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19/05/2014

Coletânea apresenta o estado da arte do conhecimento sobre a toxoplasmose

Fernanda Marques


Infecção hoje muito disseminada ao redor do mundo, especialmente no Brasil: assim é a infecção por Toxoplasma gondii, protozoário descoberto em 1908 por cientistas no Brasil e na Tunísia, simultaneamente. Começando pela história da descoberta desse parasita e da doença por ele causada, a toxoplasmose, e visitando os diferentes aspectos relacionados ao tema – ciclo evolutivo, epidemiologia, diagnóstico, quadro clínico e tratamento –, os professores Wanderley de Souza (UFRJ e Inmetro) e Rubens Belfort Jr. (Unifesp) organizaram uma ampla revisão sobre o assunto, provavelmente a mais completa já realizada. O resultado desse trabalho é a coletânea Toxoplasmose & Toxoplasma gondii, com 16 capítulos e 27 autores, um lançamento da Editora Fiocruz.

 

Os mais importantes protozoários causadores de doenças no homem foram descritos no período entre 1875 e 1910. O T. gondii estava entre eles. “Embora a identificação do Toxoplasma gondii tenha ocorrido em 1908, sua transmissão permaneceu um mistério durante 30 anos”, dizem os pesquisadores da Fiocruz Helene Santos Barbosa, Renata Morley de Muno e Marcos de Assis Moura, autores de um dos capítulos do livro. Em 1937, foi demonstrada a evidência de que o T. gondii é um parasita intracelular obrigatório, isto é, ele só se multiplica no interior de células do animal infectado. E somente nos anos 1970 desvendou-se o ciclo de vida desse protozoário, do qual o gato é hospedeiro definitivo. Outros animais de sangue quente, entre eles o ser humano, são hospedeiros intermediários.

As fezes de gatos infectados contêm formas do parasita que podem contaminar água, ar, solo e alimentos, e, assim, ser transmitidas a outros animais, incluindo aves, bovinos e suínos. O homem contrai a infecção por duas rotas principais: oral (pela ingestão de água e alimentos contaminados, assim como da carne crua ou malpassada) e congênita (de mãe para filho, durante a gestação). A toxoplasmose congênita – a mais grave e notável das manifestações da doença – é abordada em outro capítulo do livro, que também dedica espaço à toxoplasmose na criança.

“Há pouco mais de 50 anos era patente o caráter de ser a toxoplasmose uma doença nova. Depois, graças ao labor de vários cientistas, ficou evidente que essa protozoose é muito comum e, felizmente, benigna, só eventualmente assumindo feição de enfermidade grave”, afirma o professor da USP Vicente Amato Neto, que assina o prefácio da coletânea. Muitos indivíduos infectados pelo T. gondii não apresentam sintomas, mas, quando a doença se manifesta, pode ter diferentes configurações, afetando gânglios, olhos, coração, pulmões, fígado, cérebro e meninges, ou articulações. Outro capítulo do livro é dedicado à toxoplasmose em pacientes com sistema imunológico debilitado, como na Aids, pois eles costumam apresentar um quadro clínico mais sério e generalizado, ao terem vários órgãos atingidos.

Além de uma completa revisão, a obra também traz para o leitor o que há de mais atual no conhecimento científico acerca da toxoplasmose e do T. gondii. “A coletânea cobre praticamente todos os campos do conhecimento sobre o agente etiológico e a doença, apresentando novos aspectos, particularmente em relação à bioquímica, à interação entre o parasita e a célula hospedeira e à resposta imunológica à infecção”, avalia o pesquisador da Fiocruz José Rodrigues Coura. “A obra permite em seu conjunto a utilização por estudantes, profissionais e pesquisadores das áreas básica e aplicada da saúde”, recomenda.

Serviço
Toxoplasmose & Toxoplasma gondii
Organizadores: Wanderley de Souza e Rubens Belfort Jr.
Editora Fiocruz
214 páginas | R$ 59
Mais informações: www.fiocruz.br/editora | imprensaeditora@fiocruz.br | (21) 3882-9041

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