Início do conteúdo

08/10/2021

Com aumento da fome, seminário do Cris/Fiocruz discute segurança alimentar, saúde e pandemia (13/10)

Patricia Álvares (Agência Fiocruz de Notícias)


Mais de 800 milhões de estômagos vazios se somaram à população mundial que já sofria com a fome, outra consequência da pandemia de Covid-19. O dado faz parte do informe anual para 2021 do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e que será apresentado no webinário Segurança alimentar, saúde e pandemia nos eventos internacionais das Nações Unidas, na quarta-feira (13/10), às 10h, com transmissão ao vivo pelo canal VídeoSaúde da Fiocruz. 

Como parte dos Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde, organizados pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), esta edição se alinha às atividades para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado a cada 16 de outubro. Em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias (AFN), o coordenador do Cris/Fiocruz e ex-presidente da Fundação, Paulo Buss, explicou que o aumento da fome e da desnutrição foi observado entre grandes e pequenos, tanto pais como filhos, evidenciado pelo baixo peso e a baixa estatura no caso das crianças, um reflexo da falta de nutrientes.

"Nós tivemos uma importante piora da segurança alimentar com um número muito expressivo de novos famintos, de pessoas sem acesso contínuo e necessário à alimentação adequada. É a pior brecha do século 21", lamentou Buss.

Participam do encontro o ex-diretor da FAO José Graziano, atualmente coordenador do Instituto Fome Zero; a especialista da FAO em Segurança Alimentar e Nutrição, Anne Kepler; a coordenadora do Observatório de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), Elisabetta Recine; e a professora da Universdidade de São Paulo (USP) Tereza Campello, da cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da Faculdade de Saúde Pública. 

A mediação fica por conta da vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira e Silva, que coordena o Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) e o Núcleo de Estudos em Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis), ambos da Fundação, além de ter presidido o Conselho Brasileiro Nacional de Segurança Alimentar. 
 
De acordo com o ex-presidente da Fiocruz, o encontro é também uma oportunidade para situar a realidade brasileira no cenário internacional e identificar estratégias de movimentos sociais e de governos para driblar o conflito que ficou claro durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, em setembro: "Um grande confronto de posturas, análises e interpretações pelo dinheiro que se convenciona para o negócio agropequário e a agroecologia".

De um lado, estão os representantes de comunidades tradicionais originárias ou quilombolas, no caso do Brasil por exemplo, que ao redor do mundo mantêm seus costumes baseados na agricultura familiar e não produzem apenas um único tipo de alimento, disse. Do outro, empresas monocultoras defendem seus padrões técnicos como comprovação de qualidade. Buss ressalta as dificuldades brasileiras na área, agravadas por dificuldades econômicas, aumento da pobreza, encarecimento da cesta básica e outros aspectos que reforçam a insegurança alimentar.

Neste ano, o Dia Internacional da Alimentação coincide com o Ano Internacional das Frutas, Legumes e Verduras, declarado pela ONU para 2021. A ideia é promover a conscientização sobre uma melhor nutrição, melhor produção, melhor ambiente e melhor qualidade de vida.

Voltar ao topo Voltar