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15/04/2020

Dia Mundial da Doença de Chagas: Portal de Periódicos seleciona artigos sobre a doença

Flávia Lobato (Portal de Periódicos Fiocruz)


Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, um cientista brasileiro, marca novamente a história da saúde mundial. Em 14 de abril de 2020, pela primeira vez celebra-se o Dia Mundial da Doença de Chagas. A decisão foi tomada, em maio do ano passado, durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, quando a descoberta da enfermidade já completava 110 anos. A data foi escolhida lembrando o dia em que Carlos Chagas identificou, pela primeira vez, o parasito Trypanosoma cruzi, causador da infecção, na paciente Berenice Soares. Publicada na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, em 1909, a descrição do ciclo da doença de Chagas foi um dos feitos mais emblemáticos da ciência brasileira. Além de caracterizar o agente causador da infecção, o pesquisador descreveu o conjunto de sintomas na menina de 2 anos, que morava na cidade de Lassance (MG), e também identificou o inseto transmissor: o triatomíneo - popularmente conhecido como barbeiro.

Em comemoração ao dia 14 de abril, o Portal de Periódicos Fiocruz traz 14 conteúdos relacionados à doença de Chagas, publicados nas revistas científicas editadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O material contempla uma diversidade de aspectos relativos à enfermidade, chamada pelo próprio cientista de a “doença do Brasil”. Para ele, além da importância epidemiológica, a enfermidade retratava os males do Brasil rural, marcado pelas más condições de vida e de saúde e pelo abandono por parte do poder público.

O cuidado com o paciente foi um dos pontos destacados por Rodrigo Correa, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, ao celebrar o protagonismo da Fiocruz. Nos anos 1990, ele foi um dos fundadores (e primeiro coordenador) do Programa de Pesquisa Translacional em Doença de Chagas (Fio-Chagas). “Precisamos monitorar casos em regiões remotas. É fundamental recordar e alertar que a doença de Chagas não acabou e continua fazendo vítimas. A doença permanece entre nós. E as novas áreas de transmissão afetam, sobretudo, as populações mais pobres”.

Correa disse, ainda, que a Fiocruz mantém um olhar para o todo: o diagnóstico, o vetor, o paciente, os medicamentos, a pesquisa, o tratamento. “O Fio-Chagas reúne pesquisadores e grupos de pesquisa que lidam com a doença. É uma rede nacional e muito atuante, que abrange cientistas do Rio e de unidades regionais da Fiocruz. Pode-se dizer que é uma rede única no mundo”, comentou, referindo-se às características singulares da Fundação e ao papel que a instituição desempenha nos estudos da doença.

Doença de Chagas afeta cerca de 7 milhões de pessoas no mundo

A doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, é causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi (T. cruzi). Está presente em 21 países da América Latina, afetando cerca de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo e entre 2 a 3 milhões no Brasil. É transmitida principalmente aos seres humanos por contato com fezes ou urina de insetos triatomíneos (transmitidos por vetores). Sem tratamento, a doença de Chagas pode levar a graves alterações cardíacas e digestivas e se tornar fatal.

Tem sido denominada “doença silenciosa e silenciada”, não apenas por seu curso clínico lento e freqüentemente assintomático, mas também porque afeta principalmente pessoas pobres que não têm voz política ou acesso a serviços de saúde. Em seus estudos, Chagas assinalava que esta era a “doença do Brasil”, não apenas por sua importância epidemiológica, mas sobretudo porque representava os males do Brasil rural, marcado pelas más condições de vida e de saúde e pelo abandono por parte do poder público.

As autoridades sanitárias têm buscado promover maior conscientização sobre essa doença tropical negligenciada, frequentemente diagnosticada em seus estágios finais, a fim de melhorar as taxas de tratamento e cura precoces, e interromper sua transmissão. Isso inclui intervenções econômicas e baseadas em evidências, tais como triagem (sangue, órgãos e de recém-nascidos e crianças), detecção precoce de casos, tratamento imediato dos casos, controle de vetores, higiene e segurança alimentar.

Nas últimas décadas, a enfermidade vem sendo cada vez mais detectado nos Estados Unidos da América e no Canadá e em muitos países europeus e em alguns países do Pacífico Ocidental, o que reforça a importância de constar como uma campanha de saúde em nível global.

O Portal de Periódicos Fiocruz selecionou artigos, edições especiais e outros conteúdos científicos sobre a doença de Chagas. Acesse aqui

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