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12/09/2011

Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz completa 110 anos

Cristiane Albuquerque


Uma das maiores coleções de insetos da América Latina, a Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 110 anos de história. Seu início data de 1901, quando o próprio Oswaldo Cruz descreveu o mosquito Anopheles lutzi, a primeira espécie descoberta pelos cientistas do IOC, que ainda era conhecido como Instituto de Manguinhos. Em sua trajetória, a coleção foi sendo formada por exemplares coletados desde o início do século 20 por grandes pesquisadores – como Adolpho Lutz, Arthur Neiva, Carlos Chagas, César Pinto, Costa Lima, Lauro Travassos e Otávio Mangabeira Filho – durante suas expedições pelo Brasil, compondo um relato histórico da descoberta de novas espécies e gêneros de insetos. A coleção cresceu, sobreviveu ao período da ditadura e hoje, modernizada e revigorada, compõe uma vitrine da biodiversidade brasileira. A comemoração dos 110 anos da Coleção Entomológica ocorrerá nesta segunda-feira (12/9), às 9h, no Auditório do Museu da Vida. A programação conta com mesa-redonda, divulgação do CD Insetos: uma aventura pela biodiversidade e a oficina Colecionando Insetos.


 O acervo do Instituto Oswaldo Cruz conta com 5 milhões de exemplares de insetos<BR><br />
(Foto: Rodrigo Méxas) 

O acervo do Instituto Oswaldo Cruz conta com 5 milhões de exemplares de insetos

(Foto: Rodrigo Méxas) 


Relevância histórica


Em 1901, a coleção listava 95 mosquitos, 145 tabanídeos e 40 carrapatos, além de uma coleção de helmintos. Atualmente, são estimados 5 milhões de exemplares, que servem de base para pesquisas científicas e também são mote para projetos educativos e de divulgação científica relacionadas ao meio ambiente, à saúde e à biodiversidade.


Curadora da Coleção Entomológica do IOC, Jane Costa destaca a importância do acervo e sua representatividade para a pesquisa científica. “A formação da Coleção Entomológica foi resultado principalmente das expedições feitas por pesquisadores famosos, além das numerosas pesquisas realizadas na Instituição ao longo dos anos. O acervo é riquíssimo, um dos maiores e mais antigos da América Latina, abrigando insetos das mais variadas ordens.


Atualmente, o acervo é reconhecido como patrimônio institucional e também como fiel depositário pelo Ministério de Meio Ambiente, em 2005. “As políticas institucionais na área de coleções biológicas estão cada vez mais fortalecidas, visando sua modernização, desenvolvimento e divulgação. Assim, a coleção ficou mais acessível e vários grupos de pesquisas do Brasil e do mundo podem consultá-la. No acervo, estão depositados inúmeros tipos, que são referência para pesquisas em sistemática e taxonomia e base para estudos científicos”, ressalta Jane.


Segundo a curadora, a coleção tem peculiaridades que a colocam em posição de destaque em diversas ordens de insetos. “É a mais completa na ordem de coleópteros (besouros), com mais de 19 mil espécies brasileiras. Além disso, dispõe da Coleção Werneck, que é importantíssima pela abrangência de seu material, graças às colaborações e ao empenho do pesquisador que reuniu piolhos de aves e mamíferos, coletados em praticamente todas as partes do mundo. Temos ainda a Coleção Costa Lima, que tem sido base para a realização da mais importante obra bibliográfica brasileira em entomologia, a coleção Insetos do Brasil”, descreve a pesquisadora. Ela destaca, ainda, a Coleção Joseph Zikán, que constitui um registro importante da biodiversidade entomológica da região de Itatiaia, principalmente em relação às ordens Lepidoptera (borboletas e mariposas), Coleoptera (besouros) e Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas).


Modernização e informatização


O IOC tem adotado uma política de valorização das coleções biológicas, que favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da Coleção Entomológica. A partir de 2006, a coleção começou um processo de modernização e em 2009 houve a inauguração de novas salas para o melhor acondicionamento do acervo e expansão do mesmo. Para a curadora da coleção, Jane Costa, esse processo tem contribuído para a divulgação da ciência e beneficiado a manutenção do acervo. “A partir do momento em que os acervos científicos foram reconhecidos como patrimônio institucional, políticas específicas para a valorização da coleção foram adotadas. Neste sentido, projetos institucionais vêm sendo implementados, principalmente para a informatização, divulgação e modernização”, afirma.


Em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), foi possível transferir todo o acervo armazenado em antigos armários de aço para modernas estantes deslizantes, que atualmente são utilizadas nas mais modernas coleções científicas do mundo. “Esta modernização no acondicionamento do acervo trouxe mais segurança, facilidade de acesso ao material e também otimizou o espaço para o contínuo crescimento do acervo por pelo menos mais 50 anos. Além disso, a informatização, que sempre foi alvo de atenção da curadoria da coleção, também vem tendo mais apoio. Este procedimento traz mais facilidade para o acesso às informações do acervo e permite agilizar estudos utilizando dados dos espécimes depositados”, avalia Jane.


Portas abertas


Inaugurada em 2008, a Sala de Exposições Costa Lima coloca aberta para visitação pública parte do acervo didático da Coleção Entomológica. O ambiente é composto por espécimes selecionados por sua importância médica,  agrícola ou veterinária, como também por sua beleza estética. A sala conta com a orientação de monitores para apresentação do material e para responder às perguntas dos visitantes.


“A Sala de Exposição Costa Lima foi idealizada pelos curadores da Coleção Entomológica do IOC como um espaço educativo e de divulgação científica para professores, estudantes e para o público leigo em geral, sendo recentemente integrado ao circuito de visitações do Museu da Vida, em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz. Em exposição estão exemplares de insetos também presentes na Coleção Costa Lima e utensílios pessoais do pesquisador”, conclui Jane Costa. Para fazer uma visita ao espaço, o interessado pode entrar em contato pelo email recepcaomv@coc.fiocruz.br. Para saber mais sobre a Coleção Entomológica, acesse aqui. Recentemente, a equipe do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz lançou um livro virtual que pode ser acessado gratuitamente aqui, mostrando a importância da entomologia e também das coleções biológicas.


Publicado em 9/9/2011.

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