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30/08/2007

Creche Fiocruz atinge a maioridade mantendo seus diferenciais

Fernanda Marques


Rita Mattos, pesquisadora da Fiocruz, formou-se farmacêutica em 1979 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, seu filho Pedro Vitor, de 19 anos, cursa o quarto período da mesma faculdade. Mas não é de hoje que o rapaz segue os passos da mãe. Desde criança, ele vinha sempre à Fundação. Enquanto a mãe trabalhava, ele ficava na Creche Fiocruz – que este ano chega à maioridade. Pedro Vitor foi um dos primeiros a freqüentá-la. “Puxa! Isso faz tanto tempo...”, diz o jovem, com nostalgia. “Lembro vagamente, mas sei que eu adorava ficar lá. Eu fazia bastante bagunça e gostava, especialmente, quando tinha aula de capoeira”, recorda.


 Toda a infra-estrutura da Creche Fiocruz foi planejada para atender às necessidades do desenvolvimento e do aprendizado infantil (Foto: Rogério Reis)

Toda a infra-estrutura da Creche Fiocruz foi planejada para atender às necessidades do desenvolvimento e do aprendizado infantil (Foto: Rogério Reis)


Pedro Vitor tem lembranças alegres da infância. Prova de que, desde sua criação, a Creche vem atingindo seus objetivos de cuidar e educar os filhos dos servidores da Fiocruz. “Buscamos o desenvolvimento integral da criança, que ela seja feliz, brinque muito e aprenda a olhar o mundo criticamente e a dialogar com ele”, resume a atual coordenadora, a pedagoga Silvia Motta. Hoje, cerca de 200 meninos e meninas, com idades entre três meses e 5 anos e cinco meses, estão tendo a mesma oportunidade que Pedro Vitor teve 18 anos atrás: compartilhar um espaço privilegiado de socialização, convivência, cuidado e educação.


Esse espaço é a Creche Fiocruz ou Creche Bertha Lutz, batizada em homenagem à filha do cientista Adolfo Lutz – ela liderou um movimento que trouxe importantes conquistas para as mulheres, como o direito ao voto. Localizada em uma área de 5,5 mil metros quadrados dentro do campus da Fundação em Manguinhos, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, a Creche abriga parquinho, gramado, tanque de areia, horta, quiosques e casinha de boneca, além das salas equipadas com mobiliário adequado às crianças, livros e brinquedos. “A infra-estrutura foi planejada para atender às necessidades do desenvolvimento e do aprendizado infantil”, explica Silvia.


Mais de dez turmas, do berçário ao jardim, se beneficiam dessa infra-estrutura, sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar composta por pedagogos, psicólogos, assistente social, nutricionista, pediatra e técnicos de enfermagem, entre outros. São profissionais que se destacam pela dedicação e pela excelência do serviço prestado. Pelo menos é essa a opinião dos servidores da Fiocruz. Perguntados sobre o motivo pelo qual colocam os filhos na Creche, mais de 85% apontaram a qualidade do trabalho desenvolvido.


A bióloga Gisela Costa é uma das mães satisfeitas com a Creche Fiocruz, onde, diariamente, ela deixa o filho Rafael, de 3 anos. “Matriculei-o quando ele tinha sete meses e minha decisão se baseou na facilidade, por ser no meu local de trabalho, e na qualidade, porque filhos de colegas meus já ficavam lá e acompanhei o desenvolvimento dessas crianças”, explica Gisela. Ações que envolvem música, contação de histórias, teatro, corpo e movimento, pintura e criação a partir de sucata fazem parte do cotidiano dos meninos e meninas na Creche. “O Rafael gosta muito das atividades, das outras crianças e de todos os funcionários. Vejo o carinho com que tratam meu filho, da professora ao senhor da limpeza”, destaca Gisele, que hoje preside o Conselho Consultivo de Pais.


Levantamento feito junto aos pais também revelou que mais de 65% deles matricularam seus filhos na Creche Fiocruz por considerá-la um benefício institucional. Benefício esse que começou a ser reivindicado pelos funcionários em 1986, quando o sanitarista Sergio Arouca era presidente da Fundação. Para viabilizar o projeto, representantes da Associação dos Servidores (Asfoc) e da Presidência da Fiocruz constituíram uma comissão e reuniram subsídios técnicos e operacionais. Após muitas discussões, a Creche, vinculada à Diretoria de Recursos Humanos (Direh), foi inaugurada em 14 de agosto de 1989, sendo sua primeira coordenadora a psicóloga Tirza Barbosa Dias.


Para a atual coordenadora, a pedagoga Silvia Motta, a diversidade é um dos maiores diferenciais da Creche Fiocruz, se comparada a outros estabelecimentos de educação infantil. “Nossa Creche é para filhos de trabalhadores da Fundação e esse universo inclui famílias de diversas religiões, raças e classes sociais. Assim, desde pequena, a criança compreende e respeita a diversidade”, destaca.


Nessa perspectiva de inclusão e respeito às diferenças, a Creche também acolhe meninos e meninas com necessidades especiais. “Lembro que, quando recebemos a primeira criança com síndrome de Down, uma psicóloga da nossa equipe decidiu fazer mestrado na área, para que pudéssemos oferecer o melhor atendimento àquela criança”, conta Silvia. Aliás, a capacitação profissional é uma preocupação constante da equipe da Creche Fiocruz, que conta com um Núcleo de Ensino e Pesquisa em Educação e Saúde para Infância Pequena.


Os estudos desenvolvidos abordam temas como saúde em educação infantil, educação especial e políticas públicas para a infância. Em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz, a Creche oferece o curso de desenvolvimento profissional em educação infantil, o primeiro do gênero certificado no Brasil. O objetivo é ampliar as perspectivas de trabalho, refletir sobre as atividades cotidianas e articular a teoria e a prática de cuidar e educar a criança, compreendida como sujeito histórico, social e produtor de sua cultura.

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