, estimular a construção de alternativas à desprecarização do trabalho do corpo docente-assistencial e enfrentar a forma de organização do processo de trabalho centrado nos enfermeiros. “É necessária a valorização do profissional com melhores remunerações, a revisão da carga horária semanal dos programas, a interiorização dos programas de residências em municípios de pequeno porte e localizados em áreas remotas e ainda estabelecer linhas e diretrizes de organização e financiamento regulares que garantam a sustentabilidade e a qualidade dos programas”, afirmou.

Já a pesquisadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do IFF Susana Maciel Wuillaume alertou para a necessidade de maior integração entre as residências e de estudos mais aprofundados sobre as demandas do SUS. “Temos pesquisas que apontam para a necessidade de profissionais, mas que carecem de números exatos sobre os locais onde existe essa insuficiência e os tipos de profissionais dos quais carecemos”, atentou. Outro desafio, segundo ela, é a adequação da graduação e dos programas de residência médica à lei do Mais Médicos. “O número de formandos tem aumentado, porém, os cenários de prática ainda são muito poucos”, acrescentou. O representante do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Alberto Leme, reforçou que a infectologia é uma área estratégica do ponto de vista do planejamento em saúde. “Por entender esse compromisso e ter uma forte integração com o SUS, estamos planejando para o futuro um treinamento avançado em serviço para os nossos programas de residência e especialização”, adiantou.

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