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05/12/2011

Curso capacita moradores de áreas socialmente marginalizadas

Vinicius Ferreira


Falar de saúde em áreas de alta vulnerabilidade social é o desafio do curso saúde comunitária: uma construção de todos, oferecido gratuitamente pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Mais de 50 alunos, todos provenientes de áreas de risco social no entorno do campus da Fiocruz, em Manguinhos, foram formados pela iniciativa. O objetivo é capacitar moradores de áreas socialmente marginalizadas em diversos temas, como habitação, nutrição, água, lixo, assuntos relacionados à dengue, pediculose (piolho), escabiose (sarna), HIV e doenças sexualmente transmissíveis. Neste sábado (3/12), outros 85 alunos, que participam da edição do curso direcionado às comunidades do entorno do campus da Fiocruz Mata Atlântica (Jacarepaguá), também serão formados pelo projeto.


 Além da formação de futuros agentes de promoção da saúde, a iniciativa também funciona como um pólo provedor de multiplicadores, capazes de levar o conhecimento adquirido nas oficinas aos demais moradores de suas respectivas regiões (Foto: Gutemberg Brito)

Além da formação de futuros agentes de promoção da saúde, a iniciativa também funciona como um pólo provedor de multiplicadores, capazes de levar o conhecimento adquirido nas oficinas aos demais moradores de suas respectivas regiões (Foto: Gutemberg Brito)


Os depoimentos dos alunos deixam evidente o impacto do curso em suas trajetórias. Para a representante eleita da turma de 2011, Geralda da Paz Almeida, dona de casa de 50 anos e moradora de Manguinhos, o tema do tratamento ao lixo foi o mais inquietante: como fazer para se livrar desse problema que aflige as comunidades e acarreta diversos problemas à saúde. “Desenvolver trabalhos sobre o lixo, aprender a dar um fim específico aos resíduos, poder levar higiene e conscientização àqueles que fazem parte do meu território, foi, sem dúvida, o que mais mexeu comigo e é nessa área que pretendo seguir”, afirmou emocionada.


Já para o jovem fotógrafo de 22 anos, Renato Rosa de Oliveira Costa, também morador da comunidade de Manguinhos, o curso de Saúde Comunitária foi responsável por despertar o voluntarismo. “Ajudar o próximo, onde quer que ele esteja, é importante para o nosso crescimento como ser humano”, afirmou Renato, mencionando, ainda, o desejo de aliar a habilidade em fotografia à ação em saúde.


Solenidade



Estiveram presentes na cerimônia de formatura da segunda edição do curso o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel Fernandes, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Helene Barbosa, o coordenador do curso, Antonio Henrique de Almeida de Moraes Neto, o representante da Coordenadoria Social da Presidência da Fiocruz, José Leonídio, e a representante do Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde Pública (PDTS-Teias), Mayalu Matos.


“A questão da saúde precisa ser priorizada e o curso é um exemplo de iniciativa bem sucedida a ser copiada por outros órgãos”, enfatizou Valcler Rangel. Para a diretora do IOC, a fusão de ideias e as ações desenvolvidas no projeto foram os pontos-chave a serem destacados. “Compartilhar o saber é o objetivo do IOC em seus mais de 100 anos de ensino, e a segunda edição do saúde comunitária reitera essa questão. As comunidades envolvidas só têm a ganhar com os novos agentes formados hoje”, declarou Tania.


Além da formação de futuros agentes de promoção da saúde, a iniciativa também funciona como um pólo provedor de multiplicadores, capazes de levar o conhecimento adquirido nas oficinas aos demais moradores de suas respectivas regiões. “Os alunos de hoje poderão, até mesmo, atuar nas próximas edições do curso”, completou a vice-diretora de ensino do IOC.


A iniciativa é um exemplo de como uma instituição consegue ultrapassar as barreiras sociais e abrir diálogo com a população. De acordo com o coordenador do projeto, “o trabalho em prol dos determinantes sociais da saúde é fundamental para o desenvolvimento da população, principalmente em áreas menos favorecidas”.


Novidades


Neste ano o curso contou com noções básicas de fotografia e informática, o que possibilitou um avanço no aprendizado dos temas abordados. Cerca de 15 alunos participaram da ação em fotografia, com aulas ministradas por Genilton Vieira, do Setor de Produção de Imagens do IOC. Já a Informática foi oferecida em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). “O tripé aula-fotografia-informática se tornou fundamental na formação dos alunos, sendo um facilitador da participação social e da promoção da saúde nos territórios”, sintetizou Antonio Henrique.


Publicado em 2/12/2011.

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