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29/11/2013

Cooperação Tripartite promove curso de comunicação e saúde

Graça Portela e Rebert Lima


Mais uma etapa da Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti foi realizada. Os pesquisadores do Laboratório de Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Adriana Kelly Santos e Wilson Couto Borges, além do doutorando do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), Luiz Marcelo Robalinho, ministraram o curso Comunicação e Saúde para 25 profissionais haitianos que trabalham no Ministério da Saúde daquele país. O curso levou a proposta teórico-metodológica da Produção Social dos Sentidos, com técnicas de aprendizagem participativas e contextualizadas com a experiência local. Segundo Wilson Borges, concomitantemente foi demandada a elaboração de um plano de comunicação e saúde, que contemplasse a proposta teórico-metodológica. Para Adriana Kelly, o diferencial do curso foi a utilização da comunicação como um elemento estratégico de participação social e produção da saúde em nível local. Mas, outro aspecto foi levantado, conforme explica Borges: “houve a provocação de uma reflexão sobre a comunicação e a saúde na direção da percepção do quanto os sentidos interferem nas práticas”, explica.

Dentro do projeto da Cooperação Tripartite, o Brasil também está construindo um parque tecnológico no Haiti, envolvendo três hospitais comunitários de referência, dois laboratórios de saúde pública e 30 unidades para a Rede de Frio (armazenamento de vacinas e insumos)

 

Os participantes – jornalistas, enfermeiros, assistentes sociais e um psicólogo – foram escolhidos pelo próprio Ministério da Saúde Pública e da População do Haiti e tinham como característica a atuação na interface comunicação e saúde junto à população, o que potencializou as atividades propostas da formação. “Houve um aumento de adesão conforme o curso ia seguindo”, explica Adriana. “Fazíamos problematizações da realidade local, dialogávamos com a nossa, mostrando os pontos em comum entre o sistema de saúde haitiano e o SUS”, completa.

Para Borges, um dos pontos positivos do curso foi a ampliação de uma forma de pensar o campo da comunicação e saúde para além das estratégias de maior oferta de informação, como resposta a um ‘atraso’ da população local. “Tanto na avaliação diária quanto na final que fizemos, os relatos foram de que houve uma ‘mudança de olhar’ para com a realidade local no que diz respeito à comunicação e saúde”, explica Borges. Não só de aulas teóricas foi o curso: a prática foi testada em várias tarefas produzidas pelos participantes durante a capacitação. Como avaliação final, eles foram desafiados a produzir um plano de comunicação que, partindo dos problemas locais, incorporasse os modelos teóricos na direção da construção de soluções que pudessem ser traduzidas em ações cotidianas.

Oficina de Educação Permanente em Saúde

Com o objetivo de ampliar a capacidade dos atores do sistema de saúde do Haiti em constituir estratégias de Educação Permanente em Saúde (EPS), uma equipe brasileira da Fiocruz especializada no assunto realizou uma oficina entre 30 de setembro a 04 de outubro para consolidar a estrutura de gestão do programa. O público alvo da oficina eram os profissionais do médio e alto escalão do Ministério da Saúde Pública e da População do Haiti (MSPP). O mote da atividade foi concentrado na compreensão do potencial de transformação da EPS e de sua aplicabilidade às condições haitianas. O coordenador do subprojeto, Inácio Motta, ressalta a importância de uma estrutura eficiente capaz de gerenciar essa rede informacional de saúde do Haiti. “A gestão da EPS deve operar enquanto um dispositivo de produção e circulação de conhecimentos no âmbito das relações do trabalho em saúde, bem como fortalecer os espaços de gestão do trabalho e de organização dos serviços de saúde”, frisou Inácio Motta. De acordo com ele, os processos educacionais em saúde podem ser estratégias potentes de mudanças nas próprias práticas e nos modelos de atenção e cuidado em saúde. “Acreditamos que a EPS possa contribuir para a reestruturação dos sistemas locais de saúde no Haiti”, completa.

A atividade consistiu primordialmente no reconhecimento da base conceitual estruturante à formação no trabalho em saúde. Entretanto, para auxiliar no acompanhamento do trabalho junto aos profissionais haitianos, além de gerar discussões dos desdobramentos desse programa, a equipe brasileira vai lançar em breve uma comunidade virtual de Educação a Distância. Esta plataforma será complementar às duas outras oficinas presenciais já pré-agendadas para o ano de 2014. Além do curso de comunicação e saúde e da oficina de educação permanente, a participação da Fiocruz na cooperação inclui também a promoção de um curso de epidemiologia, um curso de aperfeiçoamento e gestão de recursos físicos e tecnológicos em saúde, a criação de um sistema de vigilância epidemiológica para o Haiti e ainda uma oficina para radialistas – que recentemente criou uma Rede de Jornalistas em Saúde no Haiti 

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