Início do conteúdo

16/05/2007

Da brincadeira à profissão

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Ela acabou de concluir o bacharelado em genética na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), prepara-se para a prova de ingresso no mestrado em biologia celular e molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e já faz planos até para o doutorado. Esta é Mariana Acquarone, 23 anos, ex-aluna do Provoc que já recebeu três títulos pelo trabalho que desenvolve – ela faz a caracterização do parasito causador da toxoplasmose e investiga como ele interage com as células do cérebros. Seu projeto de iniciação científica ganhou destaque em 2005 e 2006 na Reunião Anual de Iniciação Científica da Fiocruz e em 2006 também no Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular.


 Mariana Acquarone e a orientadora Helene Santos Barbosa (Foto: Ana Limp)

Mariana Acquarone e a orientadora Helene Santos Barbosa (Foto: Ana Limp)


Mariana estudou no Colégio Bennett do maternal ao ensino médio. Na 8ª série, ajudava a professora durante as aulas práticas no laboratório da escola e gostava tanto de ciências que, no primeiro ano do ensino médio, candidatou-se a uma vaga no Provoc. Dos tempos do Provoc, Mariana só tem boas lembranças. “A professora do Bennett que me apresentou ao programa sempre dizia que a hora do almoço também fazia parte do processo de aprendizado. E ela tinha toda a razão. Durante o almoço, acontecia aquela interação com os outros alunos do Provoc. Para mim, que estudei na mesma escola a vida toda, era uma grande oportunidade de conhecer gente diferente”, lembra a jovem, que, naquela época, fez amizades que rendem até hoje.


Mariana fez todo o Provoc no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz. Na iniciação, teve contato com a microbiologia, mais especificamente com a análise da contaminação por bactérias em vacinas e medicamentos. “Eu já trabalhava na bancada do laboratório”, orgulha-se. “Um técnico fazia a análise para valer e, depois, me dava a mesma amostra para analisar e ver se eu chegava ao mesmo resultado”, conta. É claro que Mariana só mexia com amostras que não ofereciam perigo. Afinal, ela ainda era apenas uma adolescente descobrindo a profissão de cientista. “Era como uma brincadeira de desvendar o que havia nas amostras. Comecei vindo uma vez por semana, mas, nas férias, eu estava aqui todos os dias. Era uma diversão vir à Fiocruz”.


No estágio avançado do Provoc, Mariana migrou para a área de química. O desafio passou a ser a quantificação de agrotóxicos em frutas e leite. “Também adorei o avançado. Aprendi à beça a parte experimental, mas descobri que o meu negócio não era a química, mas sim a biologia”, comenta. Em véspera de prova de biologia, todos os colegas do Bennett queriam estudar com Mariana, que acabou prestando vestibular para essa carreira.


A jovem foi estudar na UFRJ, mas não se afastou da Fiocruz. No primeiro período da faculdade, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), ingressou no Departamento de Ultraestrutura e Biologia Celular do IOC. Durante os quatro anos de graduação em biologia, Mariana fez iniciação científica no Laboratório de Biologia Estrutural, sob orientação da pesquisadora Helene Santos Barbosa, que apóia a jovem em sua decisão de seguir a carreira de cientista. Mariana está tão certa dessa escolha que já começou o curso de alemão – é que ela planeja fazer o doutorado na Alemanha.

Voltar ao topo Voltar