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26/05/2011

Curso capacita laboratórios públicos para diagnóstico da bactéria produtora de KPC

Cristiane Albuquerque


Em 2010, os casos de pacientes afetados por bactérias hospitalares de alta resistência a antibióticos – como a bactéria produtora de KPC – trouxeram um grande desafio à saúde pública. Preocupado com esta questão, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que é Centro Colaborador da Rede de Resistência Antimicrobianos do Ministério da Saúde, realiza uma capacitação para laboratórios centrais de saúde pública (Lacens) de dez estados na realização de diagnóstico da bactéria produtora de KPC e outras bactérias. A iniciativa é do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, em parceria com a Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) do Ministério da Saúde.


 Profissionais dos laboratórios centrais de dez estados participaram da capacitação (Foto: Gutemberg Brito)

Profissionais dos laboratórios centrais de dez estados participaram da capacitação (Foto: Gutemberg Brito)


Chefe do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, a bacteriologista Marise Dutra, falou sobre a importância da capacitação. “A bactéria produtora de carbapenemase, que ficou popularmente conhecida como KPC, tem sido identificada em vários estados. O surto começou de forma epidêmica em 2010 e vem permanecendo em 2011. Todas as amostras isoladas no Brasil são encaminhadas para o laboratório para confirmação diagnóstica. Com vistas a melhorar o diagnóstico e a detecção de resistência para estas bactérias, o treinamento visa capacitar os laboratórios de saúde pública estaduais para realizar o diagnóstico rápido, a fim de promover o controle de surtos no seu próprio estado e dentro dos hospitais”, explica. A especialista explica que a realização do diagnóstico no laboratório do próprio hospital é estratégico para que, com a análise local das amostras, o isolamento dos pacientes infectados pela bactéria sejam imediatamente realizado.


Cerca de 12 participantes de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Pernambuco, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás participam da iniciativa. O curso, intitulado Capacitação nas técnicas moleculares de PCR e PFGE para detecção de genes de resistência e tipagem molecular de gram negativos na importância médica, aborda a resistência a antimicrobianos de bactérias de gram negativos, com destaque para Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae Acinetobacter Baumannii, que são as mais frequentes no Brasil.


Bactérias colocam desafio


Detectada pela primeira vez nos Estados Unidos no ano de 2000, a bactéria Klebsiella pneumoniae, produtora de carbapenemase (KPC) tornou-se motivo de preocupação para os brasileiros no ano de 2010. Infecções hospitalares causadas pelo micro-organismo – fruto de uma mutação genética que o torna resistente para a maioria dos antibióticos – foram registradas em diversos estados.  


Além de estar presente no intestino humano, a Klebsiella pneumoniae está também no ambiente em geral e no ambiente hospitalar. Ela é uma importante causadora de infecção hospitalar e possui capacidade de trocar informação genética com outras bactérias. No passar dos anos, surgem novos mecanismos de resistência a antimicrobianos. Um deles é a enzima produtora de carbapenemase, substância que degrada a maioria dos antibióticos utilizados no tratamento das infecções hospitalares.


No curso, as microbiologistas do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC Ana Paula Assef e Viviane Zahner apresentaram aos participantes uma visão geral sobre a atual situação do surto de KPC no país e esclareceram as diferenças entre os métodos de PCR e PFGE. “A técnica de PCR é usada para detecção de um gene. No caso da carbapenemase,  fazemos a PCR para detecção do gene da KPC. Já o PFGE é uma metodologia de tipagem molecular que permite o rastreamento da tipagem molecular. Com isso, é possível verificar se cada paciente adquiriu a bactéria separadamente ou se receberam uma mesma bactéria de um mesmo local”, explica Ana Paula. “A técnica de PFGE permite a caracterização e comparação molecular entre as cepas, tornando possível verificar se os responsáveis pelo surto são do mesmo clone ou são de clones diferentes”, completa Viviane.


Publicado em 20/5/2011.

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