Início do conteúdo

01/12/2011

Coleção lança livro sobre história do patrimônio cultural da saúde de São Paulo

Haendel Gomes


O terceiro livro da coleção História e Patrimônio da Saúde mescla a história das instituições de saúde da capital paulista com a de suas edificações. Ao longo de seis capítulos, História da saúde em São Paulo: instituições e patrimônio arquitetônico (1808-1958) proporciona novos ângulos de análise e ressalta o valor de fontes documentais até agora pouco exploradas pelos pesquisadores. O lançamento ocorrerá nesta quarta-feira (30/11), às 18h, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).



Vendido com um CD-ROM que reúne informações históricas e arquitetônicas sobre as instituições, o livro narra a importância dos hospitais da cidade no primeiro capítulo, intitulado Guerra e paz: alguns cenários da vida hospitalar. Escrito pela historiadora Denise Bernuzzi de Sant’Anna, o texto dialoga com a moderna historiografia sobre o assunto, mostrando como a saúde, a doença e a assistência tornaram-se objetos do ambiente hospitalar. A autora propõe ainda uma reflexão sobre o papel do hospital na contemporaneidade, focando na atuação dos médicos e no funcionamento do sistema de saúde. Além disso, as transformações históricas que marcaram os hospitais podem ser acompanhadas pelas nomenclaturas recebidas ao longo do tempo: abrigo, asilo, assistência médico-cirúrgica, casa de maternidade, casa de saúde, clínica, enfermaria, instituto, policlínica, pronto-socorro, sanatório, entre outras.


O segundo capítulo – Arquitetura hospitalar em São Paulo – foi escrito por Renato Gama-Rosa Costa, arquiteto e pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Ele aborda as transformações dos espaços de saúde a partir do trabalho dos principais arquitetos dedicados à construção de hospitais na capital paulista entre a Primeira República e meados do século 20. Gama-Rosa convida o leitor a conhecer e refletir sobre a tradução dos preceitos médicos no traçado arquitetônico de nomes como Ramos de Azevedo, Ernesto de Souza Campos e Rino Levi. A historiadora Márcia Regina Barros da Silva é autora do terceiro capítulo – Concepção de Saúde e doença nos debates parlamentares paulistas entre 1830 e 1900 –, sobre as atas do Poder Legislativo de São Paulo que, segundo a pesquisadora, constituem o caminho de investigação sobre a história da saúde na cidade.


O quarto capítulo foi escrito por Maria Lúcia Mott, Henrique Sugahara Francisco, Olga Sofia Fabergé Alves, Karla Maestrini e Cristiano Douglas Afonso da Silva. O grupo analisa o tema das associações civis durante a Primeira República e mostra os diferentes tipos de sociedades – mutuais, filantrópicas e caritativas; “não oficiais”, como as kardecistas, de trabalhadores de saúde, entre outras –, e como elas se constituíram na principal instituição de assistência à saúde no período, ocupando o lugar do Estado republicano, que restringia sua ação ao combate de surtos epidêmicos na capital federal e nos principais portos do país. Para o capítulo intitulado Assistência à saúde, filantropia e gênero: as sociedades civis na cidade de São Paulo (1893-1929) foram usados como fonte documentos do 1º Cartório de Notas da Capital (1880-1935) encontrados no Arquivo Público de São Paulo.


No quinto capítulo, intitulado O discurso da excelência em solo paulista – Marchas e contramarchas na criação e instalação do Hospital das Clínicas (1916-1950), de André Mota e Maria Gabriela S. M. C. Marinho, discute-se o significado da inauguração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, que nasceu como “o maior da América Latina”. O sexto e último capítulo, intitulado As irmandades de misericórdia e as políticas públicas de assistência hospitalar no Estado de São Paulo no período republicano, de Nelson Ibañez, Ivomar Gomes Duarte e Carlos Eduardo Sampaio Burgos Dias, dedica-se ao estudo das relações entre os poderes públicos e as santas casas da misericórdia. O objetivo é analisar a dependência dos serviços de saúde das santas casas, considerando a relação entre o estado e as misericórdias, que as transforma em um relevante prestador de serviços; além da capacidade de adaptação às novas exigências do tempo. Os autores analisam os relatórios da Irmandade da Misericórdia de São Paulo e uma vasta legislação sobre o tema.


A obra traz ainda uma homenagem à organizadora Maria Lúcia Mott, que faleceu vítima de câncer em junho deste ano. Segundo Gisele Sanglard, com quem dividiu a organização do livro, temas como a profissionalização feminina – notadamente das funções menos valorizadas – e a ação filantrópica foram preocupações constantes da escritora ao longo de sua vida acadêmica.


Sobre a coleção


Criada pela Fiocruz, com apoio da Pfizer, a coleção História e Patrimônio da Saúde integra o projeto da Rede Brasil do Patrimônio Cultural da Saúde e é dirigida pela Casa de Oswaldo Cruz (COC), trazendo histórico e imagens das instituições de saúde de nove capitais brasileiras. Cada livro traz o resultado do levantamento realizado nas respectivas regiões a que a obra se refere – primeiramente em Salvador, Belo Horizonte, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.


O período estudado engloba um histórico de 150 anos e a pesquisa foi realizada por uma equipe multidisciplinar de historiadores, arquitetos e geógrafos, que identificaram acervos documentais arquivísticos, bibliográficos e museológicos. O conteúdo é dirigido a médicos e demais profissionais da saúde, pesquisadores nacionais e internacionais, gestores hospitalares, universidades e institutos de pesquisa, entre outros.


As obras têm duas partes. A primeira é composta de artigos escritos por autores convidados, acompanhados de ilustrações. A segunda traz histórias das instituições e ilustrações de hospitais, maternidades e casas de saúde, cujo papel foi preponderante para a arquitetura das cidades. Os livros são editados pelas editoras Fiocruz e Manole. História da saúde em São Paulo: instituições e patrimônio arquitetônico (1808-1958) tem 244 páginas e custa R$ 86.


Publicado em 30/11/2011.

Voltar ao topo Voltar