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21/02/2008

Cresce incidência de câncer no Recife e em São Paulo

Paula Lourenço


Um estudo da Fiocruz de Pernambuco analisou, de forma detalhada, a tendência de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (DAC), por diversos tipos de câncer e diabetes nas cidades de São Paulo e do Recife. O levantamento foi feito por sexo (masculino e feminino), faixa etária (de 20 a 60 anos e mais), subgrupos de doenças e causas específicas. São Paulo foi escolhida por se tratar da cidade de maior expressividade econômica do país e por possuir uma boa fonte de dados. O Recife foi escolhido por se tratar de uma importante capital do Nordeste brasileiro e por ser o local de origem da pesquisadora, facilitando a compilação dos dados.


 O levantamento revelou descréscimo das doenças do aparelho circulatório nas duas cidades

O levantamento revelou descréscimo das doenças do aparelho circulatório nas duas cidades


Nas doenças do aparelho circulatório, observa-se uma tendência decrescente de óbitos, de uma forma geral. No entanto, existe uma tendência crescente de óbito na população feminina do Recife, de 20 a 59 anos, por doenças isquêmicas do coração. O infarto agudo no miocárdio também tem crescido entre as recifenses de 20 a 60 anos ou mais. Em São Paulo, as mulheres são mais acometidas pela hipertensão primária e pela doença cardíaca hipertensiva.


Para os homens mais jovens (de 20 a 39 anos) em São Paulo, a situação está mais complicada, pois existe uma tendência crescente de risco de óbito em todas as doenças do aparelho circulatório. No Recife, a tendência de alta foi para a doença cardíaca hipertensiva, nesta mesma faixa etária. Por outro lado, os recifenses de 40 a 59 anos, estão sendo mais atingidos pelas doenças isquêmicas do coração e pelo infarto agudo do miocárdio, esse último, em São Paulo, acomete os homens com mais de 60 anos.


As neoplasias, por sua vez, mostram-se crescentes na maioria das faixas etárias nas duas capitais estudadas. Entre as mulheres de São Paulo e do Recife, dos 20 aos 60 anos e mais, observa-se uma alta de óbitos por câncer de traquéia, brônquios e pulmões, mama, pâncreas, cólon, fígado e ovários. No entanto, há uma queda de óbitos por câncer do colo do útero. No grupo dos homens, em geral, ocorre o aumento de todos os tipos de câncer, na faixa etária de 20 a 60 anos e mais, com exceção do câncer do estômago, o único com tendência decrescente.


“O câncer de estômago está em decréscimo nas capitais brasileiras. Isso porque, da década de 1950 para cá, houve uma melhor conservação dos alimentos, com a refrigeração, a diminuição do sal e o uso de conservantes. Mas, se por um lado, os conservantes mantiveram os alimentos em melhor estado, por outro, estão gerando outros tipos de câncer”, esclarece Eduarda Cesse, autora da pesquisa.


No caso do diabetes, a análise estratificada por sexo de faixa etária revela que a mortalidade decresce em geral, nas faixas etárias mais baixas e sobe nas mais avançadas, em ambos os sexos, no Recife e em São Paulo, conforme aponta a tese de doutorado Epidemiologia e determinantes sociais das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil.

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