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15/01/2008

Dirigente afirma que produção de vacina será duplicada e que não vai faltar o imunizante

Edilene Lopes


Em entrevista concedida nesta terça-feira (15/1), o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz, Akira Homma, disse que a Fundação está preparada para atender ao pedido do Ministério de Saúde, que solicitou que a produção da vacina contra a febre amarela seja dobrada. "Não vai faltar vacina", garante Homma.


 Homma: temos capacidade de aumentar a produção sem a necessidade de qualquer recurso adicional

Homma: temos capacidade de aumentar a produção sem a necessidade de qualquer recurso adicional


Quantas doses estão sendo destinadas a cada estado?

Homma:
A distribuição é feita pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (MS), que encaminha as doses para as secretarias estaduais de Saúde.


A Fiocruz tem capacidade para atender a esta demanda maior?

Homma:
Sim. Não vai faltar vacina.


Quanto tempo demora para a matéria-prima virar produto e chegar ao MS e de lá ser enviada para os postos de saúde?

Homma:
A partir do momento em que se inicia a produção da vacina levamos cerca de cinco meses para obter o produto final. A produção da vacina se dá em três grandes etapas: a primeira etapa é a produção da matéria-prima, que leva de dois meses e meio a três meses. A segunda etapa é a formulação e liofilização da vacina e a terceira são as atividades de garantia e controle de qualidade. A segunda e terceira atividades levam cerca de 30 dias. O Instituto tem matéria-prima - concentrado viral - estocada para a produção do produto final de pelo menos 30 milhões de doses. No momento, concentramos os esforços na segunda e terceira etapas para atender a demanda  incremental do Ministério da Saúde.


Qual o valor da dose da vacina para o mercado nacional?

Homma:
R$ 0,876.


O Ministério da Saúde destinou mais verbas orçamentárias para Biomanguinhos para a produção, já que dobrou? Se não, o próprio Instituto tem capacidade de custear este aumento?

Homma:
O Instituto tem capacidade de aumentar a produção, sem a necessidade de qualquer recurso adicional. Os recursos relativos ao custeio deverão ser transferidos pelo Ministério da Saúde para o Instituto à medida que ocorrerem as entregas de vacinas.


Qual a capacidade total de produção do Instituto? Com a reprogramação da linha de vacinas, podem faltar outras vacinas liofilizadas?

Homma:
O Instituto tem capacidade instalada para produzir até 100 milhões de doses em forma de concentrado viral. Como produto final, isto é, vacina liofilizada em frasco-ampola, em apresentação de cinco doses, o Instituto tem capacidade para produzir cerca de 40 milhões de doses. A apresentação de cinco doses é preferida pelo Ministério da Saúde, por proporcionar menor desperdício da vacina no campo. Temos ainda a possibilidade de produzir em apresentação de 50 doses, o que aumentaria a capacidade de produção em pelo menos cinco vezes, mas, o desperdício da vacina no campo seria muito grande.


Com o aumento da demanda e algumas pessoas se vacinando sem necessidade, isso pode gerar um ciclo vicioso e vir a faltar vacinas?

Homma:
A corrida desenfreada por vacinação aumentou significativamente, em um curto período de tempo, a demanda por esta vacina para pessoas que não têm necessidade. Este fato pode, sim, prejudicar aqueles que necessitam da vacina, pois existe um limite físico da nossa capacidade de produção. Para evitar esta situação, é muito importante que a população em geral seja esclarecida de forma adequada e somente aqueles que tem indicação para vacinação sejam vacinadas. A vacinação é obrigatória nas regiões endêmicas e para as pessoas que tenham que ir à área endêmica. Como não existe nenhum risco de epidemia da febre amarela urbana em função da baixa densidade da infestação do vetor urbano Aedes aegypti, o vetor urbano da febre amarela (o mesmo da dengue), não é indicado que toda população urbana seja vacinada. Por outro lado, é também importante esclarecer para a população que existem contra-indicações para o uso da vacina: pessoas alérgicas ao ovo e seus derivados; com doença febril aguda; com comprometimento do estado geral da saúde; imunodeprimidas por doença ou por medicamentos e crianças menores de 6 meses. 


O aumento da demanda interna vai reduzir a exportação? Isso pode prejudicar os acordos já firmados com outras instituições? A vacina continua a ser exportada, mesmo faltando em postos de saúde?

Homma:
Desde o final do ano passado as exportações da vacina foram suspensas, de forma a atender melhor as necessidades internas. Os organismos com quem o Instituto tem compromissos de fornecer esta vacina foram informados e, de forma geral, houve um entendimento e compreensão da situação que esperamos que brevemente seja normalizado.


Será necessário ter mais funcionários trabalhando para atender a demanda?

Homma:
Houve a necessidade de dobrar os turnos de trabalho para permitir o cumprimento das etapas de controle de qualidade, rotulagem, empacotamento etc.


Em 2007 o Brasil exportou 15.527.350 doses do imunizante para diversos países. Quais foram esses países?

Homma:
São os seguintes: Bolívia, Trinidad e Tobago, Santa Lúcia, El Salvador, Uruguai, Argentina, Jamaica, Panamá, Antilhas Holandesas, Honduras, Cuba, Barbados, Guatemala, Peru, Paraguai, Guiana, São Vicente, República Dominicana, Saint Kitt, Anguilla, Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Bermudas, Mali, Guiné, Gana, República Democrática do Congo, Ruanda, Paquistão, São Tomé e Príncipe, Togo, Costa do Marfim, Coréia do Sul, Índia e Filipinas.



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