Agência Fiocruz de Notícias

A Organização Mundial da Saúde (OMS) planeja lançar, em 2013, novas diretrizes para o uso de antirretrovirais na prevenção e tratamento do HIV/Aids por adultos, crianças e grávidas. Para isso, será realizada uma série de atividades preparatórias que incluem revisões sistemáticas de dados científicos e avaliações de risco-benefício, aceitabilidade e custo dos medicamentos. O primeiro encontro de pesquisadores para rever as recomendações técnicas atuais, no que se refere ao uso de antirretrovirais por adultos e adolescentes, ocorrerá de 10 a 13 de dezembro em Genebra. Um dos membros convidados para o grupo de revisão dessas diretrizes é pesquisadora Beatriz Grinsztein, do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz). Foto: Peter Ilicciev.

Segundo a OMS, o primeiro relatório de diretrizes globais para o uso de antirretrovirais foi publicado em 2002, com revisões subsequentes em 2003, 2006 e 2010. No entanto, inúmeros estudos que destacam novos dados clínicos e preventivos foram publicados desde então, assim como foram desenvolvidas novas drogas e diagnósticos, com forte impacto em casos de co-morbidades de doenças como tuberculose, hepatite viral B e C, o que justificaria a necessidade de atualização das recomendações.



Além disso, existe ainda a necessidade de encontrar formas de usar recursos de modo mais eficaz, selecionando as intervenções e as tecnologias mais adequadas, bem como a integração das formas de uso de antirretrovirais a outros programas de saúde pública. A nova versão das orientações também irá incluir informações operacionais além das clínicas habituais, assim como um guia programático para auxiliar dirigentes de diferentes países a tomar decisões estratégicas especificamente voltadas para suas populações, principalmente no que se refere à abordagem da temática, divulgação de dados e planejamento do uso de antirretrovirais.



Pioneirismo do Ipec/Fiocruz em estudos sobre HIV



De acordo com a OMS, atualmente, a medida mais eficaz de prevenção da transmissão vertical do HIV (tentativa de impedir que o bebê seja infectado pela mãe soropositiva durante a gestação, o parto ou a amamentação) é o tratamento de recém-nascidos com o antirretroviral Zidovudina, mais conhecido como AZT. No entanto, os resultados de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia (Ucla), em parceria com a Fiocruz no Brasil, mudam essa orientação oficial: combinações de dois ou três antirretrovirais (Nevirapina, Nelfinavir e Lamivudina), com primeira dose ministrada à criança em até 48 horas após o parto, demonstraram ser duas vezes mais eficazes para o corte da transmissão do HIV quando comparadas ao uso de AZT. A combinação das drogas muda completamente o padrão de tratamento da doença em todo o mundo. De acordo com a infectologista e diretora Ipec/Fiocruz, Valdilea Veloso, "o impacto é imenso. Hoje os nossos resultados estão nos manuais da OMS, estão nos manuais do sistema de saúde americano, europeu, brasileiro, então o impacto é realmente global”, afirma. A pesquisa foi publicada na revista científica americana The New England Journal of Medicine. Leia mais aqui.



Fiocruz participa de estudo eleito uma das maiores inovações de 2011 e premiado em 2012



A revista norte-americana Science, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, publicou um ranking das dez maiores inovações de 2011 e elegeu como campeã a pesquisa HPTN 052, realizada, no Brasil, pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, e coordenada Ipec/Fiocruz, no Rio de Janeiro. O estudo é um ensaio clínico pioneiro da Rede de Testes para Prevenção de HIV (HPTN, na sigla em inglês) que demonstrou que, se indivíduos HIV positivos aderem a um esquema eficaz de terapia antirretroviral, o risco da transmissão do vírus ao parceiro sexual sem infecção pode ser reduzido em até 96%. O estudo também foi indicado para concorrer ao Prêmio Katerva 2012, na categoria Desenvolvimento humano, que abrange todas as iniciativas relacionadas com a manutenção e melhoria da qualidade de vida em função do crescimento da população mundial. Realizada por uma organização de caridade do Reino Unido, a premiação destaca anualmente os mais promissores conceitos de sustentabilidade no mundo. Saiba mais aqui.

Confira ainda este link entrevista com a responsável pelo estudo premiado, Valdilea Veloso, também diretora do Ipec/Fiocruz.