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29/04/2011

Crença que vacina não é necessária pode prejudicar prevenção contra influenza

Renata Moehlecke


Identificar os motivos da não-adesão à vacinação contra gripe pode ajudar a nortear ações para reverter o quadro e aumentar a cobertura vacinal. Considerando que a vacinação contra a influenza foi incorporada às práticas de prevenção no Brasil há mais de dez anos, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estimaram a cobertura vacinal contra a gripe e analisaram fatores associados à vacinação de 1517 idosos moradores da cidade com o objetivo de determinar os motivos para a não-adesão. Os resultados indicaram 62,6% dos entrevistados referiram vacinação e os principais motivos para a não-adesão foram não considerar a vacina necessária (46,7% dos consultados) e a crença de que ela provoca reação (36,7%).


 Os resultados indicaram 62,6% dos entrevistados referiram vacinação e os principais motivos para a não-adesão foram não considerar a vacina necessária (46,7% dos consultados) e a crença de que ela provoca reação (36,7%).

Os resultados indicaram 62,6% dos entrevistados referiram vacinação e os principais motivos para a não-adesão foram não considerar a vacina necessária (46,7% dos consultados) e a crença de que ela provoca reação (36,7%).





“No Brasil, apesar da disponibilidade gratuita da vacina pelo Ministério da Saúde desde 1999, a vacinação não tem atingido a cobertura adequada de 80% em vários municípios”, comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “O estudo revela que condições socioeconômicas, estilo de vida e mobilidade física não restringiram o acesso à vacinação no município, denotando a abrangência das campanhas. No entanto, a cobertura vacinal na população idosa residente em Campinas esteve abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde”.



Com relação às variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas, os pesquisadores apontaram que faixas etárias maiores de 70 anos, escolaridade (até quatro anos de estudos), atividades físicas no lazer, diabetes e falta de atividade ocupacional estiveram associadas positivamente à vacinação. “A adesão à vacinação foi cerca de duas vezes maior entre os idosos que receberam orientação de profissional de saúde sobre o procedimento preventivo”, explicam os pesquisadores.  “A recomendação médica ou de um profissional de saúde é fundamental para ampliar as coberturas vacinais. Além disso, esclarecimentos sobre a circulação de micro-organismos provocando quadros clínicos respiratórios semelhantes à gripe são necessários”.



Segundo os pesquisadores, pode-se observar ainda maior prevalência de vacinação entre homens, principalmente na faixa etária de 70 a 74 anos e, entre mulheres, as prevalências estiveram abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde em todas as faixas etárias. No entanto, a internação hospitalar apresentou associação negativa à imunização. De acordo com os estudiosos, apesar de não ser clara a razão dessa associação negativa, deve-se considerar que parte das hospitalizações devem ter ocorrido devido à pneumonias, complicações comuns dentre os que são acometidos por infecções respiratórias. A internação poderia, assim, ser uma oportunidade de oferta da vacina, bem como de explicação dos benefícios da prevenção.



“Campanhas focadas nos idosos com idades entre 60 e 69 anos e nos portadores de condições crônicas, bem como a orientação profissional de saúde sobre os benefícios da vacinação – considerando-se também a internação como uma oportunidade de oferta da vacina – podem ampliar as coberturas vacinais, na medida em que incluirão grupos específicos que vêm apresentando baixa adesão às campanhas desde que a vacinação foi disponibilizada para toda a população idosa do país”, concluem os pesquisadores.


Publicado em 28/4/2011.

 

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