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01/07/2006

Cooperação internacional estuda fluxo migratório de vetor da doença de Chagas

Bel Levy


Um convênio entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), uma unidade da Fiocruz, e a Universidade de Valência, na Espanha, promete aprimorar o conhecimento científico sobre a transmissão da doença de Chagas. Firmada entre o Laboratório de Sistemática Bioquímica do IOC e o Departamento de Parasitologia da Faculdade de Farmácia da universidade espanhola, a parceria utilizará ferramentas moleculares desenvolvidas em ambas as unidades de pesquisa para estudar a genética populacional de vetores da doença, com ênfase em barbeiros das espécies Triatoma rubrovaria e Triatoma sordida. A iniciativa, coordenada no Brasil pela chefe do Laboratório de Sistemática Bioquímica do IOC, Raquel da Silva Pacheco, e na Espanha pela farmacêutica Maria Dolores Bargues, marca a consolidação de uma cooperação internacional iniciada em 2005 que prevê a formação de recursos humanos e a transferência de tecnologia.

"O convênio é importante porque é uma cooperação técnica internacional que vai proporcionar uma série de projetos de pesquisa, intercâmbio de estudantes, além de cursos de curta duração", avalia Raquel. "Ele surgiu do interesse comum entre o IOC e a Universidade de Valência de estudar a genética populacional de vetores da doença de Chagas e sinaliza interesse particular da Espanha por uma doença que não atinge diretamente sua população". Além de fornecer novos dados sobre a genética e fluxo gênico desses vetores, o convênio corroborou resultados produzidos por uma pesquisa realizada no IOC, numa cooperação interna entre o Laboratório de Sistemática e Bioquímica e a Coleção Entomológica. O estudo, realizado pela bioquímica Raquel Pacheco, a bióloga Jane Costa e o doutorando Carlos Eduardo Almeida, analisou barbeiros do mesmo gênero em duas regiões do Rio Grande do Sul, (Santiago e Santana do Livramento), com a proposta de rastrear a rota migratória dos vetores.


O convênio hispano-brasileiro pretende expandir este estudo inicial para outras áreas da América Latina. Para isso, vai investigar as diferenças genéticas existentes entre populações do barbeiro Triatoma rubrovaria no Uruguai e na Argentina, com o objetivo de rastrear o fluxo migratório dos vetores nesses países. "Conhecer o fluxo migratório do vetor é importante para que medidas de controle mais eficientes possam ser formuladas. Ele pode revelar, por exemplo, se os barbeiros são provenientes do peridomicílio ou de áreas silvestres e se o inseticida utilizado na região é realmente eficaz", aponta Raquel. "Para que resultados práticos sejam descritos, porém, ainda são necessários outros estudos", conclui.

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